“O povo é Deus”, afirma embaixador chinês

Imagem de capa - “O povo é Deus”, afirma embaixador chinês

“Quem é Deus? O povo é Deus. É o povo que faz a história e determina a história”, escreveu o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, em seu perfil no Twitter no dia 18 de julho. A declaração foi feita um dia depois do presidente Jair Bolsonaro sair do hospital no qual se tratou de uma obstrução intestinal. Na ocasião, o presidente reiterou mais uma vez diante de manifestações de seus adversários políticos que “só Deus me tira daquela cadeira (a Presidência da República)”. Com isso, ele quis dizer que o povo, do qual todo poder (político) emana, segundo nossa Constituição, pode tirá-lo da Presidência se assim quiser.

A fala de Wanming é no mínimo bem curiosa – além do fato de que um embaixador não deve manifestar opiniões políticas publicamente, pois isso não compete a seu cargo. Ele considerou o povo como uma divindade, logo ele, proveniente da China, país cujo governo nem de longe ouve seu próprio povo. Lá, quem dá as cartas é o Partido Comunista (PC), ignorando completamente a vontade popular, portanto sendo o PC o deus que ele mesmo adora. Mais curioso ainda é que o governo comunista chinês é declaradamente ateu.

Wanming é polêmico e conhecido por agir nas entrelinhas, manipulando os governos dos países em que trabalha como diplomata em prol de interesses chineses, mas não da forma diplomática benéfica e transparente. Ele já havia sido embaixador na Argentina entre 2014 e 2018, quando foi o agente de uma estratégia no mínimo manipuladora e chantagista.

Ele comandou o acordo entre China e Argentina que determinou a construção de uma base de lançamento de satélites chinesa em território argentino, teoricamente para uso científico. Mas, durante as obras, os argentinos eram proibidos de ter acesso aos trabalhos, o que levantou o alerta do então presidente do país sul-americano, Maurício Macri.

Ao contestar Wanming sobre isso e pedir uma revisão no contrato para que o governo argentino tivesse acesso às obras, Macri foi recebido e ouvido com sorrisos e atenção, mas o embaixador recomendou que algumas cláusulas do contrato fossem relidas com mais atenção.

Nelas, estava previsto que qualquer mudança resultaria na revisão de todos os outros contratos chineses na Argentina, ou seja, uma ameaça, apesar dos sorrisos, de que bilhões de dólares em empréstimos e investimentos no país cessariam. Macri silenciou e tudo ficou como estava. Assim, a China conquistou uma base militar em plena América do Sul para satélites para os mais diversos usos, inclusive militar.

Eis que, em 2018, o Brasil elege o governo atual e a China envia Wanming como embaixador para cá. Ele tentou conversas com militares brasileiros para defender interesses militares chineses e, politicamente, usa as mesmas estratégias nada republicanas para defender os interesses da China comunista.

Wanming critica Bolsonaro nas redes sociais, como fez no dia 18 de julho – o que, novamente citamos, não compete a um diplomata. O presidente brasileiro requereu à China que retirasse Wanming do Brasil, o que não foi atendido até o momento.
No comunismo, quem menos tem voz é o povo, que não tem liberdade nem mesmo para escolher sua religião, como é possível no Brasil.

Portanto, considerá-lo Deus é não só um desrespeito ao Altíssimo propriamente dito, como uma mentira dita sob a máscara sorridente de um diplomata que faz mau uso da diplomacia.

E que fique claro: um diplomata chinês não pode tomar iniciativas sem a autorização do PC – assim como também pode tomá-las por ordem dele. Portanto, pode haver bem mais por trás de aparentes provocações em redes sociais, que também não seriam feitas sem o PC.

Há um acordo parecido com o da base chinesa na Argentina acontecendo neste exato momento no Brasil. No Estado da Bahia, chineses e o governo estadual (aliás, esquerdista, do PT) trabalham em conjunto para construir uma cidade “chinesa” em pleno litoral, sustentável, moderna e “igualitária”. Resta ver se no contrato não há cláusulas como a do acordo argentino e se Wanming vai fazer as mesmas ameaças ao Brasil sobre outros acordos com a China. O assunto pede olhos abertos, sem nenhum trocadilho.

imagem do author
Colaborador

Redação / Foto: Getty images