Maridos são os principais acusados de violência doméstica

É fundamental que a mulher busque ajuda e denuncie diante de qualquer situação de agressão

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Além da crise sanitária e da crise econômica que a pandemia gerou, muitas adversidades sociais estão se intensificando neste período. A exemplo dos casos de violência doméstica contra a mulher que aumentaram principalmente durante o período de isolamento.

Um balanço dos dez primeiros meses de atendimento online do projeto ‘Carta de Mulheres’, lançado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em abril do ano passado, revelou que os maridos ou companheiros são os principais acusados pelas vítimas de agressão. Foram 498 denúncias entre os 1.581 relatos de violência registrados entre 7 de abril de 2020 e 11 de fevereiro deste ano.

A saber, também figuram a lista de agressores ex-maridos, ex-namorados, namorados, filhos/filhas e pais. Ademais, a violência psicológica é a mais relatada pelas mulheres, com 1.319 casos, seguida por moral (1.047), física (785), patrimonial (389) e sexual (109).

O balanço do TJ-SP veio ilustrar e corroborar uma recente declaração da diretora global da ONU Mulheres (órgão das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres), Phumzile Mlambo-Ngcuka, de 65 anos. Segundo ela, “A violência de gênero é uma pandemia que acontece às sombras, tão devastadora quanto o coronavírus”, disse em entrevista ao periódico ‘El País’.

Indicativos de feminicídio

Para a juíza Teresa Cristina Cabral Santana, da Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário do Estado de São Paulo (Comesp), o levantamento comprova práticas culturalmente aceitas. “A maior parte é de agressores homens, também apontada pela literatura e a ciência, por conta do machismo e do patriarcado”, pontuou.

Além disso, algumas características comportamentais dos agressores, expostas pelas histórias colhidas pelo programa, são indicativos de situações que podem resultar em feminicídio. “O feminicídio é antecedido por violências psicológica e patrimoniais, não acontece da noite para o dia. Há um contexto muito maior do que esse”, comentou a juíza, em entrevista ao R7.

É muito importante que a mulher que enfrenta essa situação busque ajuda e também denuncie. O trabalho desenvolvido pelo TJ-SP, por exemplo, tem como foco principal esclarecer sobre o conceito de violência doméstica para que, desse modo, a mulher possa se sentir encorajada e segura sobre os seus direitos e acerca da condição de anonimato diante da denúncia.

Busque ajuda 

O projeto ‘Carta de Mulheres’, inspirado em uma iniciativa homônima da Justiça peruana, pode ser acessado pelo site oficial do TJ-SP. Por sua vez, em todo o Brasil, outros canais também podem ser acionados em situações de emergência como o telefone 190 (Polícia Militar).

A saber, o Disque 180, serviço gratuito e confidencial da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos (MDH), além de registrar denúncias de violações contra mulheres, as encaminha aos órgãos competentes e realiza seu monitoramento. Além disso, dissemina informações sobre direitos, amparo legal e rede de acolhimento. Ademais, o canal funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Se você está passando por uma situação de violência ou conhece uma mulher que esteja, o grupo Godllywood está aberto para atender todas as mulheres, sem exceção. As voluntárias do grupo oferecem orientações, bem como apoio emocional e espiritual, e em todos os estados brasileiros. Participe das reuniões mensais do Godllywood e compareça aos atendimentos com as conselheiras. Clique aqui para mais informações.

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Colaborador

Redação / Fotos: Getty Images