O poder devastador da língua

Cada palavra proferida carrega consigo uma força espiritual que move o mundo físico. Entenda a importância de ter sabedoria ao falar

O ser humano saudável nasce com cerca de 80 órgãos, cada um com sua função específica para manter o corpo em pleno funcionamento. Normalmente, entre os mais importantes são citados o coração, os pulmões, os rins e o estômago, mas existe uma estrutura que é extremamente subestimada: a língua.

Ela faz parte do sistema digestório e, de forma geral, é descrita como um órgão sensorial, que permite a detecção do gosto, da textura e até da temperatura do que entra em contato com ela. Além disso, é um músculo cuja responsabilidade é ajudar a movimentar os alimentos, iniciar a deglutição e participar da linguagem, pois auxilia na articulação das palavras durante a fala.

Essa é a explicação que a Ciência atribui a essa pequena estrutura, mas a Bíblia traz outras informações valiosas em relação a ela. Em Provérbios 18.31, por exemplo, lemos que “a morte e a vida estão no poder da língua (…)” e, em Provérbios 12.18, que “há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura”. Esses versículos deixam claro o poder do bem e do mal presente na língua, quando usamos as palavras, pois se trata de um sistema de comunicação.

Por ser uma forma de troca de informações, a fala é uma das principais habilidades humanas. Inclusive, o homem é o único ser que tem essa capacidade, usada para praticamente tudo ao longo de seu dia. Por meio das palavras, situações são expostas, pedidos são feitos e agradecimentos e reclamações são apresentados. No entanto muitos desvalorizam o que sai da sua boca. “As palavras provocam emoções e desarmam emoções explosivas, negativas, como um perito desarma uma arma. Palavras são instrumentos para lidar com emoções”, explicou o Bispo Renato Cardoso no programa Inteligência e Fé.

De fato, muitos são dominados por sentimentos e os expressam por meio de palavras que ferem, machucam e ofendem, ignorando que podem resolver ou pôr fim a uma discussão por meio da língua. “Não deixe sair maldição [da sua boca]. Você tem esse poder de escolha”, ensinou o Bispo Renato em uma reunião no Templo de Salomão, em São Paulo.

O veneno da língua
Em uma postagem em seu blog, o Bispo Júlio Freitas também comentou sobre o poder da língua: “as palavras que proferimos são ação e, como seres criados à Sua Imagem e Semelhança, tal como Deus, as nossas palavras também transportam poder. Contudo é também a Bíblia, em Tiago 3.9-10, que nos alerta que ‘de uma só boca procede bênção e maldição’, pois, ‘com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus’”.

O trecho bíblico transmite que, enquanto há pessoas que não conseguem controlar o que falam, há outras que têm total consciência do que dizem, a ponto de desenvolver a habilidade de manipular as palavras para mentir e enganar o próximo com o intuito de obter alguma vantagem. A princípio os resultados podem até parecer positivos, mas, como uma semente podre pode dar bons frutos? Impossível.

Inclusive, a maldição da mentira e do engano está enraizada na sociedade brasileira em todos os âmbitos, sobretudo no político. Para alcançar o poder, a língua é usada para divulgar muitas promessas de campanha, mesmo que na prática elas sejam inviáveis ou dependedam de fatores externos. E o pior é que muitos seguem comprando discursos de quem já provou uma falha de caráter anterior e acabam pagando o preço por isso diariamente.

Dominar a boca e cuidar dos ouvidos
A consequência para aquele que constrói sua vida sobre mentiras também é a destruição, como está descrito em 1 Pedro 3.10: “Porque quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano”, o que sugere que aquele que se vale do engano vê o dia mau e não tem prazer de viver.

Em outro versículo, a Bíblia cita que quem não tropeça no falar é perfeito (Tiago 3.2) e não é para menos, afinal, “quando Deus criou o mundo, Ele usou a palavra, [ou seja] o poder criador de Deus foi expressado por meio da Sua Palavra. Então, a [nossa] palavra tem poder criador, porque é uma extensão do poder de Deus em nós. Assim, eu me torno aquilo que eu falo”, salientou o Bispo Renato.

