Rede Globo: e o feitiço virou...

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No Rio de Janeiro, a acusação tem sido a arma de grupos que desejam esconder os próprios erros. Pelo menos este parece ser o caso da Rede Globo, que costuma apontar o dedo para o prefeito Marcelo Crivella e fazer acusações com informação pela metade. Em outras palavras: acusa, mas não conta a história completa. Será que deseja subestimar a inteligência dos brasileiros?

A última situação envolveu as obras para conter encostas feitas na cidade do Rio de Janeiro, depois das fortes chuvas do início do ano.

Para a Rede Globo, as obras são ilegais. O problema é que a emissora não explicou as circunstâncias que envolvem cada intervenção.

Vamos aos fatos: no dia 25 de julho, a prefeitura do Rio detalhou os gastos com a recuperação da cidade por causa das chuvas. O investimento de mais de R$ 51 milhões foi usado em contenções de encostas para prevenir deslizamentos. Os 17 contratos para a realização de 34 obras foram assinados em abril, quando foi decretado estado de calamidade, ou seja, as obras eram emergenciais e visavam proteger os cidadãos.

Ao Jornal da Record, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) rebateu as denúncias de que as obras na Avenida Niemeyer seriam clandestinas porque foram feitas sem concorrência. “A lei determina que essas obras sejam feitas rapidamente para cuidar das pessoas. Quem faz denúncia é porque não mora lá. Quem fala é porque não corria o risco de morrer soterrado na lama e no lixo”, disse. O Tribunal de Contas do Município (TCM) tem 30 dias para analisar os contratos assinados para a recuperação da Avenida Niemeyer. O relator do caso afirmou ao Jornal da Record que concorda com obras de emergência para garantir a segurança da população. “Você não pode tomar providências burocráticas antes de salvar as pessoas”, disse José de Moraes Correia Neto, conselheiro do TCM.

Segundo as leis, é permitido contratar obras sem licitação em caráter de emergência. No caso do Rio, a cidade estava em estado de calamidade. Dessa forma, a prefeitura agiu corretamente ao privilegiar os interesses coletivos.

Efeito reverso
Como diz o ditado popular, “o feitiço pode virar contra o feiticeiro”. Enquanto a Rede Globo com suas práticas nada republicanas se esforça para acusar a prefeitura do Rio, bastou um olhar atento para que a atual gestão encontrasse irregularidades em contratos assinados entre a antiga gestão do prefeito Eduardo Paes (DEM) e a Fundação Roberto Marinho, que pertence à Rede Globo.

Segundo denúncia divulgada pelo Jornal da Record, a instituição recebeu R$ 214 milhões por meio de 14 contratos feitos sem licitação, ou seja, sem nenhuma concorrência. Só no Museu do Amanhã, na área portuária do Rio, a Fundação recebeu mais de R$ 50 milhões para fazer consultoria para atrair visitantes ao local.

Além disso, a instituição foi responsável pela Escola do Olhar, no Museu de Arte do Rio, incluindo o projeto de arquitetura, execução de obras e gerenciamento de projetos técnicos. Nenhuma dessas obras era emergencial. Se não havia urgência, não deveriam ter sido aprovadas sem antes passar por licitações. A licitação funciona assim: antes de contratar um serviço, o interessado analisa várias opções e escolhe a mais vantajosa. No Rio, a falta de licitação acabou beneficiando a Fundação Roberto Marinho.

Eduardo Paes foi prefeito do Rio entre 2009 e 2013. Em 2017, foi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio por abuso de poder político-econômico e conduta vedada a agente público.

Os contratos firmados com a Fundação Roberto Marinho vão passar por auditoria. Em nota enviada ao Jornal da Record, a Fundação informou que os contratos assinados com o município do Rio estão em perfeita conformidade com a legislação. Resta ao cidadão esperar as análises oficiais e ficar atento aos interesses escondidos em cada notícia.

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Colaborador

Redação / Foto: Gettyimages