Que proveito pode haver nas injustiças que nos acontecem?
Ninguém deseja enfrentá-la, mas a injustiça pode ser o início de um grande milagre – se você souber como reagir. Descubra a atitude certa
O mundo é injusto e passar por injustiças não é apenas possível, mas inevitável. Quanto mais aumenta a iniquidade, mais o amor se esfria (Mateus 24:12) e, consequentemente, mais injustiças vivemos, alimentando, assim, um ciclo cruel. Isso nos remete a uma pergunta profunda:
“Se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós?” (Romanos 3:5)
A resposta é clara: Deus não é injusto! Pelo contrário, “a retidão e a justiça são os alicerces do teu trono” (Salmo 89:14 – NVI). Deus ama a justiça mais do que qualquer ser humano e odeia a injustiça em igual medida. No entanto, a Sua justiça não é automática. Se assim fosse, não estaríamos neste mundo, mas no Céu.
Sedentos e esfomeados
Jesus não disse bem-aventurados os que desejam justiça, mas sim “os que têm fome e sede dela” (Mateus 5:6).
Fome e sede são as necessidades mais básicas e urgentes do ser humano. Então, quando não saciadas, geram dor intensa. Da mesma forma deve ser o nosso clamor por justiça.
Para a vermos se manifestar, Deus nos entregou uma ferramenta poderosa e imprescindível: a fé. Quem apenas lamenta as injustiças que sofre não experimentará o banquete da justiça divina, mas quem se levanta e clama com fé e perseverança será fartamente atendido por Deus.
Deus quer ver a sua fé
Quando o Senhor Jesus contou a parábola da viúva (Lucas 18) que buscava insistentemente por justiça diante de um juiz injusto, não deixando de importuná-lo até obter a vitória sobre a causa que pleiteava contra seu adversário, Ele quis mostrar a perseverança que é preciso ter para com Deus. Porque se um homem que reconhecidamente era mau e não respeitava a Deus conseguiu fazer justiça à viúva, muito mais fará Deus justiça aos seus escolhidos que a Ele clamam de dia e de noite.
Mas a grande pergunta dEle é: vou encontrar fé na terra? (Lucas 18:8)
Diante da injustiça, elas mudaram a lei
É possível tirar proveito das injustiças que sofremos? A história das cinco filhas de um homem chamado Zelofeade, descrita no livro bíblico de Números 27:4-11, prova que sim.
Naquele tempo, a lei não previa herança para mulheres. Quando o pai delas morreu, elas ficaram desamparadas, mas não se conformaram. Elas se levantaram não para protestar, mas para recorrer com fé e reverência a quem poderia resolver: Deus.
Elas apresentaram seu caso a Moisés, ao sacerdote Eleazar e aos príncipes do povo. Moisés, então, levou a causa a Deus e Ele respondeu: “As filhas de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança…”
Essa atitude não só reparou a injustiça, como mudou a lei em Israel. Deus já conhecia a situação delas, mas esperou que tomassem uma atitude.
É importante lembrar: antes de pedir justiça a Deus, é preciso estar em justiça diante dEle. As filhas de Zelofeade só se apresentaram com tanta confiança porque andavam na mesma integridade de seu pai.
Há esperança para os injustos
Há aqueles que, mesmo andando em justiça, enfrentam injustiça. Mas há outros que sofrem as consequências da própria injustiça. Como pedir justiça nesses casos?
Em Lucas 23:32-43, vemos dois ladrões crucificados ao lado do Senhor Jesus e a postura de ambos revela como alcançar ou não a justiça de Deus. Um dos ladrões blasfemava dizendo: “Se tu és o Cristo, salva-te a ti mesmo, e a nós”. Ele sabia que estava ali como consequência de seus atos, mas se achava no direito de duvidar do Senhor Jesus e tirar vantagem disso.
Já a reação do outro ladrão chamou a atenção. Ele repreendia o primeiro, dizendo: “Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação? E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando vieres em Teu reino”.
Este ladrão reconheceu o seu erro e sua condição e pediu a misericórdia de Deus. O resultado foi a resposta de Jesus: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”. Ou seja, a justiça de Deus inclui a misericórdia para os que se humilham diante dEle.
“O Senhor é bom para todos, e as Suas misericórdias são sobre todas as Suas obras.” (Salmo 145:9)
A maior de todas as injustiças
Nenhuma injustiça sofrida pela Humanidade se compara à injustiça que Deus sofre todos os dias. Imagine você ter comprado algo, pagado um valor altíssimo e não conseguir o que comprou. É isso que Deus passa. Ele pagou o preço mais alto – o sangue do Seu Filho – por todas as almas, mas muitas delas recusam essa Salvação.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)
E crer nEle não é apenas dizer “eu acredito em Deus”, mas se entregar de corpo, alma e espírito a Ele, o que significa dar a Ele a vida, os pensamentos, os desejos e as escolhas. Ao fazer isso, você estará cumprindo a principal justiça: ser justo com Deus, dando a Ele o que Ele pagou, que foi a sua alma.
