“Onde estava Deus?”

Esse é o questionamento de muitas pessoas que, em meio ao sufoco, colocam no Criador a responsabilidade do socorro urgente, mas negligenciam suas próprias atitudes

A sociedade que está sendo construída atualmente busca, acima de tudo, a liberdade. As pessoas anseiam ser livres e estampam isso em suas redes sociais, ao se exporem mais do que deviam; nas ruas, ao levantarem suas bandeiras ideológicas; e nas escolhas que fazem no dia a dia. Na prática, não é errado ansiar pela liberdade, afinal o livre-arbítrio é um direito dado pelo Próprio Deus para todos os seres humanos, mas isso não os livra das
consequências do uso que fazem dele. Nesse sentido, muitos têm usado esse direito de escolha ao seu bel-prazer, vivendo à sua maneira, mas, ao passar por uma situação de aperto – como a perda de um ente querido, a falência de sua empresa, o divórcio, etc. – recorrem a Deus com a crença de que Ele é obrigado a atender toda e qualquer solicitação deles.

Nesse momento, por não receberem uma resposta imediata, essas pessoas culpam a Deus pelos infortúnios que vivem e pelo fato de Ele não as ter ajudado a solucionar os problemas delas. Assim, chegam a questionar: “onde está Deus?”, “se Deus existe, porque não sou atendido?” ou “se Ele é Pai, por que permite que tantas coisas ruins aconteçam?”. Entra em cena, então, a dúvida, o orgulho, o ego e até mesmo uma certa mágoa de Deus.

Esses sentimentos são gerados por um relacionamento raso e interesseiro de alguém que segue sua vida normalmente e só recorre a Deus nos momentos de dificuldades. Diferentemente do que muitos pensam, o Criador não serve o ser humano de acordo com a sua vontade, mas é um Pai que deseja se relacionar com Seu filho e ver nele o interesse de obedecê-Lo e agradá-Lo.

A parte do ser humano
“A Bíblia diz que Deus nos criou a sua imagem e semelhança (Gênesis 1.26), mas a maioria das pessoas inverte esta realidade e cria Deus à imagem e semelhança delas. Para não ter que mudar, elas precisam de um Deus que aprove tudo o que elas fazem”, explicou o Bispo Renato Cardoso durante a transmissão de um recente programa Inteligência e Fé. Ele destacou que nesse contexto ganham força expressões enganosas, mas amplamente difundidas como verdades, como a que diz que todos os caminhos levam a Deus ou que basta crer nEle.

Essas e outras crenças populares ligadas à religiosidade tendem a colocar sobre Deus toda a responsabilidade de socorrer as pessoas, afinal, Ele é bom. Poucos, porém, atentam para a questão de que, para alcançar a benevolência de Deus, o ser humano também precisa fazer a sua parte, que é buscá-Lo, como está escrito em Isaías 55.6: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”.

“A palavra buscar deixa muito claro como Deus trabalha. A primeira parte é nossa, ou seja, a busca é de quem está precisando de ajuda. Se você precisa de socorro ou mudar alguma coisa na sua vida, é você que tem que correr atrás e não Deus que tem que correr atrás de você. Não que Ele esteja fugindo, pelo contrário, Ele está perto de você e só espera que você O invoque”, comentou o Bispo.

Essa atitude de buscá-Lo deve ser recorrente, ou seja, baseada em um relacionamento, o que envolve uma entrega. Contudo quantas pessoas têm se entregado para terceiros, em vez de recorrerem a Deus? Quantas se humilham no momento de um aperto financeiro para familiares, para o banco ou até para agiotas? Outras, por exemplo, se humilham diante de um cônjuge que está prestes a sair de casa ou diante do filho que está na criminalidade. Na prática, essas atitudes desesperadas revelam que a confiança não está em Deus, mas na força do braço.

Confiança: a base de um relacionamento
Muitas pessoas dizem que creem em Deus, mas a realidade é que Ele ainda é um grande mistério para a maioria delas. Apesar dEle ter deixado tudo registrado em Sua Palavra, poucos se interessam verdadeiramente em conhecê-Lo e, assim, o relacionamento com Ele se resume a pedir e a receber.

