Uma conversa franca consigo mesma
Não é à toa que vamos falar novamente do tal amor-próprio
Certamente você já está cansada de ouvir esse papo de que precisa se amar e gostar de si mesma. E, mesmo que saiba disso, é provável que continue colocando defeito no seu nariz, no seu cabelo e gerando conflitos dentro de si mesma sem a menor necessidade. São posturas e pensamentos corrosivos que acabam com a base do relacionamento consigo mesma.
Afinal, o que é se amar?
O amor-próprio não surge do nada, mas por meio do conhecimento. “É necessário se observar, olhar os detalhes, exercer quase uma ‘auto-paquera’ para poder perceber nossas características boas e ruins. Depois disso, exaltar as positivas, valorizá-las, e apenas tentar melhorar as negativas”, explica a psicóloga Vanessa Maya Sugano Rangel, de São Paulo.
É importante dar atenção a si mesma, às suas ações, reações e aos seus pensamentos porque isso permite a intervenção consciente nas situações, orienta a especialista. “Costumo dizer que, como não nascemos com um manual de instruções, temos que confeccionar o nosso”.
Não é fácil modificar, de uma hora para outra, atitudes adotadas e pensamentos cultivados e carregados conosco por anos. Mas, mesmo assim, é preciso dar o primeiro passo rumo às mudanças. O ideal é, no início desse processo, se perceber e, quando necessário, anotar as atitudes e pensamentos inadequados. “A cada sinal de alerta, devemos trabalhar naquela atitude ou pensamento para pará-lo e, imediatamente, substituí-lo por algo positivo. Isso deve ser repetido até que a mente saia do pensamento automático de depreciação e chegue ao pensamento automático de autoapreciação”, afirma.
Faça as pazes, peça perdão
Para a psicóloga, a base do relacionamento da mulher consigo mesma deve ser pautada no autorrespeito. “Se a mulher não respeita a si mesma, sua imagem e personalidade, não tem como se gostar. A admiração nasce do respeito, vai sendo construída e crescendo aos poucos.”
E, como em qualquer relacionamento, é preciso pedir perdão e fazer as pazes. E também, às vezes, ter momentos consigo mesmo. “Costumo pedir às pacientes que olhem com atenção e carinho para cada parte do corpo, principalmente para as que mais gostam, quando estiverem em frente ao espelho. Isso as fortalece porque cria um laço de carinho, um vínculo dela com ela mesma”, indica.
Você também se respeita quando deixa de se submeter a comparações. “A comparação não é útil, tampouco saudável. Podemos, a partir de um exemplo, querer melhorar como pessoa, mas não almejarmos ser parecida ou, ainda pior, ser ou ter a vida de alguém”, alerta a especialista.
Ou seja, é preciso focar em si mesma. “Se em uma lista de prioridades colocarmos várias pessoas antes de nós mesmas, como poderemos amá-las? Se não estivermos suficientemente bem e fortes, isso será possível? Se nos amamos e nos fortalecemos, fica muito mais saudável e fácil amar o outro”, diz Vanessa. E ela completa: “saiba que qualquer característica própria já é extremamente mais importante do que a do outro, pelo simples fato de ser exclusivamente sua. Isso deve ser valorizado sempre”, finaliza.