Ela chegou a pedir a Deus para matá-la

Quando perdeu a referência paterna, Jéssica Nunes não via perspectiva para a sua vida e tudo piorou ainda mais quando ela se afastou do Pai Celestial

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Jéssica Nunes, babá de 26 anos, teve de lidar com o fato de ter sido abandonada pelo pai na infância e, para suprir a ausência da figura paterna, se agarrou ao tio. Ela conta que nessa fase se sentia muito vazia e, “às vezes, preferia ficar doente porque queria sentir carinho. Era um vazio tão grande que eu sempre queria chamar atenção de alguma forma”.

Seu primeiro contato com a Fé ocorreu quando ela ainda era criança: “minha tia descobriu a Universal e, quando nos visitava, levava a mim e às minhas irmãs para a Escola Bíblica Infantil (EBI)”. As visitas eram esporádicas, mas foram suficientes para que ela aprendesse a mensagem que era transmitida. Então, conforme crescia, tentou fazer escolhas conscientes e não se envolver com as coisas do mundo, apesar de não frequentar a Igreja.

Aos 15 anos, Jéssica sofreu um grande baque que tirou seu chão: o tio, que ela considerava como pai, faleceu. Ela pensou que seu sonho de ter uma família tinha acabado e conta o que aconteceu: “fiquei perdida, sozinha, sem ninguém, sem amparo e sem nada”.

A perda da figura paterna a abalou tanto que ela passou a desejar que sua própria vida chegasse ao fim, como relata: “daquele momento em diante eu só pensava em morrer. Eu queria morrer e pedia a morte para Deus”.

O verdadeiro Pai
Jéssica se mudou de casa, aproveitou para modificar o rumo de sua vida e passou a frequentar a Universal com a família. Deus supriu a ausência da figura paterna e ela chegou a ser levantada a obreira. Ela diz como agia naquela época: “eu procurava fazer o meu melhor porque tinha consciência de que não estava fazendo para o homem, mas para Deus”.

Sua dedicação deixou de ser a mesma quando ela passou a frequentar uma academia. Seu objetivo era ganhar massa muscular, pois ser muito magra a incomodava. “Foi aí que a minha queda começou. Como eu não conhecia o mundo, tudo ali começou a brilhar para mim”.

A princípio, ela chegava atrasada às reuniões, pois “precisava” ir à academia, mas depois as amizades que fez lá a levaram a crer que, para se enturmar, ela precisava beber e fumar narguilé, além de se vestir como as outras frequentadoras do local.

Ela procurou o pastor e disse que não queria mais continuar fazendo a Obra de Deus. Mesmo sendo orientada a continuar na fé e a buscar por si, o orgulho não permitiu que Jéssica ouvisse aquele conselho e ela abandonou tudo. “Comecei a ir a baladas e a ficar com rapazes, mas nada sério.

Conheci um com quem achei que me casaria, me envolvi e fiz dele o centro da minha vida e a razão do meu viver.” Ela ficou três anos afastada da Igreja, mas, mesmo nesse período, percebendo que se afundava cada vez mais no mundo, ela orava e pedia a Deus forças para voltar.

Sua família continuava na Presença de Deus e, em uma quarta-feira, ela recebeu um vídeo da irmã. Relutante, demorou para assistir, mas, quando o fez, decidiu finalmente mudar de vida. A mensagem era sobre a Eternidade. “Eu me dobrei, me humilhei e consegui me enxergar como alma e ver que, se eu não voltasse para Jesus, perderia a minha Salvação. Deus estava me chamando, me dando uma chance, mais uma oportunidade”, recorda.

O recomeço
Jéssica voltou a se dedicar à Obra de Deus como fazia na adolescência, quando sempre orava de madrugada, lia a Palavra de Deus, jejuava e frequentava as correntes. Aos poucos, ela reuniu forças para abandonar os vícios, deixar as más amizades e, principalmente, terminar aquele relacionamento amoroso prejudicial. Depois de sua mudança de hábitos, vieram o batismo nas águas e a busca pelo Espírito Santo.

Ela teve de lidar com maus pensamentos e o autojulgamento sobre seu passado, mas estava determinada a conquistar sua Salvação e pôs sua fé em ação: “cheguei até a fazer o Jejum de Daniel por conta própria. Quando voltei para a Fé, esse Jejum me deu forças para estar mais perto de Deus e ficar mais sensível à Sua Voz”. Esse passo foi fundamental para que ela alcançasse seu maior objetivo. “Certo domingo, acordei às 3h da manhã e comecei a me preparar para receber o Espírito Santo. Li a Bíblia, coloquei minha melhor roupa, comecei um jejum, não conversei com ninguém e praticamente abri a Igreja. Me sentei bem na frente e estava em espírito para ouvir a Voz de Deus.

Depois, O busquei com toda minha força, de todo meu coração e com todo o meu entendimento. Apesar de a igreja estar cheia, era como se só estivéssemos eu e Deus ali. Me entreguei e o Espírito Santo veio sobre mim. Tive força, uma certeza muito grande, paz e uma alegria que eu não sei explicar. Não era sentimento ou emoção, mas algo dentro de mim.”

Seus traumas pelo abandono do pai, da perda do tio e de ter se afastado da Presença de Deus por um tempo não a abalam mais e hoje servem para testemunhar a misericórdia de Deus em sua vida.

“Hoje eu tenho prazer em viver, em agradar a Deus, em servir a Ele e em levar outras pessoas a conhecê-Lo de fato e de verdade”, finaliza.

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Colaborador

Laís Klaiber / Foto: Demetrio Koch