O erro do homem emocional

Acontecimento na noite do Oscar pode ser exemplo das armadilhas do ego de quem não teme a Deus

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Na última edição da festa de entrega do Oscar, a maior premiação do cinema mundial, o ponto alto não foi a coroa de melhor filme ter ido para uma obra sobre superação das dificuldades impostas pela deficiência física nem foi o fato de um ator surdo conquistar a estatueta de melhor coadjuvante, tampouco as homenagens a veteranos e aos profissionais falecidos ou o fato de o prêmio de melhor direção ir para as mãos de uma mulher – foi só a terceira vez na História que isso ocorreu.

O que ficou na mente de todos – até de quem não assistiu à cerimônia – foi o tapa que o ator Will Smith deu em Chris Rock ao vivo. Após uma piada de Rock (criador da série Todo Mundo Odeia o Chris) sobre a ausência de cabelos na esposa de Smith, Jada, o ator subiu ao palco e desferiu o golpe. Não faltaram, inclusive, palavrões.

Ninguém conseguiu mais prestar atenção em nada. Sempre que a câmera focava na plateia, o olhar de cada pessoa era de incredulidade, espanto ou decepção. O tapa eclipsou as premiações e a repercussão da mídia mundial ficou só nisso. O “tabefe” azedou a festa.

A atitude de Rock não foi feliz, claro, mas nada justifica a atitude violenta de Smith. E, como o destino prega peças, o prêmio de melhor ator foi para… Will Smith! Ele subiu ao palco cheio de vergonha e disse em seu discurso que um homem deve defender as pessoas que ama. Sim, deve, mas Jada não foi atacada com tanques e mísseis. De novo: Rock foi infeliz, mas Smith poderia ter sido mais digno, sensato e mais homem. Ele tinha o direito a resposta. Uma crítica bem pensada ao colega ao microfone ou na mídia seria mais forte do que uma bofetada. Smith perseguiu um Oscar por 20 anos e ele mesmo abafou seu momento de maior glória profissional com um ato vergonhoso.

Smith deixou sua emoção dominá-lo, se recusou a sair da cerimônia quando a organização do evento solicitou e só se desculpou com o agredido no dia seguinte, provavelmente pela pressão que sofreu. Agora a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas discute como penalizá-lo, porque ela precisa. A entidade quase centenária deve zelar pelo código de conduta de seus membros, senão abre um perigoso precedente.

A reação inteligente
A Bíblia ensina que quem obedece ao Espírito Santo tem equilíbrio e inteligência e também ensina a ser tardio em se irar (Tiago 1.19). Claro, qualquer um pode perder as estribeiras, mas isso não quer dizer que não existirão consequências nem que é impossível se conter. Quem está com o Espírito Santo tem uma força maior do que a sua própria, que é usada, inclusive, para se autocontrolar.

Mas algo chamou a atenção em meio à confusão. O ator cristão Denzel Washington advertiu pessoalmente Smith: “em seu momento de maior grandeza, tome cuidado. É nesse momento que o diabo virá atrás de você”.

Washington é reconhecido por sempre mostrar que é cristão, divulgar o nome de Deus e colher o sucesso por sua obediência. E, de fato, ele tem razão no que disse. Um homem deve mesmo se manter vigilante quando o sucesso vem. É muito fácil fazer mau uso do poder, da boa aparência, do dinheiro e de tudo mais que lhe confere uma boa posição perante a sociedade. “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5.8).

O ator cristão plantou uma semente que pode germinar naquele solo confuso. Claro, ninguém está imune a erros. Mas, quem sabe, Smith e Rock, depois que a poeira baixar, ouçam a Deus, transformem essa vergonha em superação e sirvam de exemplo pelo modo como resolverão o conflito. É assim que um homem de fato acerta: depois de reconhecer seu erro.

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Redação / Foto: getty images