Pais e filhos: como dar carinho e limites

O equilíbrio entre amor e regras influencia positivamente o desenvolvimento da criança

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Criar filhos nunca foi fácil. Muitos pais sensatos têm a mesma dúvida: como interagir com as crianças e adolescentes com carinho e, ao mesmo tempo, estabelecer limites seguros e necessários?

A psicóloga Clarice Meyrelles, de Goiânia, Goiás, lembra que “muitas situações podem levar os pais a se questionarem se estão fazendo ‘a coisa certa’. Crianças não vêm com manual de instruções e não existem fórmulas mágicas que solucionem maus comportamentos ou problemas emocionais do dia para a noite”.

Mesmo sem manual, há algo que ajuda muito, segundo Clarice: o autoconhecimento dos pais quanto ao seu modo de educar, o que os psicólogos chamam de estilo parental. “Ele é o conjunto de comportamentos e atitudes dos pais e todo o clima existente em uma relação pais-filhos, inclusive a expressão corporal, o tom de voz, o bom ou mau humor e as práticas usadas mais frequentemente. Os dois fatores determinantes que combinados definem o estilo parental são a responsividade (afeto e envolvimento) e a exigência (regras e limites)”, diz.

Clarice explica que há quatro estilos parentais bem definidos: o autoritário, em que os pais colocam muitos limites, mas oferecem pouco afeto; o permissivo, em que há pouco limite e muito afeto; o negligente, em que faltam limites e afeto; e o participativo, no qual os pais impõem limites e oferecem muito afeto (saiba mais na página ao lado). O estilo participativo é considerado o melhor deles, pois permite que a criança desenvolva a autoestima e reconheça suas capacidades e deveres.

Clarice enfatiza que, por mais que um estilo parental prevaleça, alguns pais misturam dois ou mais. “Além disso, a mãe pode ter um estilo e o pai, outro. Pode ser também que com um filho você seja mais exigente ou amoroso do que com outro. O importante é ter como referência o estilo participativo, buscar ser muito exigente e rigoroso com as regras, mas também muito afetivo e participativo em cada fase do desenvolvimento do filho, além de estar preparado para desvios de rota necessários.”

Ajuda bem-vinda

O Bispo Renato Cardoso entende esses “desvios de rota”. Em seu perfil do Facebook, ele esclarece que “as crianças de hoje estão em um mundo totalmente diferente daquele dos pais”, e que as “fórmulas” antigas podem não ser adequadas a essa geração. “Ser filho ou pai neste século é um dos maiores desafios que temos. Muitos têm tentado e falhado miseravelmente.”

Por isso, ele e a esposa, Cristiane Cardoso, oferecem dicas e reflexões sobre o tema nas reuniões de domingo, transmitidas ao vivo pelo Univer Vídeo, no site univervideo.com. As gravações estão reunidas na série Dica e bênção para pais e filhos. Em uma delas, o casal destaca a importância de equilibrar o excesso de críticas aos filhos, pois isso pode gerar adultos inseguros. “A voz dos nossos pais fica com a gente a vida toda. Por isso, pai e mãe têm que observar o jeito que falam com os filhos, porque essa voz fica com a gente em todos os momentos falando algo negativo ou positivo”, disse Renato Cardoso. Em outra reunião, ele lembrou que nenhum filho vem com manual, mas é importante buscar instruções. Para isso, acompanhe os conteúdos da Universal no Univer Vídeo.

Estilos parentais

Autoritário: pais com regras e limites bem rígidos em busca de obediência e controle. Eles consideram pouco a opinião e os sentimentos do filho, não permitem a participação em decisões e escolhas e têm dificuldade de demonstrar afeto e participar nas atividades do filho. Os filhos de pais com este estilo costumam ter bom desempenho escolar e poucos problemas de comportamento, mas são submissos, com habilidades sociais pobres, baixa autoestima e altos índices de depressão, ansiedade e estresse.

Negligente: pais muito confusos, que deixam o filho “solto”, não estabelecem regras nem se envolvem com as questões dele. Não dedicam tempo ou interesse necessários à sua educação. Seus filhos têm problemas afetivos, comportamentais e no desenvolvimento, com tendências antissociais desenvolvidas pela busca desesperada por amor e atenção. Eles têm baixo desempenho escolar, alto nível de estresse e depressão e acham que nunca serão amados. Esse estilo é o que tem os piores resultados.

Permissivo: pais com baixo nível de exigência, que permitem quase tudo aos filhos, fazem suas vontades e oferecem recompensas e coisas em excesso. Eles consideram opiniões e vontade dos filhos, mas deixam suas próprias opiniões de lado, e têm dificuldade de dizer não e medo de não serem amados pelas crianças. Filhos de pais permissivos têm mau desempenho escolar, comportamento antissocial e aprendem que amar é ser cuidado sem oferecer nada em troca. Eles valorizam demais o aspecto material e se acham incapazes de realizar algo por si mesmos.

Participativo: os pais apresentam muitas regras e exigências, mas também dão muito afeto e participam nas questões dos filhos. Exigem obediência, mas consideram a opinião dos filhos e os fazem participar de decisões e escolhas. Estão disponíveis para brincar, ajudar com as tarefas, elogiar e valorizar. Demonstram orgulho dos filhos e dedicam tempo à família. As crianças de pais participativos têm os melhores resultados. Entendem o que é respeito mútuo e que seu comportamento tem consequências. Sentem-se valorizadas, amadas e gostam da vida. Têm autoestima adequada, menor nível de estresse e depressão. São crianças mais otimistas e com habilidades sociais.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Getty Image