Perseguição aos cristãos no Irã: convertidos são condenados a 12 anos por carregar Bíblias

O veredito partiu de um Tribunal Revolucionário Islâmico, que os julgou sem qualquer direito de defesa. Entenda o caso

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A perseguição aos cristãos no Irã atingiu um novo patamar. Em julho, dois iranianos convertidos ao cristianismo, Mehdi Rahimi, de 49 anos, e Kia Nourinia, de 55, receberam penas de 12 anos de prisão cada. O veredito partiu de um Tribunal Revolucionário Islâmico, que os julgou sem qualquer direito de defesa.

Além da pena de prisão, o tribunal impôs multas pesadas e retirou os direitos sociais dos réus por 15 anos. De acordo com a organização Portas Abertas, o caso evidencia a severidade da repressão religiosa imposta pelo regime teocrático iraniano.


Bíblias como prova de “crime”:

O tribunal declarou os cristãos culpados por “promover crenças desviantes” e por “contrabandear mercadorias proibidas”. Contudo, as tais “mercadorias” eram, na verdade, Bíblias e livros cristãos.

Para agravar a situação, o tribunal determinou que cada um pagasse mais de R$5.400 em multas. Além disso, os dois foram obrigados a devolver dez vezes o valor estimado das Bíblias apreendidas.

Durante a operação policial em novembro do ano passado, agentes invadiram as casas dos cristãos e apreenderam os materiais. Como prova, o tribunal apresentou apenas um relatório elaborado por oficiais do Ministério da Inteligência do Irã, além dos livros confiscados.


Julgamento à revelia e fuga do país:

Conforme informou a organização Article 18, os dois cristãos já haviam fugido do país após a invasão de suas casas. Mesmo assim, o tribunal manteve a sentença e ignorou completamente o princípio do contraditório. Isso revela o total desprezo do regime iraniano pelos direitos humanos e pela liberdade religiosa.


Crer em Cristo é crime no Irã:

O Irã é governado por uma teocracia islâmica que segue a sharia – rígida lei religiosa muçulmana. Por esse motivo, converter-se ao cristianismo é tratado como ameaça à segurança nacional.

Quem abandona o islamismo e decide seguir a Cristo enfrenta:

  • Prisões arbitrárias e prolongadas;
  • Tortura física e psicológica;
  • Abuso sexual contra mulheres presas;
  • Perda de emprego, de herança e da guarda dos filhos;
  • Rejeição familiar e expulsão de casa.

Além disso, o governo proíbe totalmente as atividades missionárias. As igrejas funcionam em segredo, e a distribuição de Bíblias é tratada como contrabando.


Liberdade religiosa é fachada no país:

A Constituição iraniana, em teoria, reconhece o cristianismo. Porém, essa proteção se aplica apenas a minorias étnicas específicas, como armênios e assírios. Mesmo assim, elas enfrentam diversas restrições, tais como:

  • Proibição de cultos na língua persa;
  • Vigilância constante por parte do Estado;
  • Proibição de evangelizar muçulmanos.

Portanto, qualquer tipo de evangelização ou conversão entre os iranianos nativos representa alto risco de prisão e perseguição.


Mesmo sob forte repressão, o cristianismo cresce:

Mesmo com tamanha repressão, o número de cristãos no Irã não para de crescer. O país ocupa o 9º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025, divulgada pela Portas Abertas.

Somente em 2023, o regime iraniano prendeu 166 cristãos e deteve outros 103 sem julgamento. Apesar disso, a igreja iraniana é considerada a que mais cresce no mundo.

Antes da Revolução Islâmica de 1979, havia apenas cerca de 500 convertidos no Irã. No entanto, atualmente, esse número já ultrapassa 1 milhão de fiéis, segundo o instituto GAMAAN. Estima-se que 2.000 iranianos se convertam ao cristianismo diariamente, de acordo com a Bible Society.


Como resultado, a luz brilha nas trevas:

Embora o regime iraniano use todos os meios para silenciar o Evangelho, o crescimento explosivo da fé cristã entre os iranianos mostra que nenhuma cadeia consegue aprisionar a verdade de Cristo.

Enquanto a perseguição se intensifica, mais pessoas se voltam ao Senhor em busca de salvação. Isso nos lembra que a Igreja de Jesus Cristo jamais será destruída, mesmo sob os sistemas mais opressores.

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Redação / Foto: iStock