Certamente você não seria injusto com alguém que é justo com você. Imagine, então, se Deus seria injusto com quem é justo com Ele.
Em qual grupo você está?
Há dois grupos de pessoas no mundo: as que entregaram verdadeiramente suas vidas a Deus e receberam o Espírito Santo e as que não se entregaram, logo, não têm O Seu Espírito.
A exemplo da viúva, das filhas de Zelofeade e de outras pessoas – tanto as descritas na Bíblia quanto as que dão testemunhos atualmente –, o grupo de pessoas que possui o Espírito Santo precisa usar a fé com perseverança diante das injustiças para mover a Mão de Deus em seu favor.
Já o grupo dos que ainda não se entregaram para Deus e vivem sem a Presença dEle precisa priorizar essa decisão. Se isso ainda não foi feito, por que se preocupar com qualquer outra coisa? Não há nada mais urgente do que se reconciliar com o Justo Juiz. Caso contrário, Deus pode até atender a sua petição em relação a alguma injustiça que esteja sofrendo, mas a pior injustiça continuará em sua vida, comprometendo não apenas sua realidade aqui na terra, mas por toda a Eternidade.
A verdadeira fé diante da pior notícia provocou a justiça de Deus
Casada há 32 anos com o Bispo Adilson Silva, Rosana relembra, em entrevista exclusiva à Folha Universal, os momentos mais desafiadores que enfrentou após o marido sofrer uma parada cardiorrespiratória e ficar clinicamente morto por 16 minutos
Folha Universal – Como a senhora recebeu a notícia de que o Bispo estava hospitalizado?
Rosana Silva – Eu estava dormindo quando nosso filho me ligou dizendo que o pai estava na UPA, que havia sofrido uma parada cardiorrespiratória e que os médicos estavam tentando reanimá-lo. Na hora, orei, repreendendo todo o mal. Logo depois, ele ligou novamente e disse: “O pai voltou.”
Fui para o hospital com uma troca de roupa para meu esposo, certa de que ele voltaria para casa no mesmo dia — eu mal sabia que enfrentaria os dez dias mais desafiadores da minha vida.
FU – O que os médicos diziam?
Rosana – Diziam que o Adilson teria que realizar um cateterismo, que o caso era gravíssimo e que ele poderia ter sequelas, inclusive ficar em estado vegetativo.
FU – O que passou em sua mente nesses primeiros momentos no hospital?
Rosana – O que veio em minha mente foi: “Eu tenho que mostrar Jesus aqui, quem olhar para mim tem que ver Deus.” Lembrei-me da passagem de Jesus indo até a figueira buscar fruto e pensei: “Tenho que ter o fruto que Deus quer neste momento. Fruto de confiança”.
FU – A senhora acredita que sua comunhão com Deus foi decisiva para reagir na Fé?
Rosana – Viver em comunhão e colocar a palavra dEle em prática fazem toda a diferença. Deus é a base da nossa vida. E, nos momentos difíceis, temos que deixá-Lo agir, por mais difícil que seja.
FU – O que essa foto sua ao lado do Bispo em coma representa?
Rosana – Era o Dia dos Namorados. Antes do acidente havíamos combinado ter um momento romântico, um jantar para nós dois nesse dia. Mas ali estava eu, esperando que ele acordasse do coma. Registrei aquele momento pois pensei que, quando ele ficasse bom, mostraria a foto e falaria para ele que aquilo não era o que havíamos planejado. Ali eu tinha paz e a certeza de que Deus estava conosco.
FU – Teve alguma palavra em especial que sustentou sua fé?
Rosana – Ele me trouxe à memória a passagem de Salmos 40:1-4. Ao lê-la na Bíblia no celular, fui tomada por paz e tranquilidade, que me confirmaram que Deus estava no controle de tudo.
1 Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor.
2 Tirou-me de um lago horrível, de um charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos.
3 E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no Senhor.
4 Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança …
FU – Houve algum momento em que a senhora pensou que o pior aconteceria?
Rosana – Após o cateterismo do Adilson, ainda sem vê-lo, me ofereceram apoio psicológico. Agradeci, mas recusei, não em desmerecimento ao profissional, mas porque eu estava bem e o momento era de esperar que ele acordasse. Então, o médico me explicou que ele permaneceria em coma por 48 horas e alertou sobre os riscos de sequelas neurológicas. Eu disse que compreendia. Quando ele saiu, abri meu celular e li em voz baixa o Salmo 40 e falei para Deus que não aceitava aquilo, pois estava escrito em Sua Palavra que ele firmaria os nossos pés na Rocha e Ele era a minha Rocha e não aceitava que o Adilson ficasse com sequelas. O banheiro e o quarto se tornaram meu altar e quarto de guerra. Foi ali que lutei com Deus clamando por um milagre e fiz um voto pela vida dele, em agradecimento antecipado a Deus.
