A cada minuto, um caso de violência doméstica contra a mulher é denunciado no País

As agressões podem ser de ordem verbal, psicológica, moral, além de física. Saiba como buscar ajuda

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Uma denúncia de violência doméstica a cada minuto. Esse foi o índice apontado pelo 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), sobre o número de ligações que a polícia recebeu de vítimas ou de quem presenciou agressões físicas ou psicológicas contra mulheres no ano de 2020.

O levantamento mostrou que a polícia recebeu 694.131 ligações destas denúncias, um crescimento de 16,3% em relação a 2019. “As mulheres estão mais conscientes da necessidade de fazer as denúncias e de que podem utilizar os meios de segurança pública para fazer isso”, afirmou a delegada Jamila Jorge Ferrari, em entrevista ao R7.

O estudo também revelou que 230.160 mulheres denunciaram casos de violência doméstica em 26 estados — sendo o Ceará o único que não informou. Isso significa que, diariamente, uma média de 630 mulheres procuraram uma autoridade policial. Ademais, o número de medidas protetivas de urgência concedidas pelos Tribunais de Justiça aumentou 3,6%.

Ciclo de violência

A recente publicação do estudo coincidiu com a divulgação de um caso que ganhou destaque na mídia: do artista conhecido como DJ Ivis contra sua ex-esposa Pamella. Ela publicou um vídeo das agressões físicas sofridas em casa — em Fortaleza, capital cearense — , e também fez a denúncia às autoridades policiais alguns dias após a violência, fora do flagrante.

“Apesar de termos uma das legislações mais avançadas em termos mundiais, a gente vê que as implementações de políticas públicas ainda estão muito aquém da situação necessária. As mulheres que estão em um ciclo de violência, reféns, muitas vezes não percebem e de vítimas se colocam como culpadas. Então, é uma situação que a gente tem que ter uma nova leitura, não só em legislação e punição, mas também uma leitura social e uma reeducação a respeito deste tema”, declarou a delegada Raquel Gallinati, durante participação no programa “Fala Que Eu Te Escuto”, que abordou o tema e repercutiu diversos casos, de famosos e anônimos.

Agressão evolutiva

Muitas vítimas acabam demorando para fazer a denúncia. Até mesmo por pensarem que podem ter causado alguma situação que influenciou a atitude do agressor, bem como acreditarem que o agressor vai mudar. O que contribui com a impunidade e aumenta o risco de casos de feminicídio. A saber, só ano passado, ocorreram 1.350 feminicídios no País, um aumento de 0,7% em relação ao ano anterior. 81,5% das mulheres são mortas por companheiros ou ex-companheiros e 8,3% por outros familiares.

Ademais, a delegada também deu orientações sobre como a vítima pode identificar a violência doméstica e como deve agir diante dessa situação. “O primeiro passo é identificar que uma agressão é evolutiva (…) A primeira é a verbal, psicológica, moral; quando a mulher se sente angustiada naquele relacionamento. Neste primeiro viés de agressão, ela tem que romper o relacionamento (…) Os agressores procuram as vítimas vulneráveis, e as vítimas estão vulneráveis justamente pela sua baixa autoestima”, comentou.

Clique aqui e assista a este programa do “Fala Que Eu Te Escuto” na íntegra.

Rede de apoio

Por fim, é muito importante buscar ajuda e também denunciar.

A saber, o Disque 180 é um serviço gratuito e confidencial da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos (MDH). Além disso, registra denúncias de violações contra mulheres, as encaminha aos órgãos competentes e realiza seu monitoramento. Ademais, o canal funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Se você está passando por uma situação de violência ou conhece uma mulher que esteja, o grupo Godllywood está aberto para atender todas as mulheres, sem exceção. As voluntárias do grupo oferecem orientações, bem como apoio emocional e espiritual, e em todos os estados brasileiros. Clique aqui para mais informações.

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Colaborador

Redação / Fotos: Istock