Os desafios do envelhecimento

Para muitos, o avanço do tempo e da idade são acompanhados de solidão, abandono, depressão e outros problemas. Como superar os obstáculos e fazer dessa fase a melhor possível?

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Recentemente, a população brasileira com mais de 60 anos atingiu o marco de mais de 32 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E continuará crescendo, tendo em vista que a expectativa de vida do brasileiro vem aumentando consideravelmente. Em 1940, por exemplo, um indivíduo com 65 anos esperava viver em média só mais 10,6 anos. Já em 2019, uma pessoa com a mesma idade tinha a expectativa de ter mais 18,9 anos de vida.

Sendo assim, não demorará muito para que grande parcela da população do País seja idosa. Conforme aponta o IBGE, daqui alguns anos, 58,2 milhões de pessoas – o equivalente a mais de 25% da população – farão parte dessa faixa etária. Ou seja, em pouco tempo, um a cada quatro brasileiros estará com mais de 60 anos.

E não é fácil ser idoso nos dias de hoje. A lista de obstáculos e desafios a serem superados por essa faixa etária parece infinita. Muitos veem a velhice como uma doença. Inclusive, é comum ouvir por aí frases de efeito, tais como “isso é coisa de velho”, ou “você está velho para fazer isso”, entre outras, que denotam estereótipos e preconceito. Por serem mais vulneráveis e geralmente precisarem de auxílio, muitos idosos são taxados, inclusive, como indivíduos incapazes de realizarem mínimas atividades.

Alvo de todos os lados
E, por fazer parte de uma população que só cresce, os idosos se tornaram alvo frequente de muitos setores da sociedade. A indústria farmacêutica, por exemplo, produz diferentes tipos de remédios para essa faixa etária, e a de cosméticos, por sua vez, é incisiva nas campanhas publicitárias para tratamentos anti-idade.

Além disso, a chamada melhor idade sofre com fraudes e enganos. Entre as principais queixas desse público estão os valores altos dos planos de saúde e os tratamentos “milagrosos” oferecidos por inúmeros picaretas. Golpes de estelionatários e assédios constantes de empresas financeiras que oferecem empréstimos para aposentados também figuram entre as principais reclamações deles.

Fora esses infortúnios, os idosos também enfrentam a discriminação do mercado de trabalho. Outros tantos estão com depressão: segundo o IBGE, essa doença afeta 13% dos brasileiros entre 60 e 64 anos. Há ainda a solidão constante, o abandono da família e dos filhos e até a dependência do álcool, que tem aumentado consideravelmente entre esse público. Segundo uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), atualmente, 23,7% das pessoas com mais de 60 anos do País consomem bebidas alcoólicas.

Amor, assistência e incentivo
E, por conhecer as necessidades dessa faixa etária, a Universal criou, em 2009, o Grupo Calebe, presente em mais de 110 países. Só no Brasil, o programa social presta assistência a mais de 137 mil idosos e conta com o apoio de mais de 46 mil voluntários. No grupo, os membros participam de aulas de informática, alfabetização, artesanato, atividades físicas, evangelizações e visitas a casas de repouso e residências, palestras em várias áreas, como da saúde e jurídica, coral, entre outras atividades.

O Bispo Valter Pereira, responsável pelo Calebe em todo o Brasil, avalia a importância do grupo para a vida dos idosos. “O grupo desenvolve em seus membros a autonomia perdida ao longo do tempo, principalmente por pensarem que nessa fase eles não têm mais como serem úteis. Assim, o grupo lhes dá a oportunidade de serem mais fortes e de usarem toda a experiência que adquiriram para fazer da melhor idade uma nova etapa da vida, sem esquecer do pilar principal que os fará fazer a diferença: o Espírito Santo.”

O Bispo Valter explica como o Calebe motiva os membros a vencerem seus problemas: “o Grupo incentiva os idosos a usarem a fé inteligente, fazendo com que eles entendam que o tempo e a idade não são motivos de acomodação. Eles são orientados também a zelarem pela Salvação e a desenvolverem o cuidado pessoal, tanto do interior como do exterior. Afinal, se estamos bem com Deus, logo estamos bem conosco e com o próximo. Por isso, a importância de ter uma comunhão com Deus que, aliada ao conhecimento recebido, faz com que eles se desenvolvam e não parem no tempo.”

Superação e empreendedorismo
Entre os idosos que já enfrentaram inúmeros desafios do avanço da idade está a modelista e aposentada Sislene Van Rosenthal, (foto abaixo) de 63 anos, de Criciúma (SC). Ela conta que, em 2013, teve câncer lobular invasivo em sua mama e foi submetida a uma cirurgia de mastectomia (remoção completa da mama) e ao tratamento com quimioterapia. Na época, ela já frequentava a Universal e recorreu ao uso da Fé em Deus para buscar sua cura.

