Nazismo é crime
Será que quem simpatiza com ele sabe mesmo do que está falando?
No começo de fevereiro, o podcaster conhecido como Monark chamou atenção por fazer apologia ao nazismo. Ele afirmou que deveria ser permitida a fundação de um partido nazista no Brasil e que, “se o cara for antijudeu, ele tem direito de ser antijudeu”, entre outras “pérolas”, e alegou liberdade de expressão. Antes das justas críticas, Monark chegou a receber apoio publicamente, inclusive do deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP), que, ao vivo, disse que é contra a criminalização do nazismo na Alemanha depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Posteriormente, Monark pediu desculpas e disse que estava bêbado na ocasião, enquanto Kataguiri alegou que suas falas foram divulgadas fora de contexto – como se existisse contexto em que essas falas fossem aceitáveis!

Outro caso que ganhou repercussão foi o de um torcedor de futebol que foi expulso de um estádio em Pelotas (RS) por tirar a camisa e ostentar uma tatuagem com a frase “Mein Kampf” (“Minha Luta”, em alemão), título da autobiografia de Adolf Hitler, escrita antes dele se tornar o líder máximo do nazismo. O torcedor ainda tinha, em seu braço, o desenho da chamada cruz de ferro, condecoração prussiana que os nazistas utilizavam.
No Brasil, para quem não sabe, a lei federal antirracismo (Lei 7.716, de 1989) é bem clara: é crime “veicular símbolos” do nazismo “para fins de divulgação”. A lei também enquadra como criminosas pessoas que produzem, vendem ou distribuem material com símbolos nazistas e as que usem os meios de comunicação para disseminar ideais nazistas. Quando há condenação, a pena é de multa e prisão de dois a cinco anos. Muitos países têm leis parecidas com essa.
Nas redes sociais, depois desses casos, muito se discutiu sobre o direito de expressar seu pensamento – mas os que alegaram isso se esqueceram de que o direito de um indivíduo ou grupo termina onde começa o do outro. Será que quem flerta com ideais nazistas sabe realmente do que está falando?

O que é o nazismo
O nazismo é uma variedade de fascismo, ideologia política ultranacionalista e ditatorial que governou por meio da violência. Os ideais fascistas ganharam adeptos no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Alemanha, país desmoralizado pela derrota no conflito armado. Ali foi criado o Nacional Socialismo, reduzido para “nazi” (em alemão, junção das duas palavras). Essa foi a corrente defendida pelo Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores.
O nazismo foi liderado, principalmente, pelo austríaco Adolf Hitler, ex-cabo do Exército alemão na Primeira Guerra que se uniu ao nacional socialismo por volta de 1920. Ele chegou a ser preso por tentar dar um golpe de Estado, mas outros golpes foram bem-sucedidos e ele chegou à cadeira de chanceler, que usou para construir um Estado totalitário na Alemanha na década de 1930, o que o levou a se achar no direito de invadir outros países e impor seus ideais, originando a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Resumidamente, o nazismo prega a destruição de qualquer pessoa ou povo que possa contaminar a presumida “pureza” da chamada raça ariana, uma das atitudes mais racistas da história. Hitler instituiu a destruição dos “não arianos” nas décadas de 1930 e 1940, na Alemanha e nos países invadidos, matando milhões de judeus, negros, gays, pessoas com deficiência física ou mental, ciganos, comunistas e testemunhas de Jeová, entre outros. Só entre 1941 e 1945, mais de seis milhões de judeus foram executados nos campos de extermínio nazistas, genocídio que ficou conhecido como Holocausto.
Hitler chegou ao absurdo de se dizer temente a Deus e à Sua Vontade, quando suas práticas negavam isso completamente. Evidentemente, o cristianismo é completamente contra o genocídio, a escravidão, a crueldade e qualquer outra forma de injustiça pessoal ou social. O pensamento absurdo do líder nazista ganhou a adesão das massas com seu discurso de erguer a economia e elevar o bem-estar dos alemães a qualquer custo, fundando o Terceiro Reich (Reinado). Após milhões de mortes de inocentes, Hitler perdeu a guerra e se suicidou, em 1945.
O nazismo foi considerado crime dentro e fora da Alemanha, com seus seguidores mais próximos fugindo para outros países (inclusive para o Brasil). Alguns foram caçados e presos nas décadas seguintes.
Simpatizantes atuais
Com todo o horror do nazismo claramente registrado na História, como alguém, atualmente, pode tratar o nazismo como “modinha” para chamar a atenção na internet e fora dela? Pior ainda é quando a simpatia é real e mais absurdo quando parte de um brasileiro, membro de um dos povos mais miscigenados do mundo.
Segundo a organização não governamental (ONG) Safernet, que defende os direitos humanos na internet, houve um recente aumento no número de sites com conteúdo nazista. Em junho de 2020, a ONG conseguiu a proibição de 7,8 mil páginas simpatizantes do nazismo, sendo que já havia conseguido fechar 1,5 mil. Um levantamento realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aponta que existem atualmente cerca de 530 células (grupos com pelo menos três pessoas) neonazistas em todas as regiões do Brasil. A Polícia Federal investiga cada vez mais casos do tipo.
A História está aí, sempre acessível para quem quiser checá-la. Nunca houve tanta informação disponível como hoje em dia e não há como alguém alegar ignorância quando defende o nazismo, seja da boca para fora ou não.
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