Seus filhos e os ídolos deles

O que fazer quando eles idolatram pessoas? Confira na reportagem especial

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A atriz Naya Rivera permaneceu desaparecida entre os dias 8 e 13 de julho, quando a polícia americana encontrou seu corpo em um lago. No dia seguinte foi declarado que a morte de Rivera foi causada por afogamento acidental.

Antes que a atriz fosse encontrada, porém, uma multidão de internautas atacou outra atriz, Lea Michele. De acordo com os fãs ardorosos de Rivera, a atriz desaparecida teria sido assassinada ou sequestrada por Michele. Mesmo que Michele esteja grávida e vivendo em outra cidade. Os ataques foram tantos que Michele precisou se afastar de suas redes sociais.

Além de a culparem pelo desaparecimento de Rivera, muitos também a culparam pela morte por overdose de álcool e heroína do ator Cory Monteith, acontecida em 2013. Na época, Michele e Monteith eram namorados e a atriz entrou em depressão pelo ocorrido.

Enquanto Michele estava afastada da internet para preservar a si mesma e ao seu bebê, outras milhares de pessoas “compraram a briga”. Passaram a atacar os fãs de Rivera e Monteith e chegaram a enviar mensagens de ódio até para familiares dos falecidos.

Tanto afinco na defesa de cada um de seus ídolos se deve, principalmente, ao trabalho de maior destaque dos três atores: a série Glee (2009-2015). Amada por adolescentes, a série foi premiada e elevou ao status de ídolo seus atores.

Desde então, milhões de jovens idolatram esses atores, sem enxergar que, fora das telas, os astros têm a vida tão destruída quanto muitas outras pessoas.

A ficção e a vida real

Em Glee, Rivera, Michele e Monteith e os outros atores venceram todos os obstáculos impostos e viveram felizes para sempre. Na vida real, isso não aconteceu.

Rivera chegou a ser detida por violência doméstica, após agredir seu esposo na frente do filho.

naya riveraMichele confessou a dependência química e a depressão na época em que seu, então, namorado Monteith morreu por overdose. Recentemente, ela foi acusada de racismo por outra atriz de Glee, Samantha Marie Ware, que foi prejudicada em sua carreira por Michele.

Além dos quatro citados, outros atores da série também são idolatrados, mesmo quando as verdades sobre suas vidas aparecem:

– Melissa Benoist sofreu violência doméstica do também ator de Glee, Blake Jenner;

– Mark Salling foi condenado por pornografia infantil após confessar o crime. Ao ser liberto da prisão, cometeu suicídio. Antes de tudo isso, havia sido acusado pela ex-namorada de estupro sem preservativo.

Nada disso importava para os fãs, que os defendem acima de tudo e contra todos, compram milhões de produtos licenciados e lotavam shows em estádios para gritar histericamente por seus ídolos.

Infelizmente, a idolatria por Glee não é a única existente.

Alguém é perfeito?

A internet se tornou campo fértil para pessoas defenderem seus ídolos a todo custo. Mas, mesmo fora da “vida online”, é comum ver fãs discutindo agressivamente por quem adoram, dormindo semanas em filas na frente de estádios para ver shows etc.

Os ídolos estão nos lugares mais diversos: música, esporte, cinema e até política. E os artistas com apelo infanto-juvenil, como os de Glee, são os que mais despertam a idolatria. Basta ver como os fãs de Anitta reagiram à briga dela com o jornalista Leo Dias, por exemplo.

naya riveraO que poucos percebem, é o quão problemática é a vida de seus ídolos. A própria Anitta já foi acusada de prostituição e racismo.

Ídolos da música POP sul-coreana, o K-POP, estão frequentemente nas manchetes por serem depressivos, se envolverem em prostituição e até por suicídio. A adorada Miley Cyrus também se envolveu em muitas polêmicas.

Olhando de perto, nenhum ser humano é perfeito. E é por isso que a Bíblia condena a idolatria.

O que a Palavra de Deus diz

O Bispo Renato Cardoso, em reunião realizada no Templo de Salomão, explicou o que a Bíblia diz sobre idolatria.

