Crise no Mali aumenta perseguição aos cristãos e agrava crise humanitária
A perseguição aos cristãos no Mali cresce diante do autoritarismo militar e da violência extremista. Entenda o cenário
A recente dissolução dos partidos políticos no Mali, país localizado na África Ocidental, escancarou mais uma etapa do regime autoritário liderado pelo general Assimi Goïta. No entanto, para os cristãos, essa decisão vai além da repressão política. Ela aprofunda uma realidade de perseguição, medo e deslocamento forçado.
Por que isso importa:
A perseguição aos cristãos no Mali não é nova, mas se agravou drasticamente nos últimos anos. Ao eliminar os mecanismos de proteção legal e fechar o espaço democrático, o governo de transição cria um ambiente ainda mais hostil para minorias religiosas, sobretudo para quem segue a fé cristã.
Contexto: um país em colapso institucional
No dia 13 de maio, as autoridades militares do Mali anunciaram, em rede nacional, a dissolução de todos os partidos políticos. Embora a Constituição de 2023 garanta um sistema multipartidário, o governo militar ignora o próprio documento que o legitima.
O general Goïta, que chegou ao poder após dois golpes de Estado, segue acumulando autoridade. Embora tivesse prometido eleições em fevereiro de 2022, decidiu permanecer no comando até pelo menos 2030, segundo recomendações de uma conferência boicotada pela oposição.
Detalhes: repressão, prisões e censura
Após o anúncio da dissolução dos partidos, líderes da oposição denunciaram a medida e organizaram manifestações. No entanto, a repressão foi imediata. Pelo menos três opositores desapareceram após serem presos, e a sociedade civil teme o retorno de práticas autoritárias.
A crise se intensifica desde a saída da missão de paz da ONU (MINUSMA), encerrada no final de 2023. Sem o apoio internacional, o vácuo de segurança foi rapidamente ocupado por grupos armados.
Consequências: violência e perseguição religiosa
A perseguição aos cristãos no Mali ocorre em um cenário já devastador. Entre 2023 e 2024, violações de direitos humanos aumentaram em 120%, segundo a ONU. Cristãos, como minoria, enfrentam riscos ainda maiores.
Nas áreas próximas à fronteira com Burkina Faso e Níger, especialmente na região de Liptako-Gourma, os jihadistas intensificaram os ataques. Cristãos são alvos diretos de sequestros, assassinatos e casamentos forçados. Mulheres e crianças sofrem com violência sexual e assédio.
Além disso, o grupo extremista Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM) e a filial do Estado Islâmico no Sahel continuam aterrorizando aldeias inteiras.
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