O exemplo que transforma

Alguém viu o valor escondido naquele jovem: justamente o policial que o prendeu

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O jovem Rameil Pitamber, da cidade de Avon, no Estado de Indiana, nos Estados Unidos, tinha 17 anos, em 2013, quando perdeu o pai.

Ficou “sem chão” com o luto e se envolveu com más companhias. Ele foi preso por assaltar um restaurante à mão armada e sentenciado a 11 anos de reclusão. Na maioria dos Estados norte-americanos, maiores de 12 anos podem ser presos como os adultos e receber penas de prisão perpétua ou de morte, conforme o crime que cometeram.

Quem prendeu Rameil foi o vice-chefe de polícia Brian Nugent. Em contato com a mãe do jovem, Nugent chegou à conclusão de que ele não era “mais um criminoso”, mas que estava perdido por causa da morte do pai.

Rameil saiu da cadeia antes do fim da pena por bom comportamento. Tinha noção de que não podia repetir os erros do passado, mas ainda sentia muito a ausência da figura paterna. Conseguiu um trabalho numa rede de lojas de artigos de segunda mão, cujos lucros são usados para financiar a formação profissional de pessoas que enfrentam dificuldades para conseguir emprego, como ex-presidiários e moradores de rua, e também empregamuitas delas na própria organização.

Os artigos vendidos nessas lojas vêm de doações. Eis que, um dia, quem entra levando donativos na loja em que Rameil trabalhava? Nugent, que o prendera anos antes. Ambos começaram a conversar e o jovem tomou coragem para perguntar se o agente da lei poderia ser seu mentor, o exemplo de que ele tanto precisava.

Nugent aceitou. Em entrevista recente à rede CBS de TV, Rameil revelou: “ele me tratou com compaixão e compreensão e não me diminuiu em momento algum. Até hoje ajuda a formar meu valor e minha autoestima.”

A mãe de Rameil estava certa sobre o filho não ser “criminoso de carreira”, mas apenas alguém que cedeu a tristes circunstâncias. Ainda que ele fosse um “profissional do crime”, sua determinação em mudar e o apoio de alguém que o respeitasse poderiam gerar um efeito positivo, a exemplo do que o projeto Universal nos Presídios (UNP) já fez a muitos presidiários e ex-detentos, e o Universal Socioeducativo faz a menores em conflito com a lei. “Com ele ao meu lado, sei que posso fazer qualquer coisa”, disse Rameil sobre seu valoroso mentor.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Reprodução