Driblar as regras para conseguir vacina é crime

Venda de atestados falsos de comorbidade mostra como existem pessoas desonestas, que mentem para tirar vantagem das situações

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Para debelar a pandemia de Covid-19 que assola o mundo, diminuir o número de casos e se proteger dessa doença que pode matar, ser vacinado se tornou a saída eficaz. No Brasil, com a vacinação seguindo a passos lentos, obedecendo cronogramas específicos para cada município e respeitando critérios como idade, gravidez e a presença de comorbidades, os postos de saúde passaram a exigir atestado médico de comprovação, conforme determinação do Plano Nacional de Imunização (PNI), definido pelo governo federal.

Na hora de se vacinar, pessoas que têm tuberculose ou problemas crônicos, como obesidade, hipertensão, diabetes e doenças cardíacas (só para citar algumas) que podem agravar o estado de saúde quando combinadas ao novo coronavírus e levar à morte, precisam apresentar o documento, emitido nos últimos 12 meses – com informações detalhadas sobre medicações e o tratamento – para obter as doses da vacina.

Burlando as regras?
No final de maio, no Rio de Janeiro, policiais civis apreenderam dois médicos de uma clínica pela venda de atestados falsos de comorbidade. Antes, em dezembro de 2020, uma reportagem investigativa da Record TV já havia desvendado um esquema de vendas de atestados médicos falsos para a Covid-19 em plena luz do dia na Praça da Sé, no centro da capital paulista.

Atestado falso é crime
Para o médico Roberto Debski, clínico-geral e diretor da Clínica Ser Integral, em Santos (SP), que atua na linha de frente em pronto-socorro contra a Covid-19, a prática de emissão de atestados fraudados não é novidade. “Trata-se de um crime que tem que ser apurado. Considero essas práticas criminosas e ilegais”, afirma.

Debski explica que a declaração só deve ser feita quando o paciente realmente apresenta uma comorbidade, como uma cardiopatia ou diabetes, por exemplo. “Qualquer médico pode fazer isso, mas, quando a declaração ou o atestado é falso, isso já é um crime que pode e deve ser punido pela lei”, avisa.

Pedido de doença
Médicos que não quiseram ter seus nomes divulgados também relataram que foram abordados por pacientes sem comorbidades que pediram atestados que comprovassem a presença das doenças sem que as tenham. Eles tiveram seus pedidos rechaçados pelos profissionais de saúde.

Mesmo assim, os mentirosos não percebem o quanto estão chamando a doença para si com uma ação como essa. Quem mente e diz que tem uma comorbidade, está literalmente pedindo para tê-la. É quase como se fizesse o pedido em voz alta.

A Bíblia Sagrada tem diversos versículos para nos mostrar como isso funciona e afirma que Deus nos concedeu a língua, um órgão capaz de gerar vida ou de levar à morte: “Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno. Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e é domada pela espécie humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero”. (Tiago 3.6-8).

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: Getty Images