Perseguição aos cristãos na Ásia Central: repressão e violência aumentam em países pós-soviéticos
Invasões a igrejas, novas leis restritivas e violência contra convertidos. Veja o que está acontecendo
A perseguição aos cristãos atinge níveis alarmantes na Ásia Central, onde antigas repúblicas soviéticas impõem restrições severas à liberdade religiosa.
Países como Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão misturam autoritarismo secular com nacionalismo islâmico. Como resultado, os cristãos, especialmente os convertidos e protestantes, enfrentam repressão, violência e discriminação institucionalizada.
O que está acontecendo?
Nos últimos anos, a repressão às minorias religiosas aumentou drasticamente. Por exemplo, o Quirguistão voltou à lista dos 50 países mais persecutórios do mundo, segundo a Missão Portas Abertas, após mais de uma década fora do ranking. Isso se deve, principalmente, à adoção de leis que dificultam o registro de igrejas e criminalizam a liberdade de culto.
Além disso, operações policiais invadiram igrejas protestantes e católicas registradas legalmente. Mesmo congregações aprovadas pelo Estado enfrentam ameaças diretas, extorsão e vigilância constante. Em muitos casos, como no Tadjiquistão, a simples tentativa de abrir uma nova igreja protestante já configura infração legal.
Quem são as vítimas?
A perseguição afeta principalmente cristãos protestantes e convertidos do islamismo. A Igreja Ortodoxa Russa, majoritária entre os cristãos da região, geralmente evita perseguições por ter raízes históricas locais e não fazer evangelismo.
Entretanto, cristãos convertidos são vistos como traidores culturais e, por isso, enfrentam o pior da repressão. Segundo Fariza Gulomikova, ex-muçulmana convertida ao cristianismo, a igreja batista em que ela cresceu teve propriedades confiscadas pelo governo tadjique. Pior ainda: um pastor da congregação foi baleado por homens armados dentro de um santuário.
Por que isso importa?
As novas leis exigem que igrejas tenham pelo menos 500 membros cidadãos adultos, um critério quase impossível de cumprir. Se apenas um nome for considerado inválido, o processo de legalização falha completamente. Com isso, o Estado empurra igrejas para a ilegalidade e, assim, ganha justificativa para perseguir os fiéis.
Além disso, governos como o do Turcomenistão utilizam redes de imãs e polícia secreta para monitorar e punir qualquer forma de adoração considerada “anormal”. Por consequência, os cristãos vivem sob constante ameaça de prisão, espionagem e censura.
O contexto mais amplo:
Com o colapso da União Soviética em 1991, esses países adotaram uma identidade secular imposta, mas gradualmente passaram a abraçar o islamismo como símbolo nacionalista. A escola sunita Hanafi, por exemplo, se espalhou amplamente no Tadjiquistão. As mulheres começaram a usar véus, os homens a cultivar barbas e os jovens a frequentar escolas islâmicas.
Nesse ambiente de islamismo reforçado e autoritarismo inflexível, os cristãos, especialmente os não ortodoxos, se tornaram alvos naturais. Ao mesmo tempo, governos temem a radicalização religiosa muçulmana e reprimem os próprios cidadãos de fé islâmica com igual severidade.
O que está em jogo?
A perseguição aos cristãos na Ásia Central vai além da repressão religiosa, ela revela um padrão de controle absoluto do Estado sobre a fé, a cultura e a identidade. Como se não bastasse, governos como o do Tadjiquistão já censuraram redes sociais e prenderam jornalistas e influenciadores que criticam o regime. Uma mãe de dois filhos, por exemplo, foi condenada a oito anos de prisão sem acusação formal por uma simples postagem.
Nesse cenário, os cristãos enfrentam o apagamento total de seus direitos humanos. Enquanto os governos consolidam o controle sob o pretexto de segurança nacional, as igrejas minguam, os pastores desaparecem e a esperança se esconde nos porões.
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