Nova vacina contra meningite começa a ser oferecida na rede pública de saúde

O imunizador é eficiente contra quatro tipos da bactéria que causa a doença

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O Calendário Nacional de Vacinação recebeu uma nova integrante neste ano: a vacina ampliada contra a meningite, que agora é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A meningite é uma infecção das membranas que envolvem o cérebro, as chamadas meninges, que quando são afetadas influenciam no transporte do oxigênio para as células do corpo.

“É importante ressaltar que a meningite pode ser causada por vários organismos: bactérias, vírus, fungos, etc. Em geral, as que costumamos ter mais notícia são as meningites bacterianas, que têm potencial de afetar o organismo humano e em casos muito graves podem levar ao óbito”, comenta o médico Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A meningite bacteriana mais comum no Brasil é chamada de meningocócica. Ela é causada pela bactéria meningococo, que possui alguns sorogrupos, ou seja, alguns tipos que são nomeados por letras. Dos 12 sorogrupos que existem, cinco são os mais comuns em humanos. “O meningococo C era o principal causador da meningite no País e, por isso, foi colocado no calendário da rede pública em 2010. Com essa vacina, diminuíram muito os casos da doença causados pelo meningococo C. A nova versão da vacina amplia a proteção para os tipos A, C, W e Y”, explicou Cunha. Por esse motivo, o imunizador é chamado de meningocócica ACWY.

Essa nova versão da vacina estará disponível na rede pública para adolescentes de 11 e 12 anos e um grupo específico de pessoas portadoras de hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), um problema de saúde genético e raro. Segundo o calendário proposto pelo SUS, a vacina contra a meningite tipo C ainda será usada e deve ser aplicada em três doses. A primeira em bebês com 3 meses, a segunda quando ele está com 6 meses e a dose de reforço deve ser aplicada quando ele completa um ano. A vacinação de reforço, que acontecia entre 11 e 14 anos, agora vai ocorrer entre 11 e 12 anos com a nova vacina que combate as meningites A, C, W e Y.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 15.364 casos de meningite em 2018. Destes, 1.127 foram do tipo meningocócica e levaram à morte cerca de 20% dos pacientes com a doença.

Cunha aponta a inclusão da nova vacina como um avanço na saúde pública: “ao mesmo tempo que protege o adolescente, pelas características dessa vacina, ela evita que ele transmita essa bactéria para outras pessoas, que é o chamado ‘estado de portador são’. Consideramos esse um grande avanço no calendário da rede pública”, finaliza.

Quase 4 milhões de doses da vacina ACWY já foram distribuídas. Em São Paulo, por exemplo, elas estão disponíveis desde março nos postos de atendimento público. Contudo, mesmo sendo gratuita, ainda não foi alcançada a meta de imunizar 95% do público-alvo, uma vez que ela foi aplicada em apenas 57% das crianças com 11 anos e em 42% das que têm 12 anos, informa a Secretaria Municipal de Saúde.

Na rede particular, a vacina custa aproximadamente R$ 400 cada dose e continuará sendo aplicada. É importante ressaltar que vale a pena os pais levarem os filhos para tomarem a vacina, pois a meningite pode causar sequelas graves, como, por exemplo, a amputação de membros.

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Colaborador

Cínthia Cardoso / Foto: Getty Images