Você se julga incapaz de lidar com seus problemas e se pune?
Saiba como não entrar no círculo vicioso das agressões autoimpostas
O número de pessoas com depressão aumentou 18,4% em toda a população mundial no período de 2009 a 2019, de acordo com uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O percentual corresponde a mais de 322 milhões de pessoas. O levantamento, divulgado no ano passado, também aponta que o Brasil é o País mais ansioso da América Latina: 5,8% dos brasileiros apresentam esse problema. Muitos chegam a se autodepreciar ou se autopunir e dizem a si mesmos que não são capazes de gerenciar suas vidas, construir suas carreiras, sustentar suas famílias ou serem felizes.
De acordo com a neuropsicóloga Joselene Alvim, coordenadora do curso de neuropsicologia da Unoeste, em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, a autoagressão é uma maneira disfuncional de resolver os problemas. “Estas pessoas não encontram formas mais saudáveis para solucioná-los e apresentam poucas estratégias de enfrentamento. Pesquisas sugerem que o ato de autoagressão demonstra comprometimento na tomada de decisões e no controle dos impulsos que são habilidades cognitivas responsáveis pelo planejamento e execução das tarefas”, explica.
Punição física
Em muitos casos, a autopunição se torna física. “O autoflagelo seria uma forma de gritar, de falar desta dor por meio da automutilação. Alguns relatam que provocar a dor física é uma maneira de reduzir significativamente a dor psíquica, numa espécie de troca, em que a primeira seria mais tolerável do que a segunda. No entanto o alívio é momentâneo e quando o incômodo ressurge, a pessoa volta a se autoagredir, tornando o ciclo vicioso”, diz Joselene.
Segundo ela, a baixa autoestima agrava esse comportamento, mas não é o fator que desencadeia a autoagressão. “As causas são variadass, desde a dificuldade de expressar o sofrimento emocional, decorrentes de situações de ansiedade ou depressão, do bullying, da angústia, da sensação de culpa, da tristeza, da raiva de si mesmo ou de outros, como o desejo inconsciente de morrer”, alerta a especialista.
A prevalência da autopunição é maior entre adolescentes e mulheres. “A maioria dos casos acontece na adolescência e 10% deles seguem na fase adulta. Há casos de autoagressão na infância também. Pessoas com transtorno borderline, transtorno bipolar, transtorno depressivo maior e as que fazem uso de drogas são suscetíveis a se automutilarem, mas a automutilação em adultos é rara”, esclarece.
Regiões do corpo que possam ser escondidas pelas roupas, como a barriga, as coxas e os braços, são os principais alvos dessas agressões.
“Podem ser arranhões com as unhas, inicialmente leves, ou queimaduras com pontas de cigarro, passando para formas mais intensas, como cortes que são feitos com tesouras, facas, agulhas ou lâminas de barbear. Há casos mais graves de introdução de objetos no organismo”, revela Joselene.
Ela salienta que a família precisa ficar atenta e desconfiar se houver comportamento estranho por parte dos adolescentes: “o uso constante de blusas de manga comprida ou calças, mesmo no calor, que é uma forma de esconder os ferimentos, ou ainda perceber se há presença de algum ferimento no corpo sem causa aparente”.
A saída
Joselene avalia que é preciso encontrar o que está desencadeando a autoagressão para poder combatê-la. “Todos nós temos tristeza e sentimentos de culpa em alguns momentos da vida, o que não quer dizer que levarão à autoagressão. É preciso compreender as próprias emoções e encontrar maneiras positivas de lidar com os problemas, bem como formas de aliviar a tensão emocional que não seja por meio da autoagressão, como melhorar a autoestima com ajuda do autoconhecimento”, afirma.
O Bispo Edir Macedo ressalta que o caminho para a cura dessa autoagressão está na entrega a Deus e na Aliança com Ele. “Quando nascemos de Deus, não existe problema de autoestima, pois o Espírito Santo transforma nossa identidade e nosso valor. Por isso, não ficamos nessa oscilação, ora estamos bem, ora estamos mal. Não ficamos feridos pela forma que somos tratados. Se somos honrados dizemos ‘amém’, se somos desprezados, também dizemos ‘amém’, porque o nosso valor não vem do que os outros fazem ou pensam a nosso respeito”, explica.
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