Silêncio: o destruidor de casamentos

A falta de comunicação deixa lacunas que enfraquecem a confiança e alimentam a solidão

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Recentemente, a história de um homem que passou 20 anos sem falar com a esposa voltou a ganhar destaque nas redes sociais. O casal japonês teve três filhos, mas a atenção dela às crianças incomodava tanto o marido que ele parou de falar com ela sem informar o motivo. Mesmo sem receber resposta, ela continuou tentando conversar e os dois passaram décadas nessa situação deprimente.

Um programa de TV local organizou um encontro entre eles no mesmo lugar em que se conheceram. O plano foi bem-sucedido e o homem reconheceu: “De alguma forma já faz um bom tempo desde que nos falamos. Até agora, você passou por muitas dificuldades. Quero que você saiba que sou grato por tudo o que você fez”.

O silêncio afasta

Passar 20 anos sem falar com a esposa é um ato extremo, mas guardar mágoas e não se comunicar corretamente é muito comum. Prova disso é que a falta de diálogo é a principal causa do fim dos casamentos no Brasil. Uma pesquisa do Serasa revelou que 41% dos casais separados ou divorciados apontam dificuldades na comunicação como o motivo principal do término.

“Quando os casais permitem que a falta de comunicação honesta se instale, assim como a falta de empatia e a dificuldade de expressar as necessidades e os sentimentos de forma clara, eles têm problemas”, diz o psicanalista Márcio Renzo.

Mais do que falar o que vem à cabeça, é importante analisar como dar qualidade ao diálogo a dois.

Troca de prioridades

Tanto homens quanto mulheres têm necessidade de conversar e trocar experiências, embora a intensidade dessa necessidade possa não ser a mesma. E, quando o cônjuge não considera isso e prioriza outras, há um desequilíbrio no relacionamento.

Renzo chama a atenção para um hábito que tem se tornado cada vez mais comum atualmente: o phubbing. O termo é a junção das palavras em inglês phone (celular) e snubbing (ignorar) e descreve a atitude de ignorar alguém para dar atenção ao celular.

Cerca de 55% dos casais já brigaram em razão do uso excessivo do celular, segundo um levantamento elaborado pela Kaspersky  Lab. “A utilização de forma equivocada das telas pode levar à desconexão emocional entre os parceiros, diminuir a qualidade dessa interação e dificultar a comunicação”, explica Renzo.

Além do celular, a pressa, o excesso de preocupação com o trabalho e até a atenção excessiva aos familiares podem interferir na comunicação do casal.

Sinais a que se deve prestar atenção

A redução das interações, a superficialidade nas conversas e o foco só nos problemas cotidianos indicam que a comunicação está em segundo plano. No início, essas ações podem parecer inofensivas, mas a médio e longo prazo enfraquecem a conexão emocional e aumentam as chances de ocorrência de conflitos que poderiam ser evitados.

Segundo Renzo, a falta de comunicação compromete a confiança, gera mal-entendidos e alimenta sentimentos de solidão, mágoa e ressentimento. Ele também lembra que é fundamental ficar atento a esses sinais para evitar o desgaste da relação e, em casos extremos, que ela chegue ao fim.

“Hábitos simples podem fazer toda a diferença na qualidade da comunicação. Um exemplo é a prática da escuta ativa, que demonstra o interesse genuíno pelo que o outro diz. Reservar momentos no dia a dia para conversar com atenção e exercitar a empatia, colocando-se no lugar do parceiro, também fortalece a conexão e ajuda a resolver conflitos de forma mais harmoniosa”, conclui Renzo.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Arte: Edi Edson / Foto: Gettyimagens