Contudo, por causa da doença, Sislene precisava parar de trabalhar e se aposentar. Era algo difícil, afinal, ela tinha sido uma mulher ativa durante toda a sua vida. Então, naquela situação, Sislene precisava de algo que a motivasse a continuar exercendo suas atividades – mesmo que não fosse para o ganho financeiro –, e que a ajudasse a continuar lutando, pela Fé, para restabelecer sua saúde. Ela não queria parar com suas atividades de vez, mas, sim, encontrar uma maneira de continuar se sentindo útil. A doença não seria motivo para impedi-la de atingir seus objetivos. E foi nessa época que Sislene foi convidada para integrar o Grupo Calebe.

“Ainda fazendo o tratamento contra o câncer, eu entrei para o grupo. Me envolvi no trabalho ensinando modelagem e costura para outras pessoas. Eu havia acabado de ser aposentada por causa da doença e, antes, vivia muito em atividade, então, vi no Calebe a chance de me sentir útil. Hoje entendo que aquela foi a forma que Deus usou para fazer com que eu me aproximasse dEle”, recorda.

Aliando a Fé ao tratamento médico, Sislene venceu a batalha contra o câncer e foi curada. Ela afirma que hoje se considera uma pessoa mais valorizada por poder contribuir também com o projeto imprensa do Calebe, registrando em fotografias diversos momentos singulares do grupo.

E foi enquanto ensinava seu ofício a outras pessoas que Sislene aprendeu, nas oficinas oferecidas pelo grupo, a desenvolver modelagem por meio da computação. Ela recebeu uma direção de Deus e o apoio de vários colegas e, assim, montou uma assessoria em sua própria casa. No conforto do seu lar, Sislene se tornou empreendedora e hoje desenvolve modelagem para pequenas e médias empresas e para estudantes de moda.

Sislene reconhece que, mesmo em meio ao avanço da idade, os aprendizados recebidos são motivo de alegria. “Eu me superei por meio do grupo Calebe e sou muita realizada no que faço, porque, na minha idade, fazer modelagem pelo computador é como fazer engenharia.” Ela está realizada, mas reconhece que a força que a faz se manter firme em meio aos desafios da idade vem da Presença de Deus. “Sou muito feliz, tenho uma vida ativa e faço no mínimo 40 modelos por mês. Mas, acima de tudo, a maior conquista que tive e, não há idade para isso, foi ter recebido o Espírito Santo. Ele é Quem me guia e não deixa que eu me curve diante dos desafios”, conclui.

Sem barreiras para aprender
Julião Sirqueira Ríspoli da Silva, (foto abaixo) de 70 anos, conta que teve uma infância difícil em Petrópolis (RJ), onde vive. Ele se recorda que precisava se dedicar ao trabalho desde muito pequeno. Então, os estudos ficavam sempre em segundo plano. “Comecei a estudar muito tarde, já aos 13 anos, e naquele tempo era tudo muito difícil de ser realizado. Por isso, enfrentei muito preconceito com o passar dos anos para tentar conquistar o que desejava.”

Ao longo da vida, Julião se empenhou em fazer alguns cursos, como estudos sociais, contabilidade, entre outros. E, com o passar dos anos, ele trabalhou em empresas da área de recursos humanos. Contudo, ele admirava e sonhava em cursar uma faculdade de Direito. “Só que eu achava que não seria capaz de acompanhar o ritmo intenso dos estudos, devido à idade já avançada. Não era algo que eu pensava que eu iria conseguir fazer”, revela.

Mas, em 2012, ele conheceu o Grupo Calebe e se sentiu acolhido por todos os integrantes. Não demorou muito para ele ser incentivado a realizar o que tanto desejava. E foi assim que a motivação para a concretização daquele sonho surgiu na vida dele.

Julião lembra que os membros e voluntários o encorajaram a cursar a faculdade, independentemente da idade que ele tinha e das circunstâncias que ele enfrentava. “Quando eles souberam do meu sonho de cursar Direito, me incentivaram e me deram o gás que faltava para que eu fosse em frente.” Ele reconhece o suporte do grupo na superação dos seus desafios. “O Calebe tem sido uma base em minha vida depois de Deus. É onde me sinto cuidado.”

E, ultrapassando os obstáculos a cada dia, Julião celebra dois anos de formado. “Não foi fácil, mas aos 68 anos me formei, me sinto muito disposto e ainda jovem. Com Deus, a velhice, assim como a vida em geral, é diferente, é uma benção.”

