Pare de sonhar e comece a agir

Todos querem crescer, mas uma linha separa os entusiastas dos perseverantes. As Escrituras Sagradas relatam a história de Neemias e como ele teve a ousadia necessária para alcançar o que queria

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Apesar do frio intenso em alguns pontos dos Estados Unidos milhares de pessoas se reuniram para dar as boas-vindas a 2020 em um dos cenários mais conhecidos da cidade de Nova York: a Times Square. Gente de várias partes do mundo deixou seus desejos registrados e parte deles se misturou à enorme nuvem de confete que, com as luzes e os fogos de artifício, marcaram o “espetáculo”. Certamente desejos materiais e amorosos figuraram como os primeiros no ranking dos papéis arremessados.

Independentemente do lugar, muitos desejos foram listados. Nada de errado. Afinal, desejar coisas boas nunca fez mal a ninguém, mas apenas desejar não muda a vida de ninguém. É preciso ter atitudes condizentes com o que se almeja.

No entanto, outras milhares de pessoas que romperam o ano na Igreja desejaram em seu íntimo (e transferiram para o papel) as suas necessidades. Mas será que entre elas estava a necessidade de serem grandes em sua vida com Deus? Apesar de aprendermos na escola, quando estudamos matemática, que a ordem dos fatores não altera o produto, no aspecto espiritual, a ordem – a prioridade – altera e sempre alterará o resultado final.

O QUE VOCÊ TEM FEITO?
A empresária Eliane dos Santos Silva, (foto abaixo) de 36 anos, chegou à Universal em setembro de 2009. Decidida, se batizou na semana seguinte. Sua entrega a Deus foi imediata. Em novembro, ouviu falar da Fogueira Santa e se lançou: “meu pedido foi para nascer de Deus. Eu queria ter uma nova identidade. Era uma pessoa ruim, mentirosa e insuportável. Na época, morava em uma casa que parecia uma chácara e quis buscar a Deus a céu aberto. Eu O busquei nas madrugadas até que Ele descesse sobre a minha vida.”

HISTÓRICO
A empresária saiu de casa na adolescência. Ela cresceu em uma família de 12 irmãos, na Filadélfia, Bahia, um município com menos de 20 mil habitantes. “Morávamos na roça, não tinha água encanada e lavávamos roupa no rio. Até os 8 anos ia para a feira com minha mãe catar restos de comida. Comecei a trabalhar aos 12 anos e cuidava de crianças. Já tinha alguns irmãos em São Paulo e, aos 14 anos, cheguei aqui. Vim com o sonho de trabalhar para ajudar minha mãe e de fazer dar certo, mas deu tudo errado.”

Eliane trabalhou em casas de família e, desde jovem, precisou lidar com o assédio. Ela mudava de emprego constantemente. Os problemas acabaram a encurralando. “Me deparei com anúncios de trabalho em casa de prostituição. Tinha 17 anos. Precisava beber para fazer aquilo e cheguei a beber até álcool de cozinha”, relembra Eliane, que permaneceu nesta situação dos 17 aos 21 anos. Nessa época, conheceu um rapaz que trabalhava em um bar e engravidou.

O COMEÇO DE TUDO
Desesperada, se viu sem dinheiro para comprar leite para a filha. “Ele falou que não queria a criança. Pensei que teria que voltar a catar lixo como na infância.” Embriagada, achou que a solução fosse matar a filha e depois se matar. “A peguei com força e ela abriu os olhos e falou: ‘mãe, eu te amo e o papai do céu também te ama’, com a respiração bem fraca. Mas, na minha cabeça, o papai do céu nunca tinha cuidado de mim. Comecei a chorar. Liguei a TV e estava passando a programação da Universal.”

Foi assim que Eliane chegou à Igreja. “Uma obreira quis orar por mim, mas recusei. Aquele era o momento entre eu e Deus. A palavra que o Pastor falou naquela madrugada já tinha entrado na minha vida. Dobrei meus joelhos e falei com Ele. Quando terminei, havia uma poça de lágrimas no chão.”

Quando Eliane decidiu se entregar no Altar, na época da Fogueira Santa, ela abriu mão do celular, dos contatos do passado e da velha vida. Seu primeiro pedido na Fogueira Santa poderia ter sido uma vida melhor, confortável, com oportunidades, mas sua prioridade foi conhecer a Deus.

Foi impossível o Espírito Santo não lhe responder à altura. “O vazio, a tristeza, aquele buraco tão grande que parecia haver dentro de mim desapareceram. Depois disso, as coisas começaram a acontecer rápido. Com dois meses de Igreja, já tinha recebido o Espírito Santo e em menos de seis meses conheci meu esposo (o empresário Sérgio Carlos da Silva, de 48 anos). Estamos casados há dez anos. Desde então, tenho paz, uma família abençoada (eles criam as filhas Joice Moura Santos, de 14 anos, e Esther Ribeiro da Silva, de 8 anos) e desfrutamos de prosperidade e conforto.”