“Se você é cristão, você não pode ser idólatra”, contou. “Os chamados deuses desse mundo são frutos da imaginação humana. Não existe outro Deus, só existe um Deus, o Único e Senhor. Por isso, Ele não aceita que o cristão seja idólatra”.

De acordo com o Bispo, “ídolo é alguém que você coloca num pedestal, é algo ou alguém a quem vai sua admiração, o seu respeito, a sua força, os seus recursos, a sua atenção. E isso abre o leque para que praticamente qualquer coisa ou pessoa se torne um ídolo”.

Porém, apesar dessa facilidade em se tornar ídolo, ninguém é digno de tal honraria.

“Por Deus ser Único, só Ele é digno de ser adorado. Ninguém mais é digno, porque tudo e todos foram criados por Ele. Eu não posso adorar outro ser humano, porque ele é ser humano como eu. Ninguém merece ser adorado, a não ser alguém maior do que o ser humano. E quem é maior do que o ser humano? Só Deus. Ele é o Único”, afirmou o Bispo.

Por que os jovens são tão influenciáveis

A psicóloga e coordenadora da “Escola de Mães” Neia Dutra explica que a adolescência é uma “fase importante no processo de consolidação da identidade pessoal, psicossocial e sexual”. Nessa idade, os jovens buscam pessoas a quem admirar, afastando-se dos exemplos familiares que tinham quando crianças.

“Com a evolução da internet e a possibilidade de se obter rápidas informações, é comum que os jovens admirem aqueles que tenham mais popularidade como youtubers, blogueiros, cantores e artistas em geral, que estão em evidência”, explica ela. “Esses famosos conseguem acesso fácil aos adolescentes por meio das redes sociais. Falam de conteúdos que os interessam e assim, cativam sua atenção”.

Embora seja natural que os jovens busquem esses exemplos externos, os pais devem estar sempre atentos.

“Hoje, com a internet, as influências podem ser de pessoas diferentes e totalmente distantes dos valores familiares dos jovens. Por essa razão, os pais devem fazer papel de orientadores e mediadores entre seus filhos e a pessoa admirada”, explica Dutra.

Como os pais podem fazer isso

O papel de orientação dos pais não deve ser apenas crítico e punitivo, explica Dutra. Ao contrário: ele deve ser conciliativo e pesar situações diferentes.

Por exemplo: há diferença entre o filho querer ouvir música em determinado volume ou querer fazer uma tatuagem. Criticar todas as decisões do filho da mesma maneira, em vez de orientá-lo, vai afastá-lo. Dará a impressão de que os pais “implicam com tudo”.

“Uma coisa é gostar, admirar e respeitar; outra bastante diferente é ‘endeusar’, idolatrar”, explica a educadora. “Os pais devem estar atentos para perceber quando a tietagem dos filhos por alguém ou alguma coisa está ultrapassando os limites da normalidade e se tornando idolatria”.

Para isso, há alguns sinais que podem ser notados:

– O único assunto do jovem é aquele artista;

– Uma apresentação dessa pessoa – virtual ou em lugar físico – se torna “o maior acontecimento da vida do jovem”;

– O jovem afasta pessoas que não compartilham da mesma paixão;

naya rivera– Ordens dos pais são desrespeitadas, compromissos são ignorados, estudos são prejudicados, mentiras são criadas para que o jovem alimente a idolatria;

– O jovem magoa pessoas em defesa do artista amado.

“Os pais precisam compreender que, quando um pré-adolescente admira um artista, ele está buscando uma forma de se identificar e acredita que aquela pessoa é o que ele gostaria de ser. Isso acontece porque esse jovem ainda não tem sua própria identidade formada”, orienta Dutra. “Procure estar mais perto de seus filhos pré-adolescentes e adolescentes, ouvindo suas queixas, conhecendo seus gostos e interesses. Essa também é uma forma de conhecê-los melhor para saber como lidar com os conflitos inerentes à fase, mas que são passageiros”.

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Colaborador

Andre Batista / Imagens: Reprodução internet