Produção e venda de automóveis ensaiam recuperação após perdas na pandemia

Segmento ainda sofre com a restrição da oferta devido à falta de insumos, que elevou o preço de novos e usados nos últimos anos

O setor automotivo, um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, começa a dar sinais de recuperação neste segundo semestre com a retomada da produção e das vendas de novos e usados. O movimento é resultado da menor falta de insumos, que resultou na valorização desenfreada dos veículos.

De acordo com dados mais recentes da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), foram comercializados 194 mil carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus no mês de setembro.

O resultado corresponde a uma alta de 25,1% em relação ao mesmo período do ano passado, o primeiro desempenho positivo deste ano na base de comparação.

  • Para José Maurício Andreta Jr., presidente da Fenabrave, ainda que o volume de vendas represente uma queda de 7% em comparação com agosto, quando foram emplacados 208.586 veículos, devido à diferença do número de dias úteis, o segmento mantém uma “curva de crescimento consistente”.
  • Rodrigo Ferreira, chefe de comunicação da Webmotors, confirma os resultados da associação e relata o aumento de procura pelos carros 0-km, seminovos e usados na plataforma. “A busca maior por veículos é reflexo da melhora da economia, e o segundo semestre é, normalmente, mais aquecido do que o primeiro, e isso está se refletindo”, afirma.

Números também positivos na produção:

No campo da produção, os números também são positivos. No acumulado do ano até setembro, o volume superou o do mesmo período de 2021 pela segunda vez, com a fabricação de 1,75 milhão de automóveis, alta de 19,3% ante o mesmo intervalo do ano passado, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

  • Em setembro, Márcio de Lima Leite, presidente da entidade, comemorou o resultado positivo e atribuiu o desempenho à operação sem nenhuma fábrica completamente parada pela primeira vez em um ano e meio. “O fluxo de semicondutores finalmente começa a melhorar, embora ainda estejamos passando por um período de restrições de oferta”, afirmou.

Sobre os automóveis usados e seminovos:

Muito impulsionado pela falta de insumos que atrasou a entrega de veículos novos na pandemia, o mercado de seminovos e usados também segue aquecido.

Somente em agosto, mais de 1,3 milhão de veículos trocaram de titularidade. Trata-se do maior número do ano, segundo a Fenabrave.

  • “O setor automotivo vem consolidando o movimento de recuperação, após um início de ano desafiador”, analisou Andreta Jr. ao divulgar os números há um mês e recordar o tombo nas vendas de usados durante os dois primeiros meses deste ano.
  • Ferreira, da Webmotors, observa também que o movimento recente é guiado pelo longo prazo de entrega dos veículos novos, que motivou uma procura maior pelos automóveis usados e seminovos. “Nós tínhamos uma equação de 3,5 veículos usados para cada 0-km. Agora, há uma procura maior, aliada às dificuldades do segmento de novos, que ainda sofre com a falta de chips”, diz ele.

A posição de Ferreira é sustentada por uma pesquisa da própria Webmotors, que mostra o interesse de 83% dos brasileiros em trocar de carro ainda neste ano. Do total, 17% não possuem um veículo próprio e 41% desejam um SUV. O financiamento parcial é visto como opção para três em cada cinco interessados (60%).

imagem do author
Colaborador

R7 / Foto: iStock