Qual tem sido a sua bandeira?

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Nos dias atuais, muitas bandeiras têm sido empurradas goela abaixo e a diversidade delas praticamente implora por gargantas e dedos ávidos por se posicionar. Aliás, nas redes sociais e nas conversas de família parece não haver, nesse sentido, nenhum resquício de democracia. É comum ver pessoas envolvidas em todo tipo de discussões ideológicas, sociais, políticas e religiosas em nome das bandeiras e, por aí, justamente o que não faltam são bandeiras esperando para serem defendidas ferrenhamente.

Muitas, de fato, representam causas nobres, outras não fazem o menor sentido. Seja essa ou aquela, enquanto são levantadas como se fossem a única “verdade” em um mundo de mentiras e apadrinham inúmeras convicções, uma tende a ser amortecida. Basta uma rápida pesquisa on-line para que a palavra bandeira apareça atrelada a cores, posicionamentos e justificativas e, curiosamente, basta um olhar para a Palavra de Deus para saber a quê ela pode se resumir.

Foi depois de uma guerra dos israelitas contra os amalequitas que Arão e Hur tiveram que sustentar os braços de Moisés, como detalhado em Êxodo 17.11-12: “Enquanto Moisés mantinha as mãos erguidas, os israelitas venciam; quando, porém, as abaixava, os amalequitas venciam. Quando as mãos de Moisés já estavam cansadas, eles pegaram uma pedra e a colocaram debaixo dele, para que nela se assentasse. Arão e Hur mantinham erguidas as mãos de Moisés, um de cada lado (…).” Ao ver que Israel prevaleceu, Moisés construiu um altar e chamou-lhe “o Senhor é minha bandeira.” (Êxodo 17.15). Em um espaço onde cada vez um volume maior de ideias são erguidas, essa referência desconstrói o palanque construído por muitos que se consideram cristãos e que se, um dia, quiserem segurar a bandeira espiritual, terão que deixar de hastear todas as demais. Dessa forma, o exemplo visto em Moisés suscita uma questão relevante: qual tem sido a sua bandeira?

Uma bandeira é um símbolo que representa um país, estado, município, organização, sociedade, reino, povo ou mesmo uma família. Também personifica e resume uma ideologia, uma doutrina, uma mensagem. Ainda representa um conjunto de princípios ou um estilo de vida que as pessoas adotam como seus e pelos quais vivem – e até morrem. Em 2015, por exemplo, a morte de um jovem de 19 anos com um tiro chamou a atenção. Ele estava na sede da torcida organizada de um time brasileiro e, na ocasião, preparava uma bandeira. Não havia sido a primeira vez que ele virava a noite para elaborar uma bandeira para o time e dessa vez foi morto.

Se tantas bandeiras carregam paixão por aquilo que dizem crer, a bandeira do Senhor carrega honestidade, decência, ética e bons princípios. Ela despreza o que mancha uma vida de santidade e temor a Deus, hasteia uma vida de retidão e de fidelidade e nos propõe um relacionamento com Ele. Dessa forma, como é possível se assumir cristão defendendo bandeiras contrárias?

Recentemente, a fala de um suposto pastor evangélico soou estranha. Ele tem defendido abertamente a volta do ex-presidente Lula à presidência. E, para isso, ele espera que a esquerda não fique “atrapalhando” ao expor temas como legalização das drogas e ideologia de gênero – tudo tem que ser na surdina. Ao que tudo indica, ele deseja ludibriar o “verde-louro dessa flâmula” com “paz no futuro e glória no passado”, mas não dá. Ser cristão e de esquerda não combinam nem na mesma frase e angariar votos com base nisso traduz uma discordância muito grande.

Essa customização da “bandeira” do Senhor para propagar as próprias ideologias enquanto se deixa o Evangelho de lado, contudo, tem parecido algo extremamente sedutor e vem acompanhada de uma miopia espiritual que tem invertido princípios e valores. Mas, se o Senhor Jesus disse: “Por que não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo” (João 15.19), então deve ser porque o cristão não deve carregar algo que não seja do Alto – até porque ele já se ocupa com determinação em carregar a sua própria cruz e negar a si mesmo visando o porvir. Quem estaria disposto, assim como Moisés, a erguer a bandeira que mais importa?

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Redação / Foto: getty images