PRIORIDADES
A professora Simone Nunes Bonilha, (foto abaixo) de 41 anos, é casada com o cabeleireiro Fábio Luiz Bonilha, de 40. Ela chegou à Universal em 2015, no Templo de Salomão. “Nasci aqui em São Paulo. Desde a infância fui muito calada, me sentia o patinho feio e isso foi se estendendo até a adolescência. Procurei atenção nas amizades e nos relacionamentos. Casei aos 19 anos. Tinha aquele sonho de formar família, de ser feliz e isso tudo foi destruído. Estive ao lado de uma pessoa alcoólatra.”

O término do casamento revelou que aquele complexo de inferioridade era, na verdade, uma raiz que encobria a depressão. “Muitas vezes, ficava fechada no quarto, não tomava banho, ficava sem comer e faltava no trabalho. Procurei ajuda médica e passei a tomar medicamentos fortíssimos.”

Mais tarde, a psiquiatra a diagnosticou com síndrome de pânico e esquizofrenia. “Com todo estudo, os profissionais não conseguiam me ajudar. O que eles falavam não atingia a dor que eu sentia, que era na alma.”

FOCO ERRADO
O alívio que Simone procurava chegou de uma forma inesperada. Assistindo a vídeos na internet, encontrou um que falava do amor inteligente. Assim descobriu as palestras da Terapia do Amor e foi participar de um encontro. “No outro dia, as pessoas do meu trabalho diziam que eu estava diferente. Logo nas primeiras semanas, me libertei da depressão.” Sua prioridade, no entanto, continuava sendo encontrar o grande amor da sua vida. Só que o Verdadeiro Amor estava ali o tempo todo, pedindo para entrar na sua vida, enquanto ela procurava alguém de carne e osso que a realizasse.

Ela acabou conhecendo uma pessoa da igreja pela internet. “Achava que, se tinha conhecido na igreja, era porque Deus tinha me dado. Fui enganada pelo meu coração. Foi mais um relacionamento abusivo, marcado por ciúme, assédio moral e agressão verbal. Foram três meses de namoro, noivado e casamento. Após uma semana de casados, ele simplesmente arrumou as coisas e foi embora. Foi uma vergonha, uma humilhação.”

“VOCÊ É GRANDE QUANDO TEM DEUS”
Simone caiu em si. “Buscava bênçãos, o que Deus tinha para me dar, mas despertei e coloquei toda a minha força para receber o Espírito Santo. Perdoei meu ex-marido, me perdoei e percebi que precisava me batizar nas águas de verdade. Confiei todos os meus sonhos e projetos nas mãos de Deus. Entendi que o mais importante era minha Salvação. Um sábado de manhã, enquanto escutava o Bispo Macedo, ele profetizou que receberíamos o Espírito Santo. Era Jejum de Daniel. Ali, entendi que Deus queria fazer grandes coisas na minha vida espiritual e O recebi. Você é grande quando tem Deus dentro de você.”

Ela conta que toda vergonha do passado se transformou em testemunho. “Conheci meu esposo através de um amigo em comum. Procurei conhecê-lo, saber se tinha o Espírito Santo e como era a conduta dele. Casamos há dois anos, temos um relacionamento em que há respeito, sou valorizada, um ajuda o outro tanto espiritualmente como no dia a dia, mas não preciso dele para ser feliz porque já conheci a verdadeira felicidade: o Espírito Santo.”

A MÁGOA DEIXA VOCÊ PEQUENO
O empresário Luiz Claudio Ramos da Silva, (foto abaixo) de 43 anos, nasceu no Rio de Janeiro. Ainda na infância, recorda que sofreu decepções. “Meu pai arrumou uma amante e saiu de casa.”

O baque foi tão grande que a mãe de Luiz cogitou o pior: “ela pensou em se matar pulando de um viaduto abraçada com a minha irmã.” No entanto tudo mudou quando ela se deparou com a programação da Universal e decidiu frequentar a Igreja.
Luiz revela que participou das reuniões dos 10 aos 16 anos. Se afastou e retornou aos 22. “Quando voltei, percebi como estava distante de Deus.” Ele foi participar de uma reunião na catedral à tarde e quem realizou o encontro foi o Bispo Macedo, que chamou à frente do Altar quem tinha mágoa. “Tinha mágoa da amante do meu pai a ponto de desejar que ela morresse.”