Da mesma forma que um relacionamento entre duas pessoas começa com a troca de informações entre elas, com o interesse de conhecer seus gostos, seus objetivos e sua forma de pensar, o mesmo ocorre no relacionamento com o Criador. Os pensamentos de Deus, Seus planos e Suas expectativas em relação ao ser humano estão descritos na Bíblia e aqueles que se aprofundam nessa comunhão e se submetem a Ele recebem muito mais do que bênçãos ou o socorro na hora do sufoco, mas a paz e, principalmente, a certeza da Salvação da alma.

Acompanhe a seguir a história de Patrícia Matos, (foto abaixo) Marcondes Júnior e Cida Venâncio, que criam em Deus à sua própria maneira e passaram boa parte de suas vidas perdidos, andando em círculos e nadando em problemas, mas decidiram ser humildes para reconhecer suas falhas e passar a depender apenas de Deus.

Recomeço em meio à dor da perda
“A destruição na minha vida começou na infância.” Essa foi a realidade vivida por Patrícia Matos, de 49 anos, auxiliar de serviços gerais. Ela conta que nasceu em um lar marcado pelo alcoolismo e pelas brigas. “Minha mãe não aguentou, fugiu de casa e abandonou a mim e a meus irmãos. Nessa condição, eu cresci na rua e aprendi tudo da pior maneira. Comecei a fumar logo cedo, me envolvi com bebidas, com drogas e até com a criminalidade.”

À medida que ia crescendo, Patrícia foi fazendo suas próprias escolhas e colhendo o resultado delas. “Conheci o pai das minhas filhas e vi a história da minha família se repetir. No meu lar reinavam a bebida e as brigas. Cheguei até a ser agredida. Até que o meu marido faleceu e eu fiquei sozinha para cuidar de três crianças.”

Vivendo cheia de dificuldades, Patrícia recebeu uma série de convites de uma tia para participar das reuniões da Universal. “Eu até ia, inclusive quando meus filhos nasceram foram apresentados a Deus no Altar, mas, particularmente, eu achava que para mim não tinha mais jeito nem salvação. Eu acreditava que Deus existia, mas não para mim, porque nada de bom acontecia na minha vida. Era só tristeza e coisas ruins”, afirma.

Essa falsa crença era alimentada pelos sentimentos e impedia sua verdadeira entrega. “Eu frequentava as reuniões, mas não conseguia me firmar. Eu ficava uma ou duas semanas e não ia mais, porque eu ia atrás de uma bênção e, como eu não fazia a minha parte de me firmar com Deus, eu não via nada acontecer e desistia”, diz.

A mudança de rumo, no entanto, veio no auge da dor: “eu perdi uma filha e minha vida simplesmente perdeu o sentido. Eu me culpei pela morte dela e tentei o suicídio. Em meio ao sofrimento, minha tia me questionou: ‘se você tivesse morrido no lugar da sua filha, onde estaria a sua alma? Se entrega, então, para Jesus’”.

Aquela palavra de fé despertou dentro dela a necessidade de mudar. Assim, ela foi à Igreja, mas, dessa vez, com a intenção de conhecer o Deus de que tanto lhe falavam. “Quando eu olhei para o Altar e vi o Nome de Jesus, eu pedi para que Ele me aceitasse e me mudasse naquela reunião mesmo. Lembro que já saí de lá diferente. Ninguém mandou, mas, por uma opção minha, naquele dia eu larguei as drogas, o álcool, o cigarro, as noitadas e a vida no crime”, esclarece.

A atitude de tirar do caminho aquilo que desagradava a Deus e de obedecer às Escrituras Sagradas provocou sua transformação de dentro para fora: “eu recebi a perspectiva de uma nova vida e a possibilidade de reescrever a minha história e de dar aos meus filhos o melhor. Hoje, 12 anos depois, eu tenho paz, não sou mais nervosa e tenho a certeza de que Deus é comigo, inclusive em meio aos problemas”.

Ela ressalta ainda que, desde que teve seu Encontro com Deus, Ele passou a fazer parte da sua vida intimamente: “eu não consigo mais acordar sem falar com Deus, sem entregar a Ele meus problemas e sem pedir a direção dEle. Hoje sou grata a Ele por tudo”, conclui.

