Onde está o pai?

Para quem lida com os impactos da ausência paterna, há um Pai que transforma tudo na vida de quem O reconhece

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Ele chegou: é o domingo de Dia dos Pais, que costuma ser comemorado com almoços em família, abraços, presentes e homenagens nas redes sociais. Todavia a data também é marcada por uma dolorosa ferida para muitas crianças, adolescentes, jovens e adultos, por conta da ausência paterna.

Seja pela distância física, seja pela omissão do papel de pai, pelo comportamento agressivo, por falecimento, abandono, vícios, falta de diálogo, divórcio ou qualquer outro motivo, a falta de um pai presente impacta negativamente o desenvolvimento social e psicológico do ser humano.

Marcas na vida

Na estrutura familiar todas as pessoas desempenham um papel de extrema importância e a ausência de uma delas a afeta, como se faltasse uma coluna de sustentação na construção do lar. O papel do pai vai além da concepção ou do sustento financeiro. Por isso, estudos sobre o tema apontam diversos impactos que a ausência da figura paterna pode causar em diferentes fases da vida. De acordo com o estudo Os Efeitos Causais da Ausência Paterna, publicado na National Library of Medicine e que avaliou 47 publicações sobre o tema, os principais impactos são:

  • Na escolaridade;
  • Na saúde mental;
  •  Nos relacionamentos; e
  • Na área profissional.

Não se trata de uma regra geral, ou seja, nem toda ausência paterna induz a esses frutos negativos, mas é inegável o impacto que os pais têm na vida dos filhos em diferentes áreas da vida. Tanto a presença quanto a ausência têm reflexos, mesmo que inconscientes. Contudo, todo ser humano é provido de livre-arbítrio para escolher se segue por esse caminho ou não.

No Texto Sagrado

Existem diferentes histórias de pais e filhos na Bíblia. Eli, por exemplo, era o sacerdote de Israel e todo o povo seguia as orientações que ele repassava, mas seus próprios filhos não seguiram seus passos e se corromperam (1 Samuel 2:12-17). Já Josias teve um péssimo exemplo de seu pai Amom, no entanto, escolheu seguir o bom exemplo que Davi deixou, três séculos antes, e provou que é possível buscar boas referências mesmo quando elas não estão tão próximas (2 Crônicas 34). Isso revela que a presença ou a ausência do pai não deve ser a única motriz da vida de uma pessoa.

Pai sempre presente

Há ausências irreparáveis, a exemplo do falecimento do pai, mas há uma boa notícia para quem deseja ser filho(a) de um Pai sempre presente:

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. (…). O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, (…) e co-herdeiros de Cristo” (Romanos 8:14-17)

É importante ressaltar que ter o Criador como Pai não é apenas declarar “sou filho(a) de Deus”. Na Bíblia Sagrada com Anotações de Fé, do Bispo Edir Macedo, aprendemos que esses versículos em Romanos “afirmam que ninguém pode se autointitular filho de Deus, pois essa atribuição é dada somente pelo Próprio Espírito Santo a todos que são guiados por Ele. A nossa vida pertence àquele cuja voz ouvimos e seguimos e que, portanto, tem o total controle das nossas ações e reações. Uma das características mais marcantes de um filho de Deus é a sua sensibilidade em ouvir e se submeter à vontade do Espírito Santo. Isso o diferencia dos demais que não são filhos”. Em síntese: assim como carregamos o DNA de nosso Pai terreno, assumimos a posição de Filho de Deus quando recebemos
o Espírito dEle.

Deus-Pai

Como nosso Criador, Deus também deseja ter um relacionamento com cada um de nós e, por isso, ao longo do Antigo Testamento, vemos as tentativas dEle de fazer isso com Seu povo, como um Pai que vê seu filho ir embora, mas faz tudo para manter o contato com ele, deixando claro que a porta de sua casa sempre estará aberta.

Mas o grande anúncio de Deus como Pai foi feito quando o Senhor Jesus esteve neste mundo para cumprir o plano de Salvação e foi chamado de “Filho amado” (Mateus 3:17). Com o acesso direto que temos a Ele, encontramos a verdadeira essência de um Pai, ao vermos nEle:

  •  Seu amor incondicional (João 3:16 e
    Salmos 103:13);
  •  Uma verdadeira identidade (Romanos 8:29-30 e 1 João 3:1-3);
  •  Admoestação e disciplina (Hebreus 12:6);
  •  Proteção e ajuda constante (Salmos 33:18-22 e Romanos 8:26-28);
  • Provisão (Mateus 6:25-34 e Mateus 7:11); e
  •  Ensino e atenção (Tiago 1:5-8).

E em tantos outros detalhes, mas há mais um item que não pode ficar de fora.

Herança

No Texto Sagrado, lemos que o pai passava a bênção para seu primogênito e/ou sucessor. Foi assim de Abraão para Isaque, de Isaque para Jacó e outros heróis da fé que foram abençoados e abençoaram sua posteridade. Essa bênção era a maior herança que o pai deixava e com o Deus-Pai essa premissa continua latente.

