Movimento é saúde

Se todos conhecessem os benefícios de manter o corpo em atividade, mais gente faria exercícios bem acessíveis, recorrendo até a tarefas simples do cotidiano

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Quem diria que subir degraus ou caminhar até o supermercado do bairro faz tão bem à saúde? Pois é, manter o corpo em movimento, além de prevenir muitos problemas, também pode ser um bom remédio.

O fisioterapeuta Douglas Pegoraro, de Passo Fundo (RS), assina embaixo e recomenda: “caminhar, correr, andar de bicicleta no parque, ir para a academia e trocar o elevador pela escada são atividades que têm em comum o movimento do corpo, uma condição essencial para se promover a saúde e a longevidade”.

Douglas diz que “manter-se ativo produz inúmeros benefícios, dentre os quais os mais visíveis são a prevenção e a cura de diversas doenças, o emagrecimento, o aumento da resistência física e da autoestima, o alívio do estresse e o fortalecimento da musculatura, evitando dores nas articulações”.

Douglas lamenta que “no Brasil, infelizmente, a prática regular de atividades físicas ainda não é uma realidade para muitas pessoas”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra números que confirmam esse cenário: segundo dados de 15 anos de pesquisa da instituição, praticamente uma em cada duas pessoas no País em idade adulta (47%) não pratica atividades físicas regularmente.

Falta de tempo e de interesse são os principais motivos apontados pelos pesquisados. A OMS aponta que, no mundo todo, 1,4 bilhão de pessoas correm risco de ter sérias doenças por causa
do sedentarismo.

Felicidade incluída
Douglas mostra que o movimento não causa só benefício físico: “ao movimentar seu corpo, o sistema nervoso central começa a produzir quantidades significativas de substâncias químicas chamadas neurotransmissores, como serotonina, dopamina e noradrenalina, que produzem sensações prazerosas como relaxamento, bom humor e satisfação”.

Segundo ele, esses efeitos aparecem logo no início da atividade física e se prolongam por muitas horas. “Por isso, o sono também melhora consideravelmente quando se movimenta o corpo regularmente”, enfatiza.

Há ainda mais vantagens, explica Douglas: “segundo especialistas, a serotonina produzida durante qualquer prática física também combate doenças psíquicas graves, como a depressão e os transtornos de ansiedade, tanto que a substância está presente em diversos medicamentos contraambos os males”.

Também há ganhos de autoestima: “verificar no espelho novas medidas corporais e o fortalecimento muscular, além de maior agilidade e resistência físicas, ocasiona uma autoimagem mais positiva e contribui para que a pessoa se sinta mais bonita, valorizada e grata pela vida”.

Prevenção de dores
Um dos principais problemas causados pelo sedentarismo, de acordo com Douglas, “são as dores por todo o corpo, resultantes de um desgaste gradativo de articulações e cartilagens. Soma-se a elas a perda natural de massa e de flexibilidade naturais. Assim, um dos sintomas mais comuns da falta de exercício ao longo da vida são as dores na coluna, que, na avaliação dos médicos, já afeta 80% da população”.

Douglas conta que “quanto mais a pessoa movimentar o corpo, menos dores ela sentirá com o passar do tempo. E mais: muitos exercícios aeróbicos considerados leves, como caminhada e natação, já são suficientes para corrigir ou atenuar o problema”.

O mérito do alívio das dores, comenta o especialista, é da endorfina, neurotransmissor liberado pelo cérebro logo que se inicia uma atividade. “Por regular a emoção e a percepção da dor, ele é chamado de ‘anestésico natural’. Seu efeito pode durar até 72 horas depois do término do movimento. Muitas vezes, é possível até descartar intervenções médicas sérias, como cirurgias e uso prolongado de medicamentos.” Para potencializar os efeitos do exercício, o especialista lembra que é importante manter uma alimentação balanceada e hábitos saudáveis, como evitar álcool e fumo.

Além disso, diz Douglas, “os exercícios físicos favorecem a interação social e o desempenho no trabalho e nos estudos porque aumentam a velocidade de reação e a memória”.

A atividade ideal para cada um
Para ter mais saúde, a OMS recomenda que cada pessoa faça pelo menos 300 minutos de atividade física por semana. Para cumprir essa meta, é possível realizar 40 minutos diários durante os sete dias da semana ou uma hora por cinco dias. Douglas recomenda: “para não desanimar e incorporar a atividade física como um hábito saudável permanente, descubra algo que o motive e inspire, dedicando seu tempo a uma atividade que se torne, também, um momento de lazer”.

Se você ainda não encontrou o exercício ideal, o fisioterapeuta indica pesquisar, testar e avaliar atividades que lhe tragam prazer. “Também é importante entender como a sua personalidade se encaixa nos diferentes tipos de exercícios – individuais ou coletivos, terrestres ou aquáticos – e como funciona seu relógio biológico. Verifique se sua disposição é maior de dia ou à noite”, aconselha.

Para Douglas, o mais importante é que “para garantir os benefícios citados não é preciso praticar atividades extenuantes que requeiram muito tempo e equipamentos complexos nem ultrapassar os limites do próprio corpo, que variam, principalmente, com a idade”. E você, quando vai começar a se movimentar?

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Colaborador

Marcelo Rangel / Foto: Getty images