Cresce, em todo o mundo, o número das atividades de pedófilos virtuais durante a quarentena

Os países mais afetados com a pandemia são também os que mais enfrentam o problema

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18 de maio foi o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, mas, infelizmente, as notícias não são boas. Pois os dados apontam para um crescimento alarmante no número de casos de abuso sexual online nesse período de isolamento, principalmente nos países mais afetados pela pandemia.

De acordo com uma reportagem da BBC News Mundo, em março a Espanha registrou cerca de 21 mil downloads de material pornográfico infantil.

Ainda segundo a reportagem da BBC, na Itália, as denúncias de crimes relacionados à pornografia infantil virtual aumentaram mais que o dobro, durante o período de quarentena, em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, houve uma diminuição na idade média das vítimas, que, de acordo com a polícia italiana, são crianças entre 10 e 13 anos de idade.

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Pais devem ter atenção redobradas

Diante dessas estatísticas assustadoras da atuação massiva desses criminosos virtuais no mundo inteiro, que se aproveitam do fato das pessoas estarem mais conectadas, inclusive as crianças, para agirem, os pais devem redobrar sua atenção sobre o conteúdo que seus filhos acessam na internet e, sobretudo, orientá-los acerca do perigo que os cercam.

Para a psicóloga Neia Dutra, é fundamental que os pais esclareçam para os filhos sobre a existências desses criminosos, desta forma, elas ficarão atentas, e quando se depararem na internet com pessoas sugerindo coisas como: “tire um nude”, “mostre uma parte do seu corpo”, “fale sobre sua intimidade”, comunicarão imediatamente aos pais.

Contudo, ela explica que nos dias atuais, dificilmente, os pais terão o controle total daquilo que seus filhos vêm na internet, tendo em vista a habilidade tecnológica das crianças hoje em dia e, principalmente, a dos criminosos virtuais.

Como proteger nossas crianças

Por isso, para a psicóloga, a melhor maneira de protegê-las é por meio do diálogo.

“Acredito que além de filtros de segurança que podem ser usados para controlar os acessos dos filhos na internet a melhor forma ainda é a velha e valiosa conversa. Esclarecendo às crianças sobre a existência dessas pessoas e suas maldades. E por serem criminosos, elas não devem jamais tentar lidar com eles sozinhas, caso apareçam em algum meio de comunicação virtual onde elas estão conectadas. Mas, devem contar para os pais, pois só eles poderão parar a maldade desses criminosos denunciando às autoridades”, orienta Neia.

Ela acrescenta ainda que o medo, a vergonha e a culpa têm feito muitas crianças se calarem diante de tamanha atrocidade e carregar um peso muito maior que sua estrutura pode suportar.  Por isso é dever dos pais manter uma linha de comunicação aberta com seus filhos, para que possam comunicar seu sofrimento e receber a ajuda e apoio necessários.

Programa Escola de Mães

Neia Dutra (foto ao lado) é coordenadora nacional do programa Escola de Mães, mantido pela Universal, cujo objetivo é valorizar e prestar assistência aos pais na criação dos seus filhos. Ela defende que o melhor trabalho a ser feito junto aos pais é a informação, pois ela desmistifica tabus e torna fácil o diálogo sobre temas complexos, como pedofilia. “Por isso, os temas das aulas são originados de assuntos atuais que permeiam a relação pais e filhos.  A segurança das crianças – mesmo dentro de casa, também faz parte da relação familiar”, destaca.

Para conhecer melhor o trabalho do Programa Escola de Mães acesse aqui.

 

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Colaborador

Jeane Vidal / Fotos: Getty Images