Engasgar é algo muito comum. Com crianças pode acontecer quando engolem objetos sem querer ou até quando tomam líquidos. Com adultos também é frequente quando estão se alimentando. Para termos uma ideia do perigo, em 2018, no Brasil, mais de 3 mil pessoas morreram ao se engasgarem, segundo o Ministério da Saúde. Mas muitas delas poderiam ser salvas se quem estivesse próximo soubesse ministrar os primeiros socorros.

Para Moisés Gomes, de 54 anos, bombeiro e diretor da Escola de Bombeiros Civis do Estado de São Paulo, quem não está treinado para situações deste tipo pode agir de maneira equivocada. “Quando você nunca fez a simulação em manequim nem vivenciou uma situação de obstrução respiratória e é pego de surpresa, pode entrar em pânico e tentar resolver dando tapas nas costas de quem engasgou. Bater nas costas é um mito e não funciona. Com a manobra errada, o que era uma obstrução parcial se torna uma obstrução total e pode ser fatal. A forma eficiente é aplicar a manobra de Heimlich (veja arte ao lado)”, observa.

De acordo com o especialista, antes de usá-la é preciso se acalmar e verificar se a pessoa está respirando. “Pergunte se a vítima pode falar.

Se ela puder, mesmo que seja com dificuldade, se trata de uma obstrução parcial e não se deve usar a manobra de Heimlich. Se for um bebê, para aplicá-la, veja se ele não está emitindo nenhum som e agonizando, mexendo os membros, tentando se desvencilhar do engasgamento e ficando roxo. Esse é um sintoma clássico”, explica o bombeiro.

Gomes diz que, em qualquer caso, o resgate deve ser chamado pelos telefones 192 ou 193. “Se aplicar a manobra e o objeto não for expelido, a vítima pode desfalecer. Coloque-a na posição mais confortável para ela. Se ela entrar em parada respiratória, faça massagem cardíaca. A prioridade é fazer o sangue circular e ganhar tempo até a chegada dos paramédicos. O profissional de emergência é quem vai decidir se o desbloqueio da traqueia será feito no local ou em um centro cirúrgico”, conclui.