O Bispo Macedo explica o preço inigualável dessa herança: “Era a própria autoridade, unção e bênçãos de Deus transferidas do pai ao primeiro filho. Tal herança era tão preciosa que, mesmo com a morte dos herdeiros, ela se perpetuava. Por isso, deveria ser passada de geração em geração até a volta do Primogênito dos primogênitos: o Senhor Jesus. Isso significa que essa bênção continua em vigor na vida de todos os descendentes de Abraão pela fé (Gálatas 3:29). Ela não foi revogada nem pode ser anulada (Números 23:19-20)”.

E isso reverbera nas outras gerações porque quem vê o Filho também vê o Pai (João 14:6-9) e não há nada melhor do que refletirmos a imagem de Deus e sermos uma referência como foi o Seu Filho Unigênito.

Reconhecendo a Paternidade

Para ter Deus como seu Pai, é preciso assumir a posição de Filho. Reconheça suas debilidades, busque conhecê-Lo, se arrependa, se batize nas águas, busque o Espírito Santo e cuide desse relacionamento com Ele.

Da ausência à presença paterna

O técnico de automação de motores Flávio Pereira Silva, de 45 anos, teve a infância marcada pelo exemplo negativo do pai. A vida dele mudou quando o genitor saiu de casa sem avisar ninguém. Foi naquele momento de dor que ele começou a trilhar outro caminho

Onde está o pai?

Uma infância conturbada

Meu pai era uma boa pessoa e até demonstrava que gostava de nós quando estava sóbrio, mas virava outra pessoa quando bebia. Sob efeito de álcool, ele batia na minha mãe e no meu irmão. Além disso, ele tinha uma amante, o que deixava minha mãe muito nervosa. As brigas em casa eram constantes. Por isso, eu era uma criança traumatizada e descontava meu sofrimento na comida, o que me fazia ficar acima do peso. Minhas notas eram ruins na escola e, com o passar do tempo, comecei a ter más amizades.

O sumiço do pai

Numa sexta-feira, meu pai sumiu de casa sem avisar ninguém. Eu já era adolescente nessa época. Minha mãe, chorando, assistiu à programação da Universal na televisão e pediu que eu fosse com ela à igreja. Lá, ela contou nossa situação para o pastor e os obreiros e fomos ajudados. Após alguns dias, meu pai voltou e revelou que tinha ido ao Paraguai.

Aprendendo a ter um Pai

Ao fazer as correntes na igreja para ajudar minha mãe a lidar com os problemas de nossa família, aprendi sobre a fé inteligente. Depois, me batizei nas águas. Obedecendo e praticando a Palavra de Deus, recebi o Espírito Santo. Passei a ver Deus como minha maior figura paterna, meu Pai Maior. Quando vinham os problemas, Ele me sustentava e me ajudava. Mesmo sendo falho e pecador, enxerguei a misericórdia do Senhor, pois Ele me aceitou do jeito que eu era.

Começando a própria família

Antes mesmo de chegar à Universal, eu já conhecia a Rose e ela sempre chamou minha atenção. Até que ela também começou a frequentar a igreja e isso me atraiu ainda mais. Nós participávamos das palestras da Terapia do Amor e decidi falar para ela sobre meu interesse de ter um relacionamento, mas ela me rejeitou. Continuei na fé e, depois de alguns meses, o Espírito Santo tocou nela e ela me convidou para orarmos juntos. Esse foi o início da nossa família.

O sonho de fazer diferente

Sempre desejei ser pai. Na verdade, eu queria ter a chance de fazer o contrário do que meu pai fez. Meu sonho era sentar à mesa e comer com a minha família. Rose e eu já estávamos casados e servíamos a Deus voluntariamente como obreiros. Então, decidimos aumentar a nossa família e tivemos dois filhos maravilhosos: Henrique e Flávio Henrique. É tão bom ter filhos que, às vezes, brinco que queria ter sete! Mas o Henrique, de 22 anos, e o Flávio Henrique, de 18 anos, são dois filhos maravilhosos que me permitem viver o meu sonho.

Aprendendo a ser pai

O maior desafio da paternidade foi com relação à vida financeira, pois ela ainda não estava estabilizada quando nossos filhos chegaram. Entretanto nossas crianças sempre foram vistas como uma bênção. Minha maior inspiração para ser um bom pai e tratá-los bem foi a própria Igreja Universal e o Espírito Santo. Como não tive um pai como referência e aprendi mais com os erros do que com os acertos dele, o Espírito Santo me deu a direção e a sabedoria necessárias para ser um pai presente.

Restabelecendo laços

Apesar de ter que lidar com os problemas de meu pai, ele foi um homem trabalhador e me deu esse exemplo. Foi maravilhoso restaurar nosso relacionamento! Nos seus últimos anos de vida, pude ver o quanto ele nos amava de verdade. Também presenciei esse amor no convívio dele com os meus filhos. Aproveitamos todas as oportunidades, até que ele recebeu o diagnóstico de câncer e, no leito, aceitou o Senhor Jesus e se batizou nas águas. Com isso, ele me ensinou a maior lição: a importância de ser salvo.

Maiores aprendizados

Todos os dias os meus filhos me ensinam a ser um pai melhor e a administrar o meu tempo para estar com eles na escola, no trabalho e no dia a dia. E, claro, a maior lição que ensinei e sigo ensinando a eles é sobre a importância de caminhar com o Senhor Jesus e, graças a Deus, esse é o caminho que estão seguindo até hoje e creio que continuarão.

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Colaborador

Laís Klaiber / Fotos: Demetrio Koch e gettyimages