“Eu não queria largar o mundo e mudar”
O analista financeiro Marcondes Júnior, (foto abaixo) de 29 anos, cresceu frequentando as reuniões na Universal com sua família. Ao longo dos anos, ele aprendeu sobre a Fé inteligente e começou a praticá-la. Como não tinha tido um verdadeiro Encontro com Deus, a religiosidade entrou em cena. “Eu fazia bastante coisa na Igreja, mas, com o passar do tempo, a minha personalidade e o vazio que eu tinha dentro de mim afloraram. Cheguei a um ponto que não consegui mais permanecer. Eu não lia a Bíblia, não orava, não jejuava nem era mais fiel a Deus. Então, abandonei a Fé.”

A princípio, Júnior passou a ocupar o tempo com estudos, trabalho e viagens. Como o vazio era persistente, ele começou a frequentar baladas e a investir em entretenimento e relacionamentos. “Vivi tudo que o mundo poderia me proporcionar, mas o vazio só aumentava. Minha alegria era momentânea”, comenta. Outras questões também passaram a surgir, como ele conta: “eu tinha vários problemas psicológicos, como bipolaridade, depressão, transtorno de ansiedade e insônia. Diante dessa situação, eu até pensava em voltar e buscar ajuda em Deus, mas eu não queria largar o mundo e mudar.”

Na tentativa de ser feliz, Júnior recorreu a uma religião, mas, como ele relata, a situação só piorou: “fui em busca de uma solução para a minha vida amorosa e para a realização na vida financeira. Ali, me aceitaram como eu era e no início até vi coisas positivas acontecerem, porém, mesmo assim, cheguei ao fundo do poço. Todos os problemas psicológicos que eu tinha se intensificaram, a ponto de eu desejar me suicidar e, ao mesmo tempo, ter medo de morrer. Fiquei totalmente desequilibrado e financeiramente perdi até o que eu já tinha”.

Ele viveu sete anos dessa forma até que, no auge da depressão, se envolveu em uma briga e tentaram matá-lo. “Naquele momento, eu pensei: ‘não tenho nada, só vivo de aparência, o que eu tinha o diabo está tomando e agora ele quer levar a minha alma’.” Ele diz que foi nessa condição que entendeu o que realmente estava em jogo. “Eu sabia que se eu voltasse para Deus com as mesmas atitudes nada mudaria. Por isso, eu voltei na Universal decidido.

Apesar de ser difícil, eu sabia que dependia de mim e então abri mão da prostituição, da mentira, do engano e do orgulho para conhecer verdadeiramente a Deus”, detalha.

O recomeço foi marcado, além da decisão, pela libertação, pelo batismo nas águas, pelo Encontro com Deus e pelo recebimento do Espírito Santo.

“Eu me entreguei completamente e, a partir dali, a minha vida mudou totalmente. Todos os complexos e problemas emocionais tiveram fim”, afirma.

Hoje, Júnior valoriza a sua comunhão com Deus e sabe que para se manter no caminho da Fé é preciso sinceridade: “antes, eu queria manter a minha posição e não assumia a minha condição. Hoje, eu sou sincero e tudo é diferente. Eu priorizo o ser e depois o fazer. Além disso, tudo que vem do Altar eu faço, pois é dEle que vêm o meu sustento, as bênçãos de Deus e a garantia da minha Salvação”, finaliza.

Do fracasso à realização
Vivendo em um cortiço, com o nome sujo e passando necessidade. Essa foi a situação em que a empresária Cida Venâncio, (foto abaixo) de 49 anos, conheceu a fé. “Minha vida era um verdadeiro fracasso e nada do que eu queria comprar eu conseguia por falta de condições”, relembra. Apesar de trabalhar com toda dedicação para ganhar dinheiro, a realidade dela só piorava. Contudo ela não abria mão do seu orgulho, como esclarece: “eu já tinha ouvido falar da Universal, mas eu não gostava da Igreja. Então, antes de dar uma chance a Deus, eu tentei do meu jeito, recorri a um agiota e a outras pessoas, mas não conseguia pagar as dívidas e isso me fez perder a credibilidade”.

