O Brasil enfrenta a pior crise hídrica em quase 100 anos

Como evitar o desperdício do bem natural mais precioso do planeta?

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O Brasil possui a maior reserva de água potável do mundo. Mesmo assim, está enfrentando a pior crise hídrica em 91 anos. Dados históricos e recentes demonstram que essa situação não é inusitada. O aumento do consumo, as perdas na distribuição e as alterações nos padrões de chuva atrelados aos desmatamentos, às queimadas e a eventos extremos, como períodos de seca prolongados, coincidindo com o registro de temperaturas mais altas, mostram que as crises devem se repetir nos próximos anos se atitudes não forem tomadas.

Para Bruno Duarte Yamanaka, engenheiro ambiental, analista de pesquisas e de conteúdos do Instituto Akatu, instituição que defende o consumo consciente, a água é o bem natural mais precioso do planeta: “além de ser essencial para a vida e estar presente em praticamente todas as ações do dia a dia, a água se torna ainda mais preciosa quando vemos que, além de ser um recurso natural limitado, fatores como consumo inadequado, desperdício e poluição de fontes e mananciais representam um risco para a manutenção da vida no planeta”.

Cerca de 66% do planeta é coberto de água, mas 97,5% são mares e oceanos. “Apenas 2,5% da água na Terra é doce e mais da metade dela nem sequer está disponível para uso imediato, pois se concentra em geleiras ou subsolos congelados. A água que chega até as residências é captada superficialmente (por meio de rios, lagos e represas) ou subterraneamente (poços artesianos). Depois, ela vai para estações de tratamento, é mantida em reservatórios até ser distribuída, por meio de tubulações, até chegar às residências”, explica Yamanaka. “A maioria absoluta (cerca de 90%) do volume de água disponível é consumida em atividades econômicas para produzir produtos e serviços, em sua maioria pela agricultura (irrigação), e parte pelo abastecimento animal e pela indústria. As políticas públicas também têm sua parcela nesse processo, que vai desde o controle e suporte do uso da água para diversos fins até a recuperação de nascentes, mananciais e mata ciliar, favorecendo a captação adequada de água por parte dos reservatórios”.

Para Yamanaka, considerando o crescimento populacional, se os atuais modelos forem mantidos, há riscos para a vida: “além da geração de desequilíbrios naturais (como a drenagem de represas e aquíferos), há o risco de se prejudicar ou até impossibilitar o abastecimento de residências, hospitais, escolas e indústrias. Essa reflexão ajuda a ter uma consciência maior sobre esse recurso, a começar a adotar pequenas atitudes de economia no cotidiano e a incentivar os outros a fazerem o mesmo”.

 

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Colaborador

Eduardo Prestes / Arte: Edi Edson