FU – Como foi o momento em que soube que ele estava sem sequelas?
Rosana – Foi maravilhoso!! Deus ouviu nossos clamores. Deus é e sempre será perfeito.
FU – Qual foi a reação dos médicos ao notarem que a recuperação do Bispo se tratava de um verdadeiro milagre?
Rosana – Eles não tinham como negar e falaram que era um grande milagre. Ele saiu sem sequelas e sua recuperação era excelente a cada dia. Louvado seja Deus!
FU – Qual foi a importância de receber o apoio da Igreja e a oração dos demais companheiros da Fé?
Rosana – É a Familia da Fé! Oro e agradeço a Deus por cada um que orou e intercedeu pelo Adilson. Estas orações foram ouvidas e com certeza Deus foi glorificado.
FU – A senhora percebe que o Bispo retornou espiritualmente diferente? Se importaria de nos falar sobre isso?
Rosana – Estávamos o Adilson, Lucas e eu na UTI, quando meu esposo viu uma passagem bíblica em inglês na minha camisa, ele a traduziu e falou pra mim em lágrimas: “Se Deus me trouxe de volta é porque tem um propósito. Vamos fazer mais do que fizemos até hoje.” Ali oramos e pedimos a Deus que nos use para ganharmos mais almas.
FU – Que mensagem gostaria de deixar para aqueles que enfrentam situações que parecem impossíveis?
Rosana – Que vivam uma fé genuína e busquem a Deus pelo que Ele é e não pelo que pode dar. Se somos filhos, o Pai vai cuidar de nós da melhor maneira.
FU – Qual a importância de ter uma esposa de Deus em um momento como esse?
Bispo Adilson – Muitas pessoas, quando passam por situação semelhante, dependem exclusivamente dos enfermeiros, inclusive para ajuda na higiene, porque estão sozinhas. Quando você tem consigo uma esposa que tem o caráter de Deus, terá alguém que estará ao seu lado na saúde ou na doença. Ela foi também minha enfermeira. Esteve ao meu lado do início ao fim da internação. Isso diz muito!
16 minutos morto e sem sequelas: entenda o caso do Bispo Adilson Silva
10/6 – 22h
Após os compromissos na igreja, o Bispo Adilson, acompanhado de outros bispos e pastores, participa de uma partida de futebol em um campo próximo ao Templo de Salomão.
11/6 – 0h04
Durante o jogo, ele desmaia. Uma pessoa próxima percebe que ele não responde e pede ajuda. Outro amigo chega ao local e o encontra pálido, convulsionando e, em seguida, ele começa a ficar roxo. Diante da possibilidade de demora no socorro, decidem levá-lo imediatamente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Todos permanecem em oração.
11/6 – 0h12
O grupo chega à UPA 8 minutos após a parada cardíaca. Ele está sem batimentos cardíacos e com cianose (coloração roxa da pele). É constatada parada cardiorrespiratória (PCR) e feitas manobras de RCP (reanimação cardiopulmonar), massagem cardíaca e desfibrilação, por cerca de 8 minutos.
11/6 – 0h20
Os batimentos cardíacos são restabelecidos. O paciente é colocado em coma induzido e aguarda transferência para um hospital com maior complexidade. A espera pela ambulância dura cerca de 3 horas.
11/6 – Por volta das 4h
Ele é transferido para um hospital a cerca de 40 minutos de distância. A suspeita médica é de infarto agudo do miocárdio. É realizado um cateterismo de emergência, que revela uma artéria completamente obstruída (causadora do infarto) e outra com 90% de obstrução.
11/6 a 13/6
O paciente permanece em coma induzido por 48 horas, como medida de proteção neurológica. Há preocupações médicas sobre possíveis sequelas cerebrais em razão do tempo em que o cérebro ficou sem oxigenação adequada.
13/6
O paciente é extubado. No mesmo dia, já conversa normalmente, com lucidez e sem fala desorientada. Sua recuperação surpreende a equipe médica.
“Ela não saiu do hospital durante todo o tempo de internação do Bispo Adilson. Ela estava a todo momento muito ciente de tudo o que estava acontecendo e das sequelas que ele poderia ter. Mas a todo o tempo se mostrou uma mulher muito forte, com muita fé de que aquilo ia passar e que tudo ia se resolver da melhor forma possível. Em nenhum momento eu vi a dona Rosana chorar, se desesperar, com palavras negativas ou se questionar o porquê daquilo que estava acontecendo. Eu só vi uma mulher muito forte, com muita fé”
Depoimento da enfermeira Solange Fonseca Demétrio, do Hospital Moriah, sobre Rosana Silva