Curso de capacitação na Abads é ferramenta para educadores voluntários

Aulas enriquecem a experiência de abordagem e elaboração de atividades nas salas de apoio, que recebem crianças autistas e com deficiência intelectual

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Capacitar educadores e voluntários a compreender as necessidades das crianças com autismo e deficiência intelectual, instrumentalizando-os no manejo de comportamentos e na elaboração e desenvolvimento de atividades lúdicas e pedagógicas. Esse foi o objetivo do curso oferecido, recentemente, pela Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social, a Abads.

Entre os meses de novembro e dezembro últimos, cerca de 50 alunos participaram do curso de capacitação que contou com aulas ministradas por coordenadoras da Abads e especialistas (neuropediatra, psiquiatra infantil e fonoaudióloga). Ademais, abordou temas como compreensão das diferentes deficiências, redução dos comportamentos inadequados, estimulação da linguagem funcional e estruturação do ambiente de atividades.

A maior parte desses alunos era de educadores voluntários, alguns oriundos de projetos sociais da Universal, que atuam nas salas de apoio das igrejas cuidando das crianças durante as reuniões, e da Escola Bíblica Infantil (EBI). Uma das voluntárias, Mônica Aparecida da Silva, de 35 anos, participa do Grupo da Saúde e atende também na sala de apoio no Brás, em São Paulo.

“É uma oportunidade muito gratificante. Como realizamos um trabalho na sala de apoio dedicado às crianças com necessidades especiais, o curso ofereceu um aprendizado para ajudar a nos comunicar melhor com elas. Pois, é difícil quando umas são mais reservadas e outras, mais ativas. Aprendemos a linguagem delas, a observar as necessidades e a identificar o que precisam. A cada aula já aplicamos os conteúdos e as atividades direcionadas. Como voluntária do Grupo da Saúde também visito hospitais e ainda levo os ensinamentos para o trabalho nesses locais”, contou.

Cursos são abertos à comunidade

Mensalmente, a Abads atende por volta de mil crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual e autismo. Uma equipe de coordenadores em diversas áreas realiza diariamente ações que visam a independência, a autonomia, a inclusão escolar, social e no campo de trabalho dessas pessoas.

Uma delas é a analista do comportamento, coordenadora dos cursos de capacitação e formação, Valeria Mendes. Há 10 anos atuando na associação, ela ministrou uma aula sobre como lidar com crianças com comportamentos inadequados e desafiadores. Ela conta que desde 2016 os cursos são abertos à comunidade e explica também como funciona o planejamento deles.

“Quando organizamos um curso como esse, a principal preocupação é pensar qual o público vai estar presente e o que ele vai levar daqui para complementar seu conhecimento. Esse curso, por exemplo, não teve o objetivo de uma formação técnica, mas, de instrumentalizar um público mais leigo. E, foi organizado a partir de práticas baseadas em evidências, sustentadas por pesquisas que fundamentam e norteiam nosso trabalho utilizado na Abads”, disse.

“Não é só educar, mas ensinar valores”

Muitas alunas eram educadoras da EBI que, por sentirem necessidade de buscar ajuda para os cuidados com esse público, crianças e jovens com autismo e deficiência intelectual, encontraram no curso uma fonte de conhecimento e troca de experiências. E, já estão colocando em prática e aperfeiçoando algumas ideias que receberam durante as aulas.

Assim aconteceu com Beatriz Rodrigues (à esquerda na foto), de 27 anos, que atua na coordenação da EBI no Templo de Salomão – que atende centenas de crianças diariamente, durante o período das reuniões, de manhã, tarde e noite –, e participa do projeto de adaptação e inclusão das crianças com deficiência. Ela atua especificamente com crianças de 4 a 10 anos.

“No último dia de aula, por exemplo, aprendemos como organizar melhor o ambiente e o material para receber e acolher essas crianças. É muito importante, pois, fazemos adaptações dos manuais com os temas educativos que envolvem o ensino de valores. Até mesmo para facilitar a rotina das crianças, abordando a inclusão e a tolerância. Sentimos a necessidade de adaptar o conteúdo para o melhor recebimento delas. Estamos nos aprimorando e aprendendo a individualizar o tratamento, mas ao mesmo tempo integrá-las ao grupo. E, ensinar outras crianças a compreender a diferença, amar e respeitar o outro. É um desafio grande, mas o curso tem ajudado a olharmos de outra perspectiva. Não é só educar, mas ensinar valores”, afirmou.

Uma experiência enriquecedora

O último dia de aula foi ministrado pela pedagoga e coordenadora da Abads Vivian Santos. Há 10 anos trabalhando diretamente com autistas, ela apontou como essa troca de experiência com quem lida com as crianças em salas de apoio é enriquecedora e como dá para trabalhar, mesmo com poucos recursos.

“Eles perguntam muito, participam e é por meio da necessidade deles que acabamos modelando e adequando a aula. Eu repasso um pouco da experiência do que abordamos também com os profissionais. Mostramos as atividades estruturadas na prática e apresentamos os materiais. Trabalhamos muito com reciclado. Um pregador, por exemplo, pode fazer o movimento de pinça com as mãos, que no futuro faz com que as crianças peguem no lápis corretamente para aprender a escrever. Com pouco a gente consegue fazer muito pelo ensino. Às vezes, só o próprio ambiente é favorável para você ensinar uma habilidade”, declarou.

A Abads

A Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social é uma organização sem fins lucrativos. Desde 1952 atende crianças, jovens e adultos portadores de síndrome de Down, autismo e outras necessidades. Caso queira conhecer mais sobre esse trabalho desenvolvido no local e apoiar a instituição, acesse a página oficial da Abads nas redes sociais.

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Colaborador

Michele Roza / Fotos: Cedidas