Diante de uma realidade marcada por desafios, transmitir conhecimento, despertar sonhos e inspirar o futuro de uma sociedade são habilidades que homens e mulheres abraçam quando se tornam professores. Quem já foi aluno costuma ter boas lembranças daquelas pessoas que dedicaram suas vidas para ensinar a ler, escrever, reconhecer números, fazer contas e desenvolver talentos. Mas o que é ser professor para  quem é professor?

Robélia Barreto, pedagoga e gestora escolar, define a profissão como “missão de vida” e destaca que acompanhar a formação de crianças, jovens e adultos “é ter a oportunidade de contribuir para que cada um descubra o seu potencial, encontre novos caminhos e acredite em si mesmo”.

Onde atuam e o que fazem?

Na pré-escola, no ensino fundamental, no ensino médio, no ensino superior ou na Educação de Jovens Adultos (EJA), a sala de aula é o ambiente em que crianças, adolescentes, jovens e adultos têm a oportunidade de aprender e se desenvolver. E cada lição aprendida em sala de aula é praticada no dia a dia, na convivência com a família, no exercício dos direitos e deveres de cada pessoa e no ambiente profissional.

A psicopedagoga Gabriela Souza destaca que, além do conteúdo acadêmico, o ensino também permite que o aluno se torne um cidadão crítico e consciente: “Sei e vejo que o ensino também é capaz de construir na criança identidade, senso de pertencimento, autoestima, senso de valor e boas perspectivas para o futuro. E a escola, junto aos órgãos competentes, pode tirar uma criança das ruas, de situações de vulnerabilidade física e social”.

 Entre ideais e desafios

Além de ter um vasto conhecimento técnico, os professores também precisam desenvolver competências socioemocionais para lidar com as demandas sociais e psicológicas dos alunos, agindo com empatia e paciência para mostrar que cada aluno é protagonista de seu aprendizado, mas que nesse caminho podem encontrar no professor um mediador  e incentivador.

Os professores que se dedicam a oferecer uma educação de excelência encontram muitos obstáculos pelo caminho. Robélia e Gabriela listam que os maiores problemas são a desigualdade social, a falta de recursos, as diferentes realidades dos alunos e as demandas que vão além do pedagógico, como famílias desestruturadas e as psicológicas, médicas e sociais que precisam ser atendidas para que o aluno possa, de fato, se dedicar aos estudos. Mas enfrentar tais adversidades faz parte da educação e revela o empenho de cada profissional que se supera para que os alunos também possam se superar.

Reconhecimento no dia a dia

Ter uma data para celebrar o Dia do Professor, como o dia 15 de outubro, é importante. No entanto a valorização desses profissionais acontece no dia a dia, quando eles recebem condições de trabalho adequadas para ensinar, quando os alunos aproveitam as aulas com atenção e empenho e quando as famílias contribuem com os estudos, acompanhando o desenvolvimento de cada criança e adolescente.

Gabriela conta que cada cartinha ou desenho que recebe de seus alunos é uma alegria e se recorda de um momento marcante: “Um dia uma criança fez uma cartinha dizendo ‘Obrigada, professora Gabi, porque você me ensinou a ler e escrever’”. Já Robélia compartilha o momento em que uma aluna do EJA conseguiu tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH): “Ver a emoção em seus olhos e o orgulho de compartilhar suas palavras mostrou a dimensão do impacto que a educação tem: ela transforma não só o aluno, mas todos ao seu redor”.

Vamos valorizá-los?

Transmitir princípios e valores é papel da família, mas é inegável que os professores também cumprem esse papel por estarem  com as crianças e os adolescentes durante tantas horas e dias. Por isso, é fundamental reconhecer os profissionais que atuam na  área de educação.

Robélia destaca que ser professora a faz aprender diariamente: “Cada aluno traz uma história única, que me ensina tanto quanto eu ensino. O Dia do Professor é uma oportunidade de lembrar que essa profissão é um ato de amor, coragem e fé na transformação das pessoas”. Gabriela reforça que cuidar de quem ensina também é fundamental: “Isso se faz olhando com carinho para aquele professor que trabalha em área de vulnerabilidade social e dando mais apoio àquele que é ingressante. Sei que muda muito de um regimento para outro, mas valorizar o corpo docente também é valorizar a educação”.

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