Smartphones destroem a capacidade de concentração das crianças

O que os professores podem fazer para contornar o problema?

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Os smartphones estão destruindo a capacidade de concentração dos jovens. Isso é o que aponta o livro “Raising Generation Tech” (“Criando a Geração Tecnologia”, em tradução livre), escrito pelo psicólogo Jim Taylor.

De acordo com o especialista, pessoas da Geração Z (que hoje têm entre 10 e 24 anos de idade) e da Geração Alfa (que hoje têm entre 0 e 9 anos de idade) se distraem muito facilmente. Isso porque, com o uso cada vez maior dos smartphones, estão treinadas para clicar, digitar e deslizar a cada momento. Quando estão praticando uma atividade que exige mais foco, não apresentam poder de concentração suficiente.

“Há evidências claras de que a tecnologia, as mídias sociais, o acesso imediato à internet e os smartphones prejudicam a capacidade das crianças de se concentrar”, afirmou Taylor à BBC dos Estados Unidos. “Estamos fundamentalmente mudando a maneira como as crianças pensam e o modo como seus cérebros se desenvolvem”.

Grandes prejuízos

A dificuldade em prestar atenção, além de trazer os prejuízos evidentes, como impossibilidade de ler e interpretar um texto, também traz outros grandes prejuízos. Veja o que disse Jim Taylor:

“Sem a capacidade de prestar atenção em algo, as crianças não conseguirão processar informações. Eles não poderão consolidá-las na memória, o que significa que não poderão interpretar, analisar, sintetizar, criticar e chegar a uma decisão sobre a informação”.

Se, no passado, crianças e jovens conseguiam se concentrar em um texto longo para extrair informações, hoje em dia pessoas dessa mesma faixa etária deixam-se perder em pensamentos aleatórios, distraem-se por tudo o que acontece ao redor e, quando nada disso acontece, pedem para os professores fazerem pausas na leitura. Muitos chegam a desistir de ler, só porque o texto é mais longo do que o que estão acostumados a ler em redes sociais, por exemplo.

Isso traz como consequências a perda da oportunidade de adquirir conhecimentos em geral, além da perda das capacidades de raciocínio e argumentação e o empobrecimento do vocabulário.

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Adaptação necessária

A agência de notícias oficial do Brasil divulgou, recentemente, que o número de jovens utilizando smartphones cresce a cada dia. Atualmente, pelo menos 80% da população entre nove e 17 anos de idade usam a rede diariamente.

Isso significa que 23,7 milhões das pessoas nesta faixa etária têm acesso diário à internet, enquanto apenas 5,9 milhões não têm. É uma geração totalmente adaptada à tecnologia, em que as crianças, para se interessarem, precisam de estímulos diferentes do que as crianças da geração passada precisavam.

A professora Ana Paula da Silva, que leciona para o Ensino Fundamental 1 em escolas públicas do estado de São Paulo, explica que um dos novos desafios dos professores é levar a tecnologia para a sala de aula, pois isso estimula a participação das crianças nas atividades.

“Já foi comprovado que a tecnologia ajuda muito na aprendizagem da criança”, afirma ela. “Então, a gente tem que acompanhar. A escola tem que acompanhar”.

– Leia também: Filhos e tecnologia – O que fazer?

Com suas turmas, Ana Paula procura integrar as aulas de informática com o conteúdo passado em sala de aula. Assim, são utilizados vídeos, editores de texto e até mesmo programas que ajudam a montar histórias em quadrinhos.

“Eu também uso bastante o Google. Na frente deles, para eles verem”, conta a professora. “Se há dúvida sobre alguma palavra, alguma pergunta, quando eles querem uma imagem, quando eu proponho alguma questão que exige pesquisa. Por exemplo: trabalhando sobre a ‘Mata Atlântica’, vamos usar o Google Maps para localizar a área da Mata. Depois, vamos pesquisar também os animais. Então, a gente trabalha bastante com pesquisa”.

Conforme Ana Paula conta, até mesmo provas enviadas pela Secretaria de Educação têm sido realizadas em computadores. Dessa forma, o problema de manter as crianças estimuladas é contornado.

“Manter a atenção das crianças hoje é bem difícil, bem complicado. Pois elas têm essa dificuldade de se concentrar, é difícil. A gente tem que ficar o tempo todo chamando, reforçando”, explica ela. “Por isso, mesmo quando o conteúdo é mais curto, a gente apresenta de uma forma lúdica. E utilizamos a tecnologia para mantê-las envolvidas com as atividades”.

Dessa maneira, elas absorvem mais conteúdo e desenvolvem controle sobre o uso da tecnologia, inclusive dos smartphones. Em suma, a internet pode ser prejudicial ou benéfica. E, a princípio, é função dos pais e educadores ajudar as crianças a aproveitarem o melhor da tecnologia, sem se prejudicarem.

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Colaborador

Andre Batista / Imagem: iStock