Drogas: a pandemia que acontece aos olhos da sociedade

Evento em São Paulo para combater o problema reuniu mais de 10 mil pessoas, entre dependentes e familiares

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As drogas têm sido um problema recorrente em vários países. Enquanto o mundo estava completamente voltado para o problema da Covid-19, o uso delas aumentou. Essa elevação foi tão intensa que chegou a ser considerada uma verdadeira pandemia. Nos Estados Unidos, estima-se que, em um ano, pelo menos 100 mil norte-americanos perderam a vida em razão de overdose de drogas.

O aumento de casos desse tipo foi de 28,5% entre abril de 2020 e abril de 2021, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Drogas (CDC).

Como se sabe, o vício não tem limites. Quanto mais o cérebro de uma pessoa é estimulado por meio de sensações causadas por uma substância, mais droga ele vai querer e em doses cada vez maiores. Portanto, engana-se quem pensa que está seguro por “só” fumar cigarro convencional, por exemplo. Inclusive, estudos já apontaram que a nicotina abre portas para o uso de cocaína.

De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2021, divulgado pelo Escritório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, cerca de 275 milhões de pessoas usaram entorpecentes no mundo inteiro ao longo de 2020, enquanto mais de 36 milhões sofreram de transtornos associados ao uso de drogas.

Realidade brasileira
Se a realidade nos Estados Unidos assusta, a do Brasil não fica atrás. Aqui um dos grandes problemas crônicos é o crack, substância produzida a partir da cocaína. A droga destrói quem a consome, causando danos nos pulmões, no coração, no sistema neurológico, nos ossos e nos músculos. Mas, além disso, o crack leva à dependência rapidamente e vira a vida do indivíduo do avesso, a ponto de ele não voltar para casa e passar a morar na rua.

Em São Paulo, uma região específica do centro da cidade foi apelidada de Cracolândia. Como o nome sugere, por lá se agrupam centenas de usuários de crack, que anseiam por mais uma pedra: a média de frequentadores chegou a 579 pessoas por dia de janeiro a setembro de 2021, número 14% maior do que o registrado no mesmo período em 2020, como revelam dados da Prefeitura de São Paulo. As gestões estadual e municipal tentaram agir para colocar um fim à aglomeração, mas o grupo se deslocou e agora fica mudando de ponto para o consumo e a venda do entorpecente, deixando toda a região central em alerta. Comerciantes e moradores convivem com o medo e o aumento da criminalidade nas redondezas.

Agora é a minha vez
No dia 26 de junho, aconteceu o evento AGORA É A MINHA VEZ, uma iniciativa do programa social Vício Tem Cura, que assiste, acompanha e ampara espiritualmente usuários de drogas e seus familiares com o objetivo de ajudá-los a combater a dependência. Mais de 10 mil pessoas participaram do evento na zona sul de São Paulo em dois encontros, às 15h e às 18h. O primeiro foi conduzido pelo Bispo Júlio Freitas. O evento contou com a presença do Bispo Cláudio Lana e dos Pastores João Oliveira, Fábio Oliveira, Aldo Guimarães, Renato Guerra, Murilo Dorini e Danilo de Paula: todos superaram os vícios quando descobriram o poder transformador da Fé.

À Folha Universal, o Pastor João Oliveira, responsável pelo Tratamento da Cura dos Vícios em São Paulo, disse que o adicto ou usuário acaba desmoralizado por muitos e até por si mesmo. “Mas nós acreditamos em cada um deles e seus familiares. São pessoas que vêm de outros Estados ou mesmo de cidades distantes em completo desespero por causa do grande acúmulo de frustrações causadas pelas inúmeras internações em clínicas de reabilitação ou tratamentos alternativos que não funcionaram. Tanto o viciado quanto a família ficam frustrados e, quando chegam aqui, descobrem, não com argumentos, mas com fatos, que vício tem cura sim.”

Desde às 13h20, centenas de pessoas já estavam no espaço. Dentre elas, havia aquelas que eram prisioneiras dos vícios e também familiares que buscavam pela libertação deles, como os irmãos Denise Maria da Silva e Denis Antônio da Silva, (foto abaixo) ambos de 36 anos. Ela, que frequenta o Tratamento para a transformação do irmão, foi buscá-lo na clínica especialmente para ir ao evento nesse dia. “Estou sentindo uma felicidade tão grande dentro do peito porque sei que Deus vai entregar o que ele veio buscar. Hoje é o dia dele”, afirmou. Foi a primeira vez que Denis pisou em uma Universal. Nos vícios há 20 anos, ele contou que conheceu essa estrada “por meio de influência, amizades e desejo de saber como que é”, até que houve destruição na família e também pessoal, a ponto de ele “perder tudo e de não conseguir entender a realidade da vida”, expôs. “Confesso que cheguei aqui com uma dúvida: será que funciona? Eu não acreditava muito no que é falado e mostrado sobre esse trabalho que a Universal realiza, mas agora passei por algo que é a primeira vez que passo na minha vida”, disse.

Fé capaz de transformar
No início do encontro, o Bispo Júlio compartilhou um ensinamento de Romanos 2.11, que diz: “Porque, para com Deus, não há acepção de pessoas”. Ele enfatizou que, por isso, uma mudança de vida se torna possível para aqueles que se entregam à Palavra de Deus. “Você pode ter perdido oportunidades, trabalho, saúde, empresa, casamento, dignidade, mas não perdeu nem a vida nem a Fé e, por menor que ela seja, ela está dentro de você e é suficiente para mover montanhas.”

Sendo assim, não importa se quem estava ali se encontrava escravizado por algum vício. “Agora é a sua vez de ser feliz de verdade, com saúde completa, família unida e, sobretudo, paz. Chegou sua vez de descobrir o lado bom da vida. Tem gente aqui que só conhece o lado triste, da vergonha, da dor, da solidão, da humilhação, mas, a partir de hoje, seu passado ficou para trás”, disse.

Para estabelecer essa nova vida, o Bispo deu quatro dicas. O primeiro passo é começar o dia falando com Deus. O segundo é ler ao menos um versículo da Bíblia pela manhã. “Ocupe seus pensamentos com o Criador, porque Ele vai criar em você uma nova vida e novos hábitos. O terceiro é evitar pessoas que não querem se libertar: você tem que ajudar a si mesmo. O quarto é se desfazer de tudo aquilo que o motive ao vício”, finalizou.

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Colaborador

Cinthia Cardoso e Flavia Francellino / Fotos: Demetrio Koch