Segundo ele, é igualmente importante ficar vigilante ao que ouvimos, a quem ouvimos e também ao que falamos para nós mesmos e para as outras pessoas: “com uma palavra você pode salvar ou destruir um casamento; uma palavra pode levantar e preparar um filho para vida ou pode marcá-lo para sempre e fazer dele um fracassado a vida toda”.
Leia a seguir três histórias que esclarecem qual é o impacto, positivo ou negativo, que as palavras podem ter na vida de uma pessoa.

“Eu desvalorizava meu filho”
A vida da empreendedora Marineuza Rodrigues Moreira, (foto abaixo) de 55 anos, foi abalada pela descoberta de que seu filho, Mauro Moreira, hoje com 27 anos, estava usando drogas. “Ele entrou nesse mundo muito cedo. Nessa época, eu já conhecia a Universal, mas não levava minha fé a sério. Em determinados momentos, eu permanecia orando por ele e, em outros, eu queria desistir, pois achava que seria impossível que ele saísse dessa vida”, comenta.

 Sem uma fé estruturada nem a sabedoria que vem do Alto, Marineuza tinha dificuldade de lidar com a situação. No desespero de resolver o problema com suas próprias forças, ela achava que as palavras duras despertariam nele o desejo de mudar. “Eu o chamava de inúmeros nomes que não prestavam, dizia que ele não queria nada na vida e que ele morreria se não tomasse uma atitude”.

A revolta de ver o filho nas drogas somada à falta de autocontrole transformaram seu lar em um verdadeiro campo de batalha e fez deles inimigos. “A nossa casa era um inferno. Era briga da hora de acordar até a de dormir, quando não dormíamos brigados e ficávamos até três dias sem nos comunicarmos. Eu não admitia que ele fizesse o que fazia e ele falava que faria o que quisesse, mesmo que pudesse morrer”, diz.

A família viveu sete anos dessa forma e o passar do tempo só serviu para provar que a troca de gritos, xingamentos e ofensas não teve nenhum efeito positivo. “Olhando para trás, vejo que eu desvalorizava meu filho. Então, em vez de eu jogá-lo para cima, eu o jogava cada vez mais para baixo”, admite Marineuza.

Mauro explica que sentia o peso das palavras da mãe: “ela agia de uma forma que só piorava a situação, pois eu me sentia diminuído. Só havia dor dentro de mim e eu sentia como se não tivesse mais o apoio de ninguém”.

Diferentemente do que muitos possam imaginar, a transformação da família não aconteceu depois que Mauro se libertou das drogas, mas a partir da mudança de pensamento de sua mãe. Marineuza entendeu que antes de estender a mão ao filho precisava ter a mente de Deus. “Eu comecei a levar a Fé a sério e entendi que a transformação da nossa vida não dependia da minha força, mas da Presença de Deus. Ali, Ele viu a minha sinceridade e eu fui batizada com o Espírito Santo. A partir daí, eu tive sabedoria, direção e força para poder lutar por meu filho”, afirma.

Contudo a mudança de Mauro não foi imediata. Segundo Marineuza, foram cerca de três anos lutando pela transformação dele. “Aos poucos, nós nos reaproximamos e passei a dar força e a encorajá-lo quando ele estava desanimado e tinha recaídas. Passei a tratá-lo de modo diferente, a falar de outro jeito com ele e a cuidar da alimentação e das coisas dele ainda mais”, relata.

Essa atenção constante chamou a atenção de Mauro. Ele conta como reagiu: “passei a ter curiosidade sobre o que tinha provocado a mudança dela e começou a surgir em mim o interesse de ser feliz e de querer ter um caráter diferente. Então, passei a frequentar as reuniões da Universal e me libertei. Livre dos vícios, hoje tenho a liberdade de sonhar, de querer conquistar e de ajudar o próximo”, diz.

