Escovar os dentes, se vestir, pentear o cabelo, beber água, arrumar a cama, acompanhar uma série ou telenovela, comer, olhar as redes sociais e fazer a lista de metas quando um novo ano está para começar. Quantas dessas atividades fazem parte da sua rotina, por vezes, até mesmo de forma inconsciente, como se você estivesse no piloto automático? Um estudo da Universidade Duke, nos Estados Unidos, revela que 40% das nossas ações diárias são, na verdade, hábitos.

E o que são hábitos? “São comportamentos que criamos a partir de repetições no dia a dia, tornando-se comportamentos automáticos. Eles são desenvolvidos por aprendizados e por repetição. Os hábitos são muito confortáveis para o nosso cérebro, porque responder aos estímulos da vida e ter comportamentos automáticos economiza energia cerebral e emocional”, explica a psicóloga cognitivo-comportamental Rejane Sbrissa.

Isso é bom ou ruim?
Há ações automáticas que são boas, facilitam nosso dia a dia e nos garantem uma vida saudável, mas há outras que são ruins, atrapalham e ainda parecem sugar nossa energia. Rejane destaca que é necessário avaliar os hábitos em todos os aspectos (familiar, amoroso, profissional e social), pois temos hábitos diferentes em cada área da vida. Por isso, fazer uma autoanálise é importante, afinal de contas, todo mundo tem metas sendo adiadas há anos e que poderiam se tornar sonhos realizados se não fossem os hábitos ruins.

“O maior vilão somos nós mesmos, nossa falta de autoconhecimento e consciência para sabermos o que realmente queremos e como estamos agindo para chegar lá. O autoboicote, o medo de mudanças, a ansiedade e a insegurança também são inimigos. A solução é enfrentar os medos e sermos perseverantes, sem pressa e sem pausa”, destaca Rejane.

E esta época é propícia para isso. Afinal de contas, no novo ano você pode manter seus hábitos e fazer tudo igual como sempre ou pode criar novos hábitos e ter um ano diferente. É comum aproveitar este período para pensar no que aconteceu de bom e de ruim nos últimos 365 dias, listar metas para os próximos meses e se permitir sonhar que a virada de ano também simbolizará uma virada de vida. Mas fazer com que isso se torne real requer disciplina, empenho, algumas estratégias, intenção e comprometimento e, para isso, você pode aproveitar as dicas que separamos acima.

Quanto tempo leva?

Existe uma teoria de que são necessários 21 dias para adotar um novo hábito, mas um estudo da University College, de Londres, avaliou um grupo adotando novos hábitos e chegou a outro número. Realizando a mesma tarefa diariamente, teve quem adotou um novo hábito em meros 18 dias, mas outras pessoas só teriam um hábito firmado em 254 dias. Essa informação, porém, não deve desanimar você! A média para que um novo hábito se forme é de 66 dias, ou seja, se você está esperando para começar uma nova atividade em 1o. de janeiro, você provavelmente terá um novo hábito em 7 de março. Se demorar mais do que isso, apenas continue até consolidá-lo

Tenha foco
Novos hábitos não são adotados do dia para a noite. “Mudanças requerem repetições e atenção a si mesmo, seus comportamentos e sentimentos. Não desista de todo o processo por uma recaída no hábito anterior ou um erro. Persevere e continue sua caminhada rumo ao seu objetivo. Não espere que a mudança venha e se instale naturalmente, pois é você quem promove a sua mudança. A resistência natural a mudanças existe e vai ‘tentar’ você. Sabendo disso, continue em frente por vontade própria. Você pode muito mais do que imagina”, finaliza.

Coloque em prática

• Estabeleça o passo a passo que seguirá para construir seu novo hábito. Se o objetivo é mudar a alimentação, por exemplo, você já pode agendar uma consulta com o nutricionista e elaborar alguns cardápios. Se deseja praticar alguma atividade física, você já pode determinar o que fará, estipulando frequência, local, horário e se terá alguma companhia ou a associará a outro hábito já existente, como se exercitar enquanto ouve música
• Procure criar consciência dos hábitos que tem e que são contrários à sua nova meta, como maus hábitos alimentares e o sedentarismo. Depois, observe os gatilhos que levam você a eles, como o hábito de comer “besteiras” por conta da ansiedade, do estresse ou do cansaço. Assim, você ficará alerta aos sentimentos e emoções que podem levá-lo a ignorar a nova meta
• Por fim, você só precisará praticar seu novo hábito! Não permita que a procrastinação o vença e comece, um dia de cada vez, a tirar sua meta do papel para transformá-la em uma realidade em sua vida

FONTE: Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo-comportamental