Violência contra a pessoa idosa
Apesar do respeito aos mais velhos ser uma das lições básicas da sociedade, os registros de violência, abuso e maus-tratos contra os idosos crescem dia a dia
No Brasil, 15,6% da população tem mais de 60 anos, o que corresponde a cerca de 32 milhões de pessoas, como indica o Censo 2022. O levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela o envelhecimento acelerado da população e prevê que, em 2070, um em cada três brasileiros estará nessa faixa etária.
Por conta dos índices e projeções, é sensato idealizar políticas sociais que atendam às necessidades dos idosos com eficiência, afinal, segundo o Estatuto da Pessoa Idosa, o Estado tem a obrigação de garantir o
bem-estar deles. No entanto, além das iniciativas em prol da longevidade com qualidade e respeito, o aumento no número de casos de violência e maus-tratos contra esse público também merece atenção. É preciso discutir a segurança de quem deveria viver com dignidade: a chamada melhor idade.
Os números revelam: falta respeito
Apenas nos primeiros três meses de 2024, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) registrou 42.995 denúncias de violações contra pessoas idosas, ultrapassando as de 2023 e 2022 que, no mesmo período, registraram, respectivamente, 33.546 e 19.764 casos.
A violência contra os idosos inclui desde agressões físicas até situações de exploração emocional, sexual e financeira, praticadas, na maioria das vezes, pelos próprios familiares. São atitudes recorrentes e injustificáveis que atacam o princípio básico da Humanidade em relação ao próximo e principalmente aos mais velhos: o respeito.
Marcas não só no corpo físico
A violência não fere só a dignidade da pessoa idosa como também é capaz de provocar efeitos prejudiciais à sua saúde física e emocional, explica Juraci Fernandes de Almeida, vice-presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa em Mogi das Cruzes (SP) e diretora da Universidade Aberta à Integração (Unai), que é voltada a pessoas mais velhas: “No geral, com o envelhecimento, a autoestima desse público tende a diminuir em razão da perversa discriminação da própria sociedade, que o coloca à margem, mas, com a violência, os efeitos psicológicos podem levá-lo ao isolamento e à depressão”. Aliás, segundo o Ministério da Saúde, a população idosa é a que mais sofre com depressão no País.
Juraci diz que a solução para essa situação de vulnerabilidade pode começar com a conscientização coletiva e a responsabilização de cada indivíduo em relação à terceira idade. “A melhor prática para prevenir esse tipo de violência é a orientação aos idosos e à população sobre as necessidades e sobre os cuidados mínimos que podem realmente ajudar a pessoa idosa a viver melhor e mais segura”, afirma.
Receber a devida Honra
Enquanto muitos não respeitam o idoso, outros reconhecem sua história, suas contribuições e o seu valor e, por isso, dedicam esforços para honrá-lo, como é o caso do Grupo Calebe Universal.
Por meio de ações sociais, culturais e espirituais, o grupo acolhe pessoas da melhor idade e proporciona o resgate da autoestima e também da confiança das que foram feridas física ou emocionalmente, como destaca o responsável geral do grupo, Bispo Valter Pereira: “Muitos idosos sofrem calados com os abusos, mas os voluntários do Calebe têm um olhar atento para essas situações e, ao identificarem algum caso de violência ou exploração, oferecem suporte emocional, espiritual, orientação prática, acompanhamento contínuo, além de encaminhá-los aos órgãos competentes”.
Hoje, mais de 89 mil idosos em todo o Brasil são assistidos pelo grupo. O Bispo Valter Pereira fala da importância dessa iniciativa: “Cada atividade que realizamos exalta a força, a beleza e a sabedoria da melhor idade. Ensinamos aos mais jovens a honrar seus pais, avós e todos os idosos, como nos orienta a própria Palavra de Deus: ‘Diante dos cabelos brancos te levantarás, e honrarás a face do ancião (…)’ (Levítico 19:32)”, conclui o Bispo. Acesse o site universal.org/calebe e conheça melhor tanto o grupo como suas ações.
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