Muitos não têm ideia da importância do perdão, mas enquanto a mágoa aprisiona, o perdão liberta. A mágoa não só impede a pessoa de crescer com Deus como a prejudica. “O Bispo nos ensinou a perdoar aquela pessoa na mente. Foram 16 anos com sentimento de mágoa. Quando este peso saiu, consegui ver que precisava buscar o Encontro com Deus. Em poucos meses, já tinha sido batizado com o Espírito Santo.”

Luiz ainda observa: “quando uma pessoa tem mágoa, rancor, ódio ou qualquer outro tipo de sentimento aprisionado, ela acaba por não raciocinar e ver qual é a origem do problema. Muitas vezes, o problema não é a falta de emprego, de possuir um carro melhor ou ser feliz na vida sentimental, às vezes, a fonte do problema é espiritual, está no coração, na mente e a pessoa não enxerga o que está dentro dela.”

VIDA NOVA
Luiz foi porteiro durante 15 anos e levou uma vida de dificuldades. Contrariando a própria realidade, voltou à sala de aula aos 32 anos e se formou em Direito. Hoje, é uma pessoa bem-sucedida em todas as áreas.

“As pessoas podem achar que sou bem-sucedido porque sou advogado, tenho uma família – ele é casado com Fabiana de Sousa Ramos, de 36 anos, e são pais de Rafael, de um ano e 10 meses –, mas não é isso. Sou bem-sucedido porque lá atrás foquei no principal. Busquei ser preenchido pelo Espírito Santo e depois ter uma segunda base, uma família, uma mulher de Deus ao meu lado e não apenas uma mulher da Igreja. Essa base me sustenta para que eu passe pelas dificuldades. Tive cabeça de focar nas outras coisas, que foram sendo acrescentadas através da Fé, dos propósitos. O que a pessoa precisa fazer é dar importância às prioridades porque isso influencia o futuro que ela vai ter.”

A FÉ DE NEEMIAS
As Escrituras Sagradas contam diversas histórias de pessoas que precisaram entender o que era prioridade antes de alcançar o sucesso. Um exemplo é Neemias, que foi um homem bem-sucedido naquilo que lhe foi confiado pois foi sensível para perceber a necessidade espiritual em que Jerusalém se encontrava. “E disseram-me: (…) o muro de Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo. E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus (…) Então, eu era eu copeiro do rei (Neemias 1.3,4,11).

Embora sua confiança estivesse em Deus (tanto que recorreu ao Altíssimo), com o passar das semanas, o rosto de Neemias deixou transparecer que um vazio de respostas e ações lhe trazia certo incômodo. O rei enxergou aquela tristeza e preocupação (Neemias 2.2-3) e tocado Deus pelo clamor de Neemias abriu uma oportunidade para ouvi-lo. Ao expor a situação, lhe concedeu que pedisse o que fosse necessário (Neemias 2.5).

Os olhos de Neemias se voltaram para a condição espiritual daquele lugar que estava arruinado. Embora houvesse muita necessidade, outros projetos a serem realizados, sonhos a serem reconstruídos e muita dor e fome a serem sanadas, a prioridade foi reconstruir a vida com Deus, que estava deteriorada.

Aquela atitude pode ter soado como loucura para muitos naquela altura assim como ainda é hoje. Quem, diante de projetos de enriquecer, construir fortunas, estabilizar-se no emprego, conhecer países, formar uma família, prioriza ter um relacionamento com Deus? Quem olha para esse projeto todos os dias e não se cansa atévida concretizá-lo?

Nem mesmo Deus pediu para que Neemias se levantasse e agisse, mas ele decidiu. Hoje temos a Palavra dEle, as programações de rádio e televisão, os blogs que nos orientam a tomar a atitude correta, mas, mesmo assim, muitos ignoram a decisão que precisam tomar e isso explica a condição espiritual tão fragil em que se encontram.

Os que se diminuem diante de Deus, se consideram dependentes dEle, se agigantam diante dos problemas e da própria condição por pior que ela seja. Os que elevam o seu nível espiritual alcançam patamares que não se comparam a nenhum outro. Ao ter essa força dentro de si conquistam e conseguem manter as conquistas, desafiando o tempo e as dificuldades como mostram as histórias relatadas nesta reportagem.

Os muros de Jerusalém ficaram em ruínas por cem anos e demorariam muito para serem reconstruídos, mas foram levantados em apenas 52 dias. Neemias passou de copeiro a governador. Vivemos os 52 Domingos da Força para Realizar Projetos e os que desejam construir suas vidas de mãos dadas com Deus ainda podem participar desse propósito, que teve início no dia 5 de janeiro. Basta querer e comparecer à Universal mais próxima.

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Colaborador

Flavia Francellino / Fotos: Demetrio Koch, arquivo pessoal e getty images