Marineuza, hoje, reconhece no filho os frutos das palavras de Fé que cultivou nos últimos anos e vê nele um novo homem. “Hoje nosso lar é repleto de confiança, respeito e amor”, finaliza.

Da injustiça ao engano
Como já foi dito anteriormente, outra forma de usar as palavras como um ímã para os problemas é por meio da mentira e do engano. Foi exatamente essa a armadilha em que Santiago Resende Elias,(foto abaixo) de 39 anos, caiu. Ele se deixou iludir pelas conquistas e passou a investir em irregularidades para ter benefícios pessoais.

Os sinais do seu desejo por vencer a qualquer custo já eram evidentes na adolescência, como relata: “minha família tinha boa condição financeira, mas eu queria independência. Por isso, comecei a trabalhar aos 14 anos. Aos 16 anos, abri o primeiro negócio e, ao longo do tempo, fui conquistando e, além de ter uma papelaria, passei a prestar outros serviços, como o de telecomunicações”, detalha.

Nessa época, ele foi apresentado ao poder da Fé ao acompanhar as reuniões na Universal. Crendo no que era ensinado no Altar, a vida dele só avançava: “eu me casei, minha esposa trabalhava comigo e nosso negócio crescia. Chegamos a ter duas lojas e 30 vendedores trabalhando conosco”. Contudo, com o pasar do tempo, Santiago deixou de fazer o que era certo para investir no que achava mais conveniente. “Passei a praticar injustiças, como sonegar imposto e fraudar notas, e essa atitude foi afetando a minha vida aos poucos”, diz.

O “jeitinho brasileiro” para contornar situações se tornou uma espécie de hábito e também uma armadilha. Além do negócio próprio, Santiago representava uma empresa e, para convencer os clientes, ele usava as palavras para vender o serviço e dar a eles bônus de forma clandestina. “Inicialmente, tudo seguia às mil maravilhas, pois batemos nossas metas por anos. Mas, depois de um tempo, fomos descredenciados e pagamos por isso. Fechamos uma das empresas, demitimos os funcionários e passamos dificuldade em casa, a ponto de depender de terceiros para pagar as prestações do nosso apartamento.”

Em meio aos problemas, Santiago explica que o foco era o trabalho, enquanto a Fé era deixada de lado: “para não ir à igreja, eu usava como desculpa a necessidade de descansar e de dar atenção à família. Nos finais de semana, eu arrumava serviços para fazer, o que justificava a minha ausência”. Cada vez mais longe de Deus, ele perdeu a direção, entrou no mundo dos eventos e se encantou pelo brilho do mundo: “fui me corrompendo não apenas financeiramente, passei a trair a minha esposa e minha palavra já não valia mais nada, pois ninguém acreditava em mim”.

O ápice dessa vida de erros foi o surgimento de problemas de saúde. Além de dores no estômago que não tinham diagnóstico médico e dois pré-infartos, Santiago passou a ter síndrome do pânico. Foi a dificuldade de viver com crises que fez com que ele se voltasse a Deus. “Minha vida estava do avesso, mas busquei primeiramente a mudança do meu caráter.

Comecei a agir da forma correta, me batizei nas águas, tive meu Encontro com Deus e recebi o Espírito Santo. A mudança interior refletiu no exterior e, por meio da Fé, hoje tenho saúde, uma empresa estável e um casamento feliz. Não existe mais traição nem engano ou desculpas. Tenho uma vida transparente”, diz.

Santiago explica que essas experiências o ensinaram a valorizar, primeiramente, a Presença de Deus e, em seguida, o que sai de sua boca. Para ele, o verdadeiro poder não está em enganar, mas sim em determinar: “mesmo que não estejamos vendo, pela Fé, quando confessamos algo, estamos plantando o que vamos colher no futuro. É em cima da verdade que tenho construído minha vida”, conclui.

