Você acredita que é realmente livre?

Assim como a Lei Áurea não garantiu aos escravizados uma libertação completa, quem não se entregou realmente a Deus não está tão livre quanto pensa

Há muito tempo é contestado se a Lei Áurea, que em 1888 declarou proibido o escravagismo no Brasil, significou realmente a liberdade para quem até então era escravizado. Esse não é um tema abordado com a profundidade merecida nas aulas de História nas escolas, mas o Império brasileiro só libertou os escravizados por pressões da Inglaterra, principal parceiro comercial do Brasil, que promoveu uma grande campanha abolicionista no mundo então conhecido e dito civilizado. Os ingleses fizeram isso de olho no lucro que trabalharadores assalariados dariam ao comprarem seus produtos industrializados.

Já os exploradores de trabalho escravo brasileiros não queriam que esse sistema chegasse ao fim – afinal, o lucro deles dependia daquela mão de obra praticamente grátis. Eles não se importavam com a dignidade humana que os negros oriundos da África e seus descendentes deveriam ter.

Muitos historiadores alegam que de nada adiantou libertar as pessoas sem lhes oferecer meios de sustento e de se ajustarem na sociedade, o que gerou miséria e manteve um grande preconceito vivo. A miséria em que os ex-escravizados foram jogados é transmitida há gerações. Afinal, tendo de trabalhar desde a infância para sobreviver e sem receberem educação de qualidade, filhos e netos daqueles ex-cativos pouco puderam ascender socialmente.

Mais de cem anos se passaram e os negros ainda precisam lutar contra o racismo. E, assim como aqueles da época da Abolição, ainda hoje a população mais pobre do Brasil vive sem acesso à boa educação, saúde, segurança ou mesmo emprego.Nova escravidão velada

Assim como os políticos de 1888, os de hoje pouco se preocupam em levar qualidade de vida à população. A esquerda, por exemplo, que se diz ter o monopólio dos pobres (negros, brancos e índios), com seus posicionamentos incompreensíveis, parece defender uma nova forma de escravidão velada: tornar o brasileiro dependente de suas “migalhas” apenas para angariar seus votos, enquanto a maior parte dos recursos públicos são desviados, como já foi visto em larga escala anteriormente.

A liberdade que esses falsos libertadores promovem é a deles mesmos. Quem não conhece um político devidamente preso que conseguiu, por manipulação política e judiciária, ser posto em liberdade? Ou mesmo um reconhecido criminoso que jamais tenha sido preso?

A verdade é que submeter o povo a condições miseráveis ainda beneficia algumas pessoas, especialmente na ala política. Daí a importância de escolher muito bem em quem votar. Enquanto a população não puder escolher – e escolher de fato – quem torne o Brasil mais justo, esse regime de quase escravidão aos mais pobres seguirá: pessoas “se matando” em subempregos apenas para sobreviverem sob um teto qualquer e com alguma comida na mesa.

Libertinagem não é liberdade
Refletir sobre a escravização em sociedade também abre um gancho para discutirmos outro tipo de liberdade, cada vez mais importante nos dias atuais: a liberdade em relação ao pecado. Quem segue escravizado por vícios e comportamentos malignos e quem, de fato, conquistou a liberdade segundo o Senhor Jesus?

Independentemente da cor da pele ou de leis humanas, o grande problema do homem de hoje é que ele segue escravo de si mesmo e se torna, por tabela, escravo de coisas (como drogas), pessoas (como político da linha “rouba, mas faz”, cônjuge abusador e tantos outros) e até de comportamentos (como a promiscuidade).

Mas a Palavra de Deus é clara em relação ao ser livre: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne” (Gálatas 5.13). Infelizmente, muitos acham que liberdade é fazer o que se quer sem sofrer as consequências. E é essa falsa liberdade que se transforma facilmente em libertinagem. O ser humano acaba se deixando levar pelos vícios, pela pornografia, pela promiscuidade, pela desonestidade. No fim, porém, descobre que não está livre, mas apenas se tornando escravo de si, de algo ou de outrem.

O Próprio Senhor Jesus afirmou: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36). Ou seja: só quem aceita que Deus entre em sua vida por meio da aceitação de Seu Filho está livre de fato da escravidão que o pecado causa. Ninguém pode se considerar “livre para fazer o que quiser” se os grilhões do diabo o acorrenta. São essas correntes que manipulam o escravizado espiritualmente e o fazem confundir liberdade com libertinagem. Como o Próprio Messias ensinou, só se houver uma libertação na mente e no espírito é que o corpo jamais será escravo.

Quem pode se dizer livre?
Quantas histórias vemos de quem, longe da Fé, teve sua vida controlada por vícios, doenças e outros males escravizantes, que só podem vir do inferno? Muitos posam de cristãos sem o serem de verdade. Muitos “crentes” se acham libertos, mas são apenas escravos do pecado que esquentam bancos de igrejas.

Somente os que receberam o Espírito Santo têm sua liberdade assegurada, pois, ao se entregarem a Deus, garantiram Sua Promessa: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai” (Romanos 8.14-15).

Resumindo, a liberdade e a independência verdadeiras não virão de pessoas (da própria mente dela ou de terceiros), de políticos que assinem algo ou de partidos. A liberdade verdadeira veio do ato de sacrifício do Senhor Jesus – mas precisa da real entrega do escravizado para funcionar. O ser humano é livre para decidir se continuará realmente livre ou apenas um servo em
correntes invisíveis.

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Colaborador

Redação / Foto: getty images