Trauma na infância pode gerar transtorno mental na adolescência

É o que mostra uma pesquisa da Universidade de São Paulo. Veja detalhes

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Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Bath, no Reino Unido, mostrou que um terço dos diagnósticos de transtornos mentais em adolescentes está associado a trauma na infância. Os resultados foram publicados em fevereiro no The Lancet Global Health.

Como a pesquisa aconteceu:

– Pesquisadores analisaram como traumas cumulativos ao longo dos anos afetaram os 4.229 adolescentes integrantes da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004 (pesquisa que acompanha um grande grupo de pessoas da cidade do Rio Grande do Sul desde o nascimento).

– Os especialistas observaram os efeitos aos 15 e 18 anos à exposição a vários traumas, como acidente grave, desastres naturais, ataque ou ameaça, abuso físico ou sexual, violência doméstica e morte dos pais.

O resultado:

– Aos 18 anos, essas experiências foram responsáveis por 30,6% dos transtornos psiquiátricos (ansiedade, alterações de humor, déficit de atenção e hiperatividade, transtornos de conduta e de oposição) nessa faixa etária.

– A pediatra e professora Alicia Matijasevich é uma das autoras do estudo e diz que “um dos fatores que motivou a pesquisa é o fato de a adolescência ser um período crítico para o desenvolvimento da saúde mental do indivíduo, quando muitos transtornos psiquiátricos emergem ou se agravam.”

– Além disso, exposição a traumas na infância pode afetar e modificar o funcionamento de estruturas cerebrais envolvidas na regulação do humor, na memória, na cognição, no planejamento e controle dos impulsos.

História de vida:

Carlessandra Barbosa pode constatar esse fenômeno em sua vida. Ainda na infância viveu a separação dos pais e o abuso sexual depois que a mãe se casou novamente. “Meu padrasto sempre cuidou de mim, era amoroso, mas um dos filhos dele abusou de mim quando eu tinha sete anos. Alguns anos depois o outro filho dele também me estuprou. Isso me deixou com muito ódio, mágoa e piorou o complexo de inferioridade, que ja existia desde a separação dos meus pais”, conta.

O vazio já havia se instalado em sua alma. Para fugir dos abusos, namorou e casou muito cedo, mas isso não foi sinônimo de felicidade. Na verdade, ela sofreu tanto quanto a mãe, repetindo seus erros.

Veja no vídeo abaixo como sua história teve uma reviravolta:

Busque ajuda:

A saúde mental merece atenção diária. Se você ou alguém que você ama está sofrendo com depressão, pensamentos ou tentativas de suicídio, conte com o auxílio do Depressão tem Cura (DTC) que é totalmente gratuito. Caso você precise desabafar, marcar um atendimento ou uma visita em sua casa, envie uma mensagem para o WhatsApp: (11) 3573-3662.

Além disso, acesse as redes sociais oficiais do grupo para ver ações e eventos realizados: Facebook, Instagram e YouTube.

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Colaborador

Rafaella Rizzo / Foto: iStock