Pirâmide financeira é golpe

Muito cuidado com qualquer proposta de dinheiro fácil. Aprenda a identificar essa fraude

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Há muito tempo se fala das pirâmides financeiras. Mesmo assim, muita gente ainda cai nesse velho golpe. Por que? Desejo de dinheiro fácil, falta de ética e visão deturpada da fé têm levado muitos a perdas que vão além do dinheiro.

A pirâmide se originou na década de 1920, nos Estados Unidos, conhecida como Esquema Ponzi, por causa de Charles Ponzi, um imigrante italiano que elaborou uma operação fraudulenta de investimento com a promessa de pagamento de altos rendimentos, acima dos índices econômicos oficiais, à custa do dinheiro pago por investidores que chegam posteriormente.

A forma de captar “investidores” é o velho e eficiente boca a boca. Por isso, o alvo dos fraudadores são grupos como igrejas, clubes, associações de vários tipos. Atualmente, até mesmo grupos em mídias sociais e aplicativos de comunicação facilitam a vida do criminoso.

Identifique a pirâmide
Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), “o ‘esquema de pirâmide’ ou ‘pirâmide financeira’ é um modelo fraudulento de negócios, que não tem como dar certo. Necessita de captação constante de outras pessoas, que geralmente têm que pagar alguma coisa para entrar na base do negócio, sob a promessa de receber lucro ou vantagens exponenciais pela captação de novos integrantes. Assim, apenas o criador e, no máximo, um pequeno grupo de envolvidos acaba realmente enriquecendo”.

Geralmente, o esquema é disfarçado de venda de algum produto ou serviço, sem informações muito claras. Atualmente, um disfarce muito usado é o investimento em criptomoedas (moedas virtuais), como o Bitcoin – e, no fim das contas, é só uma desculpa para captar dinheiro de verdade, sem o real investimento digital.

Quem entra na rede investe certa quantia com a promessa de lucros rápidos. Ao cooptar novos membros e ver o dinheiro entrar, a vítima investe mais. A pirâmide “desmorona” quando pessoas novas param de entrar. Quem percebe a escassez rápido resgata o dinheiro pago; os valores se tornam insuficientes para pagar a todos e só quem chegou primeiro recebe.

O TJDFT lembra que o esquema de pirâmide é crime contra a economia popular no Brasil (e também em outros países), previsto na lei nº 1.521/51. A instituição ressalta os principais sinais de pirâmides:

• Produto desconhecido: Os “investidores” não sabem nada ou quase nada sobre o produto vendido, mais concentrados em anunciar e conseguir novos investidores.

• Dinheiro fácil: Promessas irreais como 5% de lucro por dia, 100% em um mês, com retorno “garantido” e outras mentiras parecidas atraem quem quer ganhar facilmente. Essas são as “presas” mais fáceis.

• Ganhos extras se indicar mais investidores: Lembre-se que atrair “investidores” é diferente de conquistar clientes.

• Quem manda? Há mais dados sobre o investimento do que sobre quem está à frente dele. Em qualquer transação com uma empresa, investigue. Consulte órgãos como Procon, Junta Comercial ou Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Guarde todos os documentos da transação. Caso haja sinal de fraude, denuncie ao Ministério Público ou à Polícia Civil.

Perigo espiritual
Quando há dinheiro fácil, é bem evidente que algo está errado.

Mesmo assim, muitos entram no esquema. Poucos podem ser considerados ingênuos. A Bíblia adverte: “mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” (1 Timóteo 6.9-10). O Bispo Renato Cardoso, no programa Entrelinhas, do Univer Vídeo, usou essa passagem para esclarecer: “antes de a pessoa cair na pirâmide, cai primeiro em sua cobiça, no desejo de ganhar dinheiro sem trabalhar. Muitos têm trocado sua fé pelo dinheiro, que se torna seu deus”. E, esse, sim, é o maior perigo de todos.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Getty images