Você acredita em tudo que lê?

As fake news estão por todo lado, inclusive, em grandes veículos de informação. Entenda melhor

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O jornalismo é fundamental para o desenvolvimento da sociedade. Ele é o responsável por manter a população informada. Diariamente acontecem milhares de fatos que impactam a vida das pessoas. Por isso, a todo tempo há um jornalista de plantão, pronto para contar uma notícia.

Esse trabalho, consequentemente, exige confiança da população e, acima de tudo, honestidade e profissionalismo na pessoa que se dispõe a fazer da notícia a sua fonte de renda.

Uma pesquisa feita no ano passado pelo Ibope apontou que 66% dos brasileiros consideram portais de notícias as fontes mais seguras para informação. Isso quer dizer que eles têm depositado sua confiança em jornalistas que dedicam seu tempo para informar.

Ninguém imaginava

Contudo, recentemente, o jornalismo alemão passou por uma crise. Isso porque, um de seus mais prestigiados jornalistas, Claas Relotius, de 33 anos, (foto ao lado) teve sua carreira desmascarada. Juan Moreno, um jornalista freelancer (profissional autônomo), achava as matérias publicadas por Claas “perfeitas demais para serem verídicas” e sempre desconfiou que algo estava errado.

Após tentativas de denúncias, sem sucesso, Moreno teve a oportunidade de trabalhar com Claas e percebeu inconsistências em seu texto. Havia mais informações do que realmente o ocorrido na pauta. Moreno, por sua vez, decidiu que começaria uma busca incansável pela verdade.

Para sua surpresa, descobriu que o Relotius ganhou quatro vezes o prêmio alemão de jornalismo e foi eleito jornalista do ano, pela CNN, escrevendo mais de 60 reportagens com personagens e/ou histórias falsas. A Der Spiegel, revista em que ambos trabalhavam, lamentou o ocorrido.

“Como editores da Der Spiegel, temos que reconhecer que falhamos de forma considerável. Relotius conseguiu burlar e anular todos os mecanismos de garantia da qualidade da empresa (…). Às vezes, os protagonistas de suas matérias existiam, mas em outras não. Na maioria das vezes, os detalhes sobre seu passado e suas circunstâncias eram inventados”, declarou o editor da revista, Steffen Klusmann.

Após inúmeras outras provas, finalmente, Claas confessou. Ele declarou ter inventado histórias e entrevistados movido pelo medo do fracasso e que não conseguiu parar, à medida que ia ganhando fama. “A pressão para não falhar foi crescendo à medida que ia fazendo mais sucesso”. 

Informações confiáveis

Com o avanço da internet e a popularização da informação, a disseminação de notícias, que antigamente era feita por grandes empresas de comunicação, passou, também, a ser feita por meios alternativos. Quebrando, então, o monopólio da informação.

A fácil liberação de conteúdo online e a velocidade que chega ao usuário, entretanto, facilita a propagação das fake news e, consequentemente, faz com que as pessoas fiquem mais suscetíveis a acreditarem nas notícias falsas, inclusive, vindas de grandes veículos de comunicação, como a revista alemã Der Spiegel, que citamos acima. Basicamente, está cada dia mais difícil acreditar em tudo que se lê. 

As fake news e suas vítimas

Em uma sociedade onde, de acordo com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), as notícias falsas circulam 70% mais rápido do que as notícias verdadeiras, muitos famosos, anônimos e instituições têm sofrido as consequências desse tipo de conteúdo fraudulento.

Em 2014, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus foi vítima de boatos que circulavam nas redes sociais. Eles atribuíam à mulher sequestros de crianças para rituais de magia negra, no Guarujá, litoral de São Paulo. A população da cidade se uniu e agrediu a mulher resultando em traumatismo craniano e, posteriormente, a sua morte.

A Universal é pioneira quando o assunto é ser vítima de fake news. A mais recente, dizia que pastores e obreiros estariam tatuando fiéis e comparando o desenho à marca da besta. Uma acusação infundada e sem precedentes. Além disso, informações como esta, inclusive, podem manchar a reputação de uma instituição que há mais de 40 anos se dedica à pregação do Evangelho e ao trabalho social.

Fique atento

É incontestável que a atitude do jornalista alemão é fruto de uma má índole e um caráter, no mínimo, duvidoso. Todavia, no caso citado acima, é importante lembrar que, ao contrário do que muitos pensam, notícias falsas não são produtos derivados apenas da internet. Grandes veículos, inclusive no Brasil, também podem disseminar fake news.

Por isso, fique atento. No mínimo, cheque as informações que recebeu, procure saber se há idoneidade no conteúdo, averigue a fonte, compare com o que foi publicado em outros veículos de comunicação, enfim, não saia compartilhando tudo o que recebe sem antes verificar se é ou não verdade. Na dúvida, não leve adiante!

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Colaborador

Rafaela Dias / Foto: iStock e Gert Krautbauer