Imagine assistir a um clipe musical ou algo de seu interesse na internet e ser frequentemente interrompido por anúncios. Sim, isso já acontece há algum tempo, assim como comerciais de TV e propagandas que nos bombardeiam todos os dias pelos mais variados veículos de comunicação. Imagine, então, você dormir e sonhar de maneira “projetada” com marcas e produtos. Imaginou?

Se isso parece algo sem sentido, saiba que essa ideia existe e que há um grupo de pesquisadores do sono tentando regulamentar uma técnica chamada Incubação de Sonhos Direcionada (TDI, na sigla em inglês), que tem a capacidade de colocar anúncios nos sonhos das pessoas.

Funcionaria assim: antes de dormir, as pessoas seriam submetidas à nova técnica ao assistirem a vídeos de determinadas marcas para sonharem com elas, mas, em uma carta direcionada aos legisladores dos Estados Unidos pedindo a regulamentação da técnica, os mesmos pesquisadores norte-americanos alertaram que a TDI levanta a questão ética de que a mente humana não é um outdoor.

Já tem marca testando
A novidade já teria agradado algumas grandes marcas, como a cervejaria Molson Coors e a rede de fast-food Burger King.

De acordo com os pesquisadores, a cervejaria que tem como logotipo montanhas e cachoeiras teria usado a TDI dias antes do Super Bowl, final da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL). O experimento foi feito com 18 pessoas que assistiram a um vídeo indutor de sonhos de 90 segundos com cachoeiras, montanhas e cerveja Coors antes de adormecerem.

Em um vídeo que documenta a iniciativa, ao despertarem do sono, cinco participantes relataram ter sonhado com cerveja ou refrigerante da marca Coors.

Na carta, os criadores da TDI avisaram ainda que esse pode ser o início do desenvolvimento de uma tecnologia futurista que não necessite de uma ação direta de quem vai “receber” o anúncio em seus sonhos.

“É fácil imaginar um mundo em que alto-falantes inteligentes se tornem instrumentos de propaganda passiva e inconsciente da noite para o dia, com ou sem nossa permissão”, alertaram os pesquisadores.

Se a moda pega
Talvez essa técnica já aconteça de forma indireta quando a pessoa assiste TV e, logo em seguida, vai dormir. Ela pode, sim, acabar sonhando com algo que viu na tela, mas, por meio da técnica, seria feito algo de modo intencional, usando o momento de descanso dos consumidores como espaço publicitário.

Será que não teremos paz nem no período de sono? Até que ponto a indústria e o comércio incentivarão a sociedade do consumo? Até durante o descanso noturno? É imprescindível que existam limites para promover o aumento das vendas, o consumismo e o comércio.

Você aceitaria ceder o seu sonho para visualizar marcas de produtos, alimentos ou qualquer outro produto ou serviço que as empresas desejam vender ou prefere ter uma noite tranquila? Tudo tem limite. Vale a reflexão.