Porte de armas é um direito do cidadão ou uma ameaça coletiva?

O assunto polêmico foi tema do programa Fala Que Eu Te Escuto

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No início desta semana, três estudantes foram mortos e oito pessoas ficaram feridas depois de um aluno, de 15 anos, disparar de 15 a 20 tiros com uma pistola semiautomática em uma escola de Michigan, nos Estados Unidos. O caso foi um dos motivos de reacender a discussão sobre o porte de armas e tema recente do programa Fala Que Eu Te Escuto.

Nos Estados Unidos, cerca de 31 estados já liberaram a compra, posse e porte de armas escondidas, sem licença. Porém, o uso de armas de fogo de forma indiscriminada é um dos principais problemas enfrentados pela população americana. Inclusive, segundo uma pesquisa do Observatório Gun Violence Archive (GVA) 2021, tem sido o pior ano em mortes por armas de fogo no país, com um aumento de 9% em relação ao ano passado. 

Enquanto isso, no Brasil, as pessoas têm tido acesso mais fácil às armas e de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de 97,1% nos registros de armas de fogo, em 2021, assim como um aumento de 4% nas mortes violentas. Com esses dados, a advogada Fernanda Magnusson ressaltou que está mais do que provado que a flexibilização do porte de armas no país não é a solução.

“A gente consegue notar que não foi eficaz flexibilizar o armamento para a população, isso não foi eficaz no combate à violência. Sou totalmente contra, o que devemos pedir é que o Estado cumpra com o seu dever de proporcionar segurança, pois não podemos passar isso para mão da população, a armando”, disse Fernanda, durante o programa.

Polêmica e opiniões distintas

Apresentado pelo Bispo Carlos Cucato, a programação trouxe diversos casos e crimes causados por armas de fogo, além de ouvir pessoas comuns e autoridades. Uma delas foi a Procuradora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Eliana Passarelli.

“Já temos um número elevado de homicídios, isso porque pessoas que usam armas de fogo e provocam tragédias não estão preparadas para o armamento. Não basta ter curso de tiro, na verdade, precisa ter frieza suficiente para que possa atirar no momento de legítima defesa, somente”, destacou ela, que também fez questão de afirmar ser contra o porte de armas. 

Já para o Sargento da Polícia Militar, Daniel Alves, isso se trata de um direito individual do cidadão de bem e declarou ser a favor do porte de armas. Assim como Alisson Tadeu, que é colecionador de armas. “As pessoas acham que, simplesmente, por liberar o porte de armas qualquer pessoa terá armas, mas por trás disso existe todo o laudo psicológico, a pessoa não pode ter antecedentes criminais ou responder algum inquérito policial, além de ser recomendado cursos e treinamentos e o valor elevado das armas”, disse ele. “Então não é qualquer pessoa que terá acesso às armas, mas acho que é direito individual de cada um ter”, concluiu. 

Nos últimos dias, o ex-ministro da Justiça, André Mendonça, que teve sua indicação aprovada para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, também falou sobre o assunto. “Sobre a política de desarmamento, logicamente, há espaço para posse e porte de arma. A questão que deve ser debatida é: quais os limites? Até que ponto? Até que extensão?”, questionou ele.

O assunto gera polêmica e divide opiniões, mas, acima de tudo, é necessário ponderar os verdadeiros benefícios e riscos de ter uma população armada em um país com histórico de violência exacerbada e uma cultura diferente, em comparação aos demais países que já possuem essa flexibilização.  Clique aqui e assista ao programa na íntegra.

O  Fala Que Eu Te Escuto é exibido diariamente nas madrugadas da Record TV e você também pode acompanhar ao vivo pelo Facebook.

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Colaborador

Redação / Foto: iStock