A armadilha de viver perigosamente

Por que muitos se enganam com desafios infrutíferos?

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Ele vive perigosamente arriscando a vida. Quando sobe em sua moto, ele adora pegar a estrada para se sentir veloz ao ultrapassar outros veículos com sua máquina reluzente. Essa poderia ser a premissa de um filme qualquer ao melhor estilo Velozes e Furiosos ou outro do gênero que faz tanto sucesso nos cinemas, mas não é. Muito provavelmente esse é o sentimento de diversos homens que buscam por meio da velocidade de suas motos ou carros algo que essa prática não lhes trará: paz.

Há quem decida fazer uma escalada sem os devidos equipamentos de segurança, como a corda, o capacete e os mosquetões, confiando somente na força dos braços e na habilidade para subir uma montanha extremamente íngreme só para contar depois aos amigos sobre seu feito inacreditável.

E há outros exemplos: quem não conhece aquele amigo que, inspirado em alguma cena de um filme de James Bond, pula de paraquedas para se sentir vivo?

Não se trata aqui de criticar quem já passou por experiências como essas, mas, para muitos, a repetição delas é uma espécie de atestado de demonstração de coragem e masculinidade. Não são poucos os que fazem questão de alardear aos outros como é essa sensação. Eles costumam dizer que naquele momento que estão a sós em seu desafio são até capazes de sentir que Deus está com eles. Será?

Muitos homens dizem que aguardam com ansiedade quase juvenil o final de semana em que a experiência será repetida ou, pior, quando a aposta no desafio será dobrada em uma disputa mais perigosa ainda. Eles querem que a descarga hormonal, desencadeada a cada ação desse tipo, continue fluindo incessantemente e repetidamente em sua corrente sanguínea.

Eles passam a viver mais em função da busca desse momento do que da própria vida em si. Também justificam que são viciados na adrenalina que o desafio lhes proporciona e passam a ser controlados pelas emoções. E aí está o grande erro: se há um vício, há um problema sério, pois o controle da situação não é mais deles.

Há muitas passagens bíblicas que falam disso. Uma delas expressa bem o que estamos abordando: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” (1 Coríntios 6.19-20).

Quem acha que encontra Deus nessas ações está muito enganado. A experiência com Deus certamente é muito mais do que algo que mexe com emoções desenfreadas. Nenhuma droga ou atitude que provoque o descontrole deve ser encarada como comunhão com Deus.

Quem relata que teve algum tipo de vivência real com o Espírito Santo costuma falar do quanto estava consciente quando isso aconteceu e sabe que a experiência com Deus não é fugaz como nesses momentos de busca por descarga de adrenalina. Trata-se de algo perene e que depende sempre do exercício da Fé em todos os dias e em todas as horas.

Por outro lado, a vida já exige coragem suficiente do homem para que seja enfrentada sem que precisem ser inventados desafios que comprovem bravura e coloquem sua vida em risco. Talvez quem esteja afeito a essas disputas seja no fundo alguém muito inseguro e que, na realidade, ainda não conhece a Deus. A boa notícia é que ainda há tempo de conhecê-Lo verdadeiramente. Basta ter coragem e querer se entregar a Ele de corpo e alma. Esse é o grande desafio.

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Colaborador

Eduardo Prestes / Foto: getty images