Se não é intolerância, é o quê?
Podemos nos expressar de várias formas covardes e uma delas é quando defendemos nossa opinião por meio de preconceitos em relação a algo que nos recusamos a conviver cordialmente. Assim, passamos a repelir ou mesmo desprezar ideias e opiniões de um jeito sutil ou mesmo repugnante. Isso se chama intolerância e pode atingir o aspecto religioso, como quando surgem chacotas diárias e perseguições extremistas sem o menor pudor, situações que, por vezes, parecem ser algo de outro mundo, mas que é deste aqui mesmo. Essa realidade foi comprovada em 2022 pela ONG Portas Abertas, que monitora a perseguição aos cristãos, que informou que uma região da Coreia do Norte tomou a iniciativa de promover uma “varredura massiva” de cristãos, considerados o degrau mais baixo da sociedade.
Essas informações, publicadas no Correio do Povo, mostram que não apenas os que se declararam cristãos, como suas famílias, foram capturados e levados à prisão, onde foram submetidos a condições sub-humanas. Amparada pela Lei do Pensamento Antirreacionário, a “solução” prevê punições severas para qualquer flerte ou imersão em pensamentos considerados “estrangeiros”. Aliás, o termo reacionário, que abrange a quem é favorável à reação, parece ter sido escolhido a dedo, visto seu tom majoritariamente pejorativo.
De acordo com o novo relatório internacional de liberdade religiosa do Departamento de Estado dos Estados Unidos, a Coreia do Norte “executa, tortura e abusa fisicamente de pessoas por suas atividades religiosas”, além de manter cerca de 70 mil cristãos presos no país. Vale ressaltar que o país considerado mais perigoso do mundo para um cristão é a própria Coreia do Norte: lá, só há espaço para o culto ao Estado e ao próprio ditador Kim Jong-un.
Mas outros países, como a China, também bebem da fonte do “não diálogo religioso”, proíbem a leitura da Bíblia e suspendem a concessão de benefícios sociais àqueles que não desistem da sua Fé. Países da América Latina também figuram na Lista Mundial da Perseguição (LMP), como o Chile (22ª posição), Cuba (27ª) e Nicarágua (50ª). Coincidentemente ou não, os países mencionados acima, atualmente, partilham de um viés político semelhante. Por sua vez, o Brasil é, graças à sua Constituição, um Estado laico, plurirreligioso e que defende a liberdade religiosa. Sendo assim, cada brasileiro é livre para exercer o que o agrada. No entanto, o racismo religioso acontece de outras formas, inclusive na mídia e na política que, por vezes, disseminam ideias que dão a entender que o cristianismo nada mais é do que uma enciclopédia de pensamentos retrógrados e seus seguidores, desequilibrados.
Embora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no Artigo 18, enalteça que toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião, estima-se que 360 milhões de cristãos sejam perseguidos por causa de sua Fé: é como se um a cada sete cristãos fosse perseguido simplesmente por crer. Se atitudes que massacram crenças e exterminam aqueles que compartilham de uma ideia diferente não denotam uma intolerância religiosa, isso seria o quê, então?
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