Plantando discórdia
Já entre o casal Dayane Martins Rosa e Claudionor Martins Ferraz, (foto abaixo) ambos de 37 anos, a falta de sabedoria na hora de usar as palavras quase colocou fim no relacionamento deles, como revela Dayane: “nos primeiros anos de casados, não conseguíamos nos entender. Foram dias muito difíceis, pois, apesar do amor que existia entre nós, não obedecíamos de fato a Palavra de Deus. A verdade é que mesmo O conhecendo, queríamos fazer o nosso casamento funcionar do nosso jeito”.

Ela conta que as diferenças entre eles levavam a discussões e nesses momentos as emoções falavam mais alto: “as palavras eram tão duras que chegamos a ficar dias sem nos falar. Era como se a indiferença reinasse dentro de casa. O passado também era um problema, pois sempre estávamos usando o que tinha acontecido para um atacar o outro”.

Claudionor ressalta que, além das palavras mal colocadas, a forma de se comunicar piorava a situação: “eu tinha reações exageradas, não sabia conversar com a minha esposa e isso gerava desrespeito e uma desordem completa dentro de casa. Essa situação se refletia em outras áreas da nossa vida, inclusive na espiritual”.

Os problemas levaram o casal a se separar uma série de vezes. “Meu marido saía de casa e voltava dois dias depois. Era sempre assim”, detalha Dayane. Na época, eles não percebiam que o problema era a forma que o relacionamento era conduzido, sem compreensão e sem parceria. Em vez de se comportarem como um time, eles se tratavam como inimigos.

O casal viveu dois anos assim, até que despertou para a Fé e para a importância de aplicá-la também na vida conjugal. “Primeiro, entendemos que o casamento é uma obra de Deus e que tínhamos que fazer dar certo. Então, começamos a mudar o modo como um lidava com o outro. Foi renunciando o nosso eu e as nossas próprias vontades que tudo começou a mudar”, comenta Dayane.

Claudionor confirma que foi um processo de transformação e salienta que os aprendizados obtidos nas palestras da Terapia do Amor, que ocorrem em todos os templos da Universal às quintas-feiras, foram fundamentais.

“Quando passamos a priorizar a Deus e a colocar em prática os ensinamentos, tudo mudou. Hoje somos amigos, companheiros e verdadeiros”, assegura.

As mudanças foram benéficas, mas seguem acontecendo, afinal o casamento precisa de manutenção diária. “Hoje, quando conversamos, procuramos usar palavras que não machucam. Além disso, paramos de ficar lembrando do passado, porque isso nos feria muito. Agora, somos companheiros, auxiliamos um ao outro, temos cuidado na hora de falar e procuramos nos colocar no lugar do outro. Essa mudança no nosso comportamento nos fortaleceu e tornou o nosso casamento muito mais feliz”, finaliza Dayane.

Mudando a semente
A palavra tem poder e isso ficou mais do que evidente nas histórias apresentadas nesta matéria. A grande questão é: você tem usado essa habilidade a favor ou contra você e aqueles que estão ao seu redor?

“Quando você pensa de acordo com o pensamento de Deus, você é forte, você é invencível. E, mesmo que as coisas não deem certo ou como esperado, lá na frente você vai descobrir que foi bom ter acontecido isso. Quando pensamos como Deus pensa, falamos como Deus fala, então há vida”, explicou o Bispo Edir Macedo, em uma edição do programa Palavra Amiga.

Para saber a qualidade daquilo que você tem falado, basta olhar para os resultados que você colhe diariamente. “A sua vida depende da palavra que sai da sua boca. Porque a palavra que sai da sua boca vai trazer à existência aquilo que não existe”, completou o Bispo.

Dito isso, a melhor forma de conseguir controlar a própria boca é por meio do Espírito Santo. É Ele que dá discernimento para fazer as escolhas de forma racional em detrimento de fazê-las pela emoção, além de nos orientar quando convém ou não falar.

Se você precisa ainda de mais um motivo para vigiar o que fala, há um trecho bíblico em que o Senhor Jesus afirma em Mateus 12.36-37: “(…) toda palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo, porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado”. Tudo é uma questão de decisão.

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Colaborador

Cinthia Cardoso / Fotos: Getty Images