Use melhor o seu dinheiro

Embaladas pelo clima de final de ano, muitas pessoas se envolvem em embaraços financeiros. Aprenda a fugir deles e a manter a saúde do seu bolso

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O dia 30 de novembro é a data-limite para que os brasileiros recebam a primeira parcela do 13º salário. A maioria das pessoas que trabalha com carteira assinada fica com o bolso um pouco mais recheado nessa época. Vinte dias depois chega a segunda parcela. Entretanto o mês que deveria render um dinheiro extra para os trabalhadores acaba se tornando o início de grandes dívidas. No imaginário de muitos as dívidas já existentes são esquecidas neste período do ano. Parece que o 13º salário tem algo para se transformar em uma generosa patrocinadora de compras de Natal, ceias para as festas, presentes e viagens caras nos feriados ou finais de semana. Todo esse encanto vira pesadelo já em janeiro, com a chegada das faturas de cartões e a cobrança do cheque especial somadas ao IPVA, ao IPTU e, para muitas famílias, da lista de material escolar e da rematrícula do colégio.

Em 2019, três a cada dez brasileiros (26%) admitiram gastar mais do que poderiam com presentes de Natal e 32% pretendiam comprar presentes mesmo com contas atrasadas, de acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Destas, 66% tinham o nome inscrito no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e no Serasa.

Recentemente, os números divulgados pela Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC) na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) revelaram que mais de 12 milhões de brasileiros estão endividados. Já em outubro de 2021, 74,6% das famílias relataram que possuem dívidas que vencerão nos próximos meses, como cheque especial e cartão de crédito que, inclusive, é o maior vilão entre os inadimplentes, segundo o mesmo levantamento.

Envolvidas pelo clima de final de ano, muitas pessoas deixam em segundo, terceiro ou último plano compromissos já existentes. Raras são as que se planejam financeiramente para o próximo ano, mas quase todas aceitam flertar com tradições de fim de ano que, muitas vezes, fogem da própria realidade financeira. Isso é um erro que pode trazer ou manter velhas preocupações com o que está ou não no bolso de janeiro a dezembro do ano seguinte.

SÓ MAIS UM INGREDIENTE
O escritor e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos observa que “muitas pessoas usam o 13º para corrigir os problemas do ano todo”. E não é bem assim que deveria funcionar. “Na verdade, o 13º salário deveria ser visto como se fosse uma hora extra. É apenas um ingrediente novo dentro do orçamento mensal”, explica Domingos.

Sendo assim, o ideal é que, antes de fazer planos com o dinheiro que ainda não caiu na conta, a pessoa mapeie e conheça bem a própria situação financeira. A partir daí, ela pode se planejar para pagar as dívidas antigas, programar o pagamento das contas já previstas e, aí sim, utilizar o dinheiro para se dar algum mimo, seja um presente, seja uma ceia ou uma viagem. Saiba como fazer isso no infográfico ao lado.

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Colaborador

Flavia Francellino / Arte: Edi Edson