Agora, Julião quer dar continuidade aos estudos e cursar uma pós-graduação, monstrando que o fato de ser idoso continua não sendo obstáculo para a realização de mais um sonho. Ele, inclusive, afirma que se identifica com o personagem bíblico Calebe, que dá origem ao nome do grupo, pela bravura que ele teve. Calebe foi um guerreiro, companheiro de Josué, que liderou a conquista da Terra Prometida.

Aos 85 anos, ele lutou, ao lado de outros valentes, com a mesma força de um jovem, acreditou no poder de Deus e, por isso, foi abençoado por Ele com a longevidade e com conquistas no fim de sua vida. Julião entende que, pela Fé, ele também vence as dificuldades e que ela é que dá a ele força e vigor, fazendo dessa a “melhor idade”.

Uma nova vida aos 60 anos

A aposentada Sônia Maria Ávila Santos, (foto abaixo) de 63 anos, reconhece que também recebeu vigor após seus 60 anos. Ela conta que conheceu o poder de Deus após ter sido atropelada por um veículo no Rio de Janeiro, onde reside.

“Em 2018, fui atropelada e fiquei entre a vida e a morte. Por três dias estive em coma. Com a gravidade do acidente, os médicos disseram para minhas filhas que só um milagre me salvaria. Elas já usavam a Fé na Universal e levavam para mim a água consagrada, passando-a no canto da minha boca e determinando a minha cura. Foi assim que eu recobrei a consciência”, conta.

No acidente, Sônia teve três partes de sua bacia quebradas e precisou fazer uma cirurgia para inserção de placas. Ela também foi submetida a outra cirurgia, porque, com o impacto do acidente, o pulmão esquerdo dela chegou a ser prensado por alguns órgãos da região abdominal. E, assim, ela ficou mais de 45 dias internada.

Quando recebeu alta médica, Sônia ficou sabendo que a estimativa dos especialistas era de que ela viveria sempre acamada e que usaria sonda para urinar, por causa das perfurações que teve em sua bexiga. De fato, ela ficou cerca de um ano acamada e usando sonda. Nesse período, ela conta que a tristeza havia tomado conta de seu ser e que parecia que sua vida havia tido um fim. Contudo, foi nessa mesma época, que ela aceitou o convite de suas filhas para participar das correntes na Universal.

“Eu já havia tido aquela experiência com Deus por meio das minhas filhas, mas tinha feito apenas visitas à Igreja sem compromisso. Então, dessa vez, eu decidi ir, mesmo com a bexiga perfurada, usando sonda e sentindo aquela tristeza.” Sônia revela que passou a usar a Fé e que logo obteve a resposta de Deus. “Eu assumi o compromisso de lutar e assim recebi o milagre: fui curada.”

Sônia, então, foi convidada para participar do Grupo Calebe. Ela afirma que as atividades realizadas davam a ela alegria e a motivavam a se firmar realmente na Fé. “Depois que entrei para o grupo, me envolvi muito mais com as coisas de Deus e me batizei nas águas. Antes eu era muito nervosa e hoje tenho paz e alegria.” Manifestando a Fé dia após dia, Sônia foi vendo as bênçãos acontecerem. E hoje ela admite: “minha recuperação foi até mais rápida e não há sequelas do acidente. Até as placas que eram para ficar para sempre no meu corpo foram retiradas. Hoje tenho a vida transformada e sou grata a Deus por ter conhecido esse grupo”, encerra.

Receba essa força
Os desafios não consideram idade nem tempo. Muitas são as pessoas idosas que levam consigo um passado carregado de marcas e que pensam que não há solução para elas. Sobre isso, o Bispo Valter Pereira aconselha: “digo que a verdadeira felicidade, que faz você ser forte e perseverante, vem de Deus. Para alcançá-la, basta que você seja sincero com Ele e decida hoje deixar para trás o que o impede de ter a atitude de buscá-Lo. Não importam seus erros ou suas falhas, faça desse dia sua oportunidade de uma mudança de vida”.

Portanto, se você enfrenta inúmeros desafios com o avanço da idade, tem alguém na família que passa por isso, ou nem chegou ainda nessa fase, mas sabe que, com o passar dos anos, seu sofrimento só tende a aumentar, não hesite em buscar ajuda. Procure uma Universal mais próxima de sua casa e saiba como proceder.

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Colaborador

Kelly Lopes / Fotos: Getty images, Calebe Imprensa Criciúma/SC, Mídia FJU Petrópolis- RJ, Calebe Imprensa Bloco Catedral 2/RJ