thumb do blog Renato Cardoso
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SABER-abismo-FAZER

O problema nunca foi falta de conhecimento. O problema é atravessar o abismo entre saber e fazer. Assista à mensagem

Eu gostaria que você considerasse algumas situações bem diretas. Pode um derrotado falar de sucesso ou fé? Ou, alguém acima do peso dar conselhos de nutrição? Pode um psicólogo não conseguir resolver o próprio casamento? Pode um terapeuta de casal acabar se divorciando repetidas vezes?

E mais: pode um pastor falar de Deus e, ainda assim, não ter nada de Deus dentro de si?

À primeira vista, essas situações parecem absurdas. Contudo, infelizmente, elas não só podem acontecer como acontecem com frequência. Isso revela o mundo de contradições, falsidade e hipocrisia em que vivemos. O mundo até conhece a verdade, mas prefere maquiá-la com a mentira.

O alerta de Jesus contra a hipocrisia religiosa

Por isso, o Senhor Jesus fez alertas claros sobre esse comportamento. Em Mateus 23, Ele fala dos escribas e fariseus — líderes religiosos que ocupavam a “cadeira de Moisés”, ou seja, o lugar de autoridade espiritual.

Jesus foi direto:

“Fazei o que eles dizem, mas não façais o que eles fazem, porque dizem e não fazem.”

Em outras palavras, já naquela época a hipocrisia tinha nome. Eles conheciam profundamente as Escrituras, mas não praticavam o que ensinavam. O orgulho religioso os cegou a tal ponto que não reconheceram o próprio Messias que tanto estudavam.

Jesus ensinou com atitudes, não apenas com palavras

Em contraste, olhe para o exemplo do próprio Jesus. Na noite da Santa Ceia, enquanto os discípulos discutiam quem era o maior entre eles, Ele se levantou, pegou uma toalha, uma bacia com água e começou a lavar os pés de cada um.

Sem discursos longos, Ele ensinou com ações. Depois, concluiu:

“Eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.”

Note bem: não foi “como eu falei”, mas “como eu fiz”. Jesus viveu aquilo que ensinou. E por isso completou:

“Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.”

Saber não é suficiente

Aqui está o ponto central: não basta saber. Conhecimento sem prática não gera resultado. O fracassado pode até saber tudo sobre sucesso, mas, se não vive isso, suas palavras não têm autoridade. O mesmo vale para quem sabe cuidar do corpo, mas não cuida do próprio, ou para quem prega a Palavra, mas não a obedece.

A bênção, o sucesso e a transformação vêm de fazer aquilo que se sabe. Isso é fé.

Fé não é religiosidade

Muita gente confunde fé com rituais religiosos. Acender uma vela, deixar a Bíblia aberta em casa, rezar, fazer o sinal da cruz, ir à igreja todos os domingos — tudo isso pode existir sem fé verdadeira.

Os fariseus faziam muito mais do que isso e, ainda assim, eram apenas religiosos. A religiosidade preocupa-se com aparência, hábitos externos e aprovação social. Mas o interior continua longe de Deus.

Duas formas de ler a Bíblia

Aqui eu quero reforçar algo importante. Existem duas formas de ler a Bíblia.

A primeira é abrir as Escrituras para procurar versículos que apoiem aquilo que você já pensa e quer fazer. Você escolhe textos soltos para justificar suas decisões.

A segunda — e correta — é abrir a Bíblia com o coração humilde e dizer: “Meu Deus, ajuda-me a entender a Tua vontade. E se eu tiver que mudar, dá-me forças para obedecer.”

Quando você lê assim, a Palavra confronta, corrige e transforma. E, quando você obedece, ela produz frutos.

A verdadeira fé transforma atitudes

Isso é fé. Não é religiosidade. Fé é ouvir a Palavra de Deus, compreendê-la e colocá-la em prática. Deus não é uma religião. Jesus não é um sistema. Jesus é uma pessoa.

Relacionar-se com Ele exige coerência entre o que se crê e o que se vive. Quando você entende isso, descobre a verdadeira fé — e deixa de ser apenas alguém que fala bonito, mas cuja própria vida desmente suas palavras.

Porque, no fim das contas, fé de verdade sempre aparece nas atitudes.

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Colaborador

Bispo Renato Cardoso