No entanto ela conta que carregava internamente uma revolta muito grande: “eu culpava Deus pelo fracasso que eu vivia. Não conseguia juntar dinheiro, devia para todo mundo e ainda vivia na miséria. Para mim era como se não tivesse mais jeito”.

Outro baque a desestabilizou e se somou a esse cenário de desesperança: a perda da filha. Ela diz o que aconteceu: “aí eu me virei contra Deus e para mim era como se Ele não existisse ou não olhasse para mim. Eu dizia a Ele que a única coisa que me deixava feliz Ele tinha me tirado. Nesse período, eu ainda tinha me separado do meu marido e estava depressiva”.

No fundo do poço, em meio a uma série de humilhações e sem ter a quem recorrer, Cida bateu naquela que seria a última porta. “Aceitei um convite e passei a frequentar as reuniões da Universal. Eu entendi muito rápido que eu tinha que obedecer a Deus e comecei a colocar em prática a Palavra dEle. Eram ensinamentos que eu nunca tinha ouvido em lugar nenhum. Eu ouvia e praticava tudo que o homem de Deus falava”, recorda.

Assim, Cida passou a avançar no relacionamento com Deus, o seu interior começou a ser restaurado e ela se encheu de Fé. Aos poucos, o exterior também começou a mudar. “Não demorou muito e surgiu uma oportunidade para eu trabalhar como manicure em um salão de beleza.

Depois de seis meses lá, a dona do local teve que se ausentar e passou o negócio para mim. Sem estudos, eu encarei o desafio confiando no que eu aprendia no Altar e obedecendo. De funcionária eu passei a ser proprietária e comecei a aproveitar outras oportunidades.”

Depois daquele primeiro salão, Cida abriu novas unidades e passou ainda a ensinar a função de cabeleireira para outras profissionais.

“Hoje não tenho mais dívidas, tenho a minha casa e não me falta mais nada. Deus restaurou o meu casamento, me deu dois filhos maravilhosos e hoje só tenho a agradecer, não apenas pelas conquistas, mas pela minha nova história.”

Ela conta que o dia a dia não é perfeito e que os problemas surgem, mas que com a Aliança que tem com Deus há a convicção de que tudo pode ser superado. “Nada me deixa triste ou me abala, porque a minha comunhão com Deus é a minha base e isso me sustenta”, encerra.

O caminho para a transformação
É interessante notar que todas as histórias mostradas nesta reportagem têm características particulares. Cada pessoa sofreu em áreas diferentes, no entanto, o caminho para a transformação foi um só: a entrega a Deus.

Esta é a Fé baseada nas Escrituras Sagradas que fala da disposição do Pai em estender Suas mãos àqueles que se entregam inteiramente, não apenas para resolver um problema, mas para alcançarem a eternidade com Ele.

Quem deseja esse compromisso, entretanto, precisa se apressar. O trecho citado em Isaías 55.6, mencionado no início desta matéria, deixa claro a importância de buscá-Lo “enquanto se pode achar”, o que significa que um dia será tarde demais, conforme explicou o Bispo Renato: “haverá um momento em que Ele não estará mais perto, então, a hora para você buscar essa ajuda é agora. É você colocar isso como a prioridade da sua vida. Tudo o mais que você diz que é tão importante e fica ocupando o seu tempo pode esperar, mas não o seu relacionamento com Deus”.

Portanto, se até hoje o pensamento que dominou a sua mente foi o de que Deus não se importa com você ou que Ele é injusto em razão dos problemas que você tem enfrentado, avalie a imagem que você tem de Deus e o que você tem feito efetivamente para se aproximar dEle de verdade. A construção diária dessa intimidade molda o caráter, fortalece o ser humano e direciona a vida, tornando a Fé eficiente não só para sair de uma situação de sufoco, mas, principalmente, para servir de sustento rumo ao Reino dos Céus.

Agora é a sua vez: a partir de agora, busque de fato o Deus que você tem tanto questionado, pois Ele está de braços abertos para lhe receber. Na próxima edição, que circulará na Semana Santa, você saberá mais sobre isso. Não perca!

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Fotos: Getty images e Demetrio Koch