322 presas da Penitenciária Feminina de Santana se formam em cursos profissionalizantes promovidos pela UNP

A cerimônia de formatura contou com a presença do Bispo Renato Cardoso e de autoridades políticas e do sistema prisional. Confira

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Um ambiente hostil, sombrio e violento. Essa é a imagem que a maioria de nós temos de uma penitenciária, especialmente, em se tratando do sistema prisional precário e superlotado do Brasil.

Mas, na manhã dessa sexta-feira (23), na Penitenciária Feminina de Santana – umas das instituições penais mais antigas de São Paulo, inaugurada em 1920, com uma arquitetura belíssima, embora desgastada pelo tempo –  esse clima sombrio deu lugar a um clima de fé e esperança, que invadiu o local e o coração de todos os que estavam lá para prestigiar o evento de formatura de 322 presas que concluíram os cursos de Cabeleireira, Brigadeiro Gourmet e Salgados, fruto da parceria da Universal, por meio do programa social Universal nos Presídios (UNP) e da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).

Unidos por uma causa:

Autoridades, funcionários, pastores e voluntários da UNP se uniram para proporcionar a essas mulheres a oportunidade de se desenvolverem profissionalmente, a fim de reconstruir suas vidas fora das grades.

A organização do evento, bem como a decoração do local – preparado para receber as formandas -, em nada deixaram a desejar comparadas as de outros eventos de formatura convencionais. Aliás, nem parecia que estávamos dentro de uma penitenciária.

Momentos iniciais:

Posicionadas em seus lugares, vestidas com os trajes tradicionais de formatura (capa e capelo), as reeducandas aguardavam ansiosas o começo da cerimônia, que teve início com o pronunciamento de alguns dos representantes do sistema prisional e da Universal.

Autoridades presentes:

Entre eles, o Secretário de Estado da Administração Penitenciária (SAP), Coronel Dr. Marcello Streifinger; o diretor geral da unidade, Dr. Osvaldo Martins Bueno; do responsável pela Igreja Universal do Reino de Deus no Brasil, Bispo Renato Cardoso, e do Pastor Clodoaldo Rocha, responsável nacional da UNP.

Também estavam presente a Dra. Carolina Maracajá, responsável da Coordenadoria de Reintegração Social e de Cidadania; Maria Rosa Lo Duca Nebel, Secretária de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (SEAP); a juíza Dra. Carla Kaari; a Deputada Estadual Edna Macedo e o Vereador Sansão Pereira, ambos do Republicanos.

Momentos marcantes:

Além da apresentação do coral Vozes da Liberdade, formado por 24 detentas e que emocionou a todos com suas canções, outro momento que causou comoção nas formandas foi ao assistirem os depoimentos de seus familiares, gravados especialmente para essa data. Uma delas, porém, na hora da entrega dos diplomas, foi surpreendida pela presença da avó e do filho de 8 anos, que não via há mais de 2. Foi das mãos da avó que ela recebeu o diploma.

Histórias de superação:

Contudo, naquele pátio, havia também muitas histórias de superação de ex-detentas, que um dia foram beneficiadas com o trabalho da UNP e, hoje, completamente recuperadas, atuam como voluntárias ajudando essas mulheres com suas histórias inspiradoras de fé e regeneração.

De detenta à mestre de cerimônia:

Uma delas era Silvia Ramos, de 49 anos (foto à esquerda). Condenada a 48 anos de prisão, dos quais, cumpriu 6 meses nessa mesma unidade. Agora, 14 anos depois, ela retorna como voluntária da UNP e mestre de cerimônia do evento de formatura.

Um livro mudou o destino de Silvia:

Ela conta que conheceu o trabalho da Universal no dia que tinha decidido se matar. Era dia das mães, então, recebeu a visita da filha que a presenteou com o livro Nada a Perder 1, que as voluntárias da UNP lhe entregaram na entrada do presídio.

Silvia havia planejado se matar quando a sua companheira de cela estivesse dormindo, porém, justamente naquela noite, ela demorou para dormir, então, ela decidiu ler o livro. Quando se deu conta já eram 3 horas da manhã e a vontade de se matar já não existia mais.

  • “Aquelas palavras tinham vida e diziam para mim que, se eu quisesse, a minha vida tinha jeito, que tudo dependia de mim. Com 6 meses, eu recebi minha liberdade. Faz 14 anos que estou livre e há 12 eu estou firme com Jesus e com a minha vida totalmente transformada. Então, estar aqui como mestre cerimônia é uma honra, pois eu sou resultado desse projeto”, afirma.
“Passa um filme na nossa cabeça”:

Assim como Silvia, a voluntária Mônica Firmino de Sousa, de 49 anos (foto à esquerda), também cumpriu pena na Penitenciária Feminina de Santana por 5 anos e teve sua filha dentro da prisão.

  • “Voltar aqui está sendo uma emoção. Passa um filme na nossa cabeça, o sofrimento, o desespero do dia a dia. Eu conheci o trabalho da UNP aqui dentro e depois que eu saí procurei a Universal e estou até hoje. Estou livre há 10 anos, graças a Deus, e estou no trabalho da UNP há 8.”
Experiências vividas hoje servem de motivação:

A voluntária Shirley Ghattas, de 39 anos (foto à direita), conta que passou pela experiência de ter familiares presos, então, conhece bem a dor dos familiares e dos encarcerados.

  • “Isso me levou a querer ajudar nesse trabalho, porque muitas pessoas aqui dentro estão abandonadas, então, a gente chega, passa uma palavra de fé e conta nossas experiências para que elas se sintam motivadas a continuar”, conclui.
Depoimentos dos professores:

Além de voluntários da UNP, Dinho e Taís Correa (foto abaixo), são cabeleireiros profissionais e foram os responsáveis por ministrar as aulas do curso.

Dinho destaca que todos os módulos foram muito bem trabalhados, pensados e executados com muita excelência. “Eu, como professor, fiquei muito feliz com o desempenho delas. O meu sentimento é de dever cumprido com a Palavra de Deus”, diz.

  • “Fazer parte de tudo isso nos deixa muito felizes, é um momento de transformação da vida delas, é como se, literalmente, elas não estivessem aqui dentro, mas livres”, ressalta Taís.

Frutos já estão sendo colhidos:

Já o curso de Brigadeiro Gourmet foi idealizado pela esposa do Pastor Clodoaldo, Paula Rocha. Ela conta que é de uma família de confeiteiros, então, quando pensou no que poderia ensinar, lembrou dos doces. Ela decidiu se especializar para poder oferecer às alunas algo diferenciado.

  • “Eu me empenhei para trazer o que eu recebi de uma forma dinâmica, que não parecesse que elas estavam dentro do presídio. Elas não foram tratadas como detentas, mas como alunas, e isso despertou o interesse nelas. Nós tivemos meninas que já saíram e já estão lá fora colocando em prática o que receberam aqui. Hoje nós temos ex-detentas que se especializaram dentro do presídio e são professoras, inclusive dessa turma. Então, eu creio que a gente vai ter muitos frutos desse curso”, destaca.

Fortalecendo os laços:

O diretor da penitenciária, Dr. Osvaldo Martins Bueno, pontua que há anos a Universal faz um belo trabalho nas unidades prisionais de São Paulo e destaca a parceria firmada com a SAP de São Paulo.

  • “Essa parceria só veio abrilhantar e reforçar os laços das unidades junto à Igreja. Isso tem proporcionado um enriquecimento muito grande para nós e muitas atividades. E é o que tentamos mostrar para elas, que estamos aqui para ajudar na ressocialização, na busca de formação, trabalhamos em prol da recuperação delas”, destaca.

“A importância desse trabalho é enorme, porque as pessoas que estão aqui recolhidas, às vezes, perderam a crença nelas mesmas e precisam [então] ser provocadas por alguém. Ou através do trabalho, ou da família, da educação, da religião… A Universal vem através de tudo isso e, muitas vezes, concilia a família nesse processo. Isso faz com que elas tenham expectativa de futuro e, por consequência, o ambiente na unidade fica muito mais tranquilo”, ressaltou o Dr. Marcello Streifinger, Secretário de Estado da Administração Penitenciária (SAP).

Bispo Renato faz um apelo a todos os cristãos:

Ao ser questionado sobre quais sentimentos foram despertados ao entrar naquele pátio e se deparar com todas aquelas presas, inclusive as que assistiam o evento das janelas de suas celas, atentas a tudo que era dito, a cada palavra, a cada ensinamento, especialmente na hora da mensagem de fé e da oração, o Bispo Renato respondeu:

  • “Alguns sentimentos… Um deles foi que se todos os membros da Igreja, pastores, obreiros, esposas, voluntários, pudessem vir aqui e ver, fazer o trabalho, eles teriam – eu acredito – uma renovação espiritual do que é obra de Deus. Nós tivemos aqui vários diretores, inclusive, a secretária do Rio de Janeiro está aqui para ver o trabalho e considerar a implantação no Rio de Janeiro. Então, eles estão dizendo assim pra Universal: ‘vem! Faz mais disso! ’ E nós não temos trabalhadores para poder se dedicar a esse trabalho. Então, a dor que a gente sente é de não poder fazer mais, a gente só pode fazer mais se tiver pessoas que, realmente, são despojadas. Então, a gente clama a Deus que mande mais pessoas assim para a obra dEle. Se você é cristão e quer fazer a obra do Senhor Jesus na vida dos presos, contate a UNP, você vai ser bem-vindo para acompanhar esse trabalho, ver como é feito. Eu gostaria muito que todos pudessem, pelo menos, uma vez, vir conhecer o trabalho dentro dos presídios!”, enfatizou o Bispo Renato.

Em tempo:

Todas as reeducandas foram presenteadas com uma Bíblia e, no encerramento do evento, receberam um kit de higiene e de salgados.

Neste ano, 3.300 reeducandos já concluíram um dos cursos ofertados pela UNP em 37 unidades prisionais de São Paulo. Entre os cursos oferecidos estão: Barbearia, Cabeleireiro, Confeitaria, Designer de Sobrancelhas, Eletricista, Empreendedorismo, Mecânica de Moto, Pedreiro, Pintura Predial e Pizzaiolo.

Acompanhe a matéria da TV Templo:

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Colaborador

Jeane Vidal / Fotos: Guilherme Branco e Comunicação UNP