Homem é mesmo insensível?

Nem emocional nem durão: o ideal é o equilíbrio da masculinidade, composto pela mescla de razão e empatia que o faz humano

O homem tem fama de ser insensível – e não só no relacionamento amoroso com as mulheres, mas também com familiares, filhos, pais, colegas de trabalho, etc. Ele recebe o rótulo de ser uma pessoa mais durona no que se refere aos sentimentos.

É claro que ninguém pode sobrepor os sentimentos à razão e dar voz ao coração, mas é importante que o homem seja – apesar de ser o provedor da casa, o “cabeça” – uma pessoa que tem sensibilidade para ouvir, dar atenção e ajudar quando for preciso. O fato de não ser indicado que tenha uma sensibilidade “fora da curva” não o isenta de ter uma característica essencial a qualquer ser humano: empatia.

Como encontrar esse equilíbrio para ser racional e ser sensível na medida certa? A Bíblia dá uma resposta bem plausível: “E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis.” (1 Pedro 3.8).

Ser misericordioso e afável, se imaginar no lugar do outro e conhecer suas necessidades é ser um pai segundo o que um filho necessita para ser bem criado, é ser um marido conforme a esposa precisa, é ser um profissional de acordo com o que o trabalho bem realizado e ético requer e é ser um amigo que é presente sem “passar a mão na cabeça” e compactuar com erros.

Ser sensível na medida certa não significa ser meloso com a companheira, como tolas comédias românticas pregam, mas entender onde termina o cuidado real e começa a bajulação idólatra de se anular para satisfazer a mulher. No trato com um filho, é saber onde termina o carinho e começa a repreensão (racional, sem excessos) quando necessária, porque “estragar” a criança fazendo as vontades dela não é amar nem criar um indivíduo decente. O mesmo se aplica a amigos, colegas, funcionários, parentes e outras pessoas.

É como andar em uma corda bamba: o equilíbrio é necessário e, quando se pende mais para um lado do que para outro, simplesmente caimos. É um aprendizado constante, que não o impede de cair de vez em quando ou de pelo menos balançar, retornando ao equilíbrio.

Muitas vezes a vida não é outra coisa senão uma corda bamba – sim, ela “balança” de vez em quando – bem longa para se chegar ao terreno sólido e definitivo do outro lado: a Eternidade com Deus. Não vale a pena, portanto, se desequilibrar e cair no meio do caminho, rumo ao inferno, por não ter cuidado do equilíbrio e não ter chegado ao fim que Deus desejava para cada um de Seus Filhos.

A diferença é que um homem revestido pelo Espírito Santo tem não só uma rede de segurança (o Próprio Deus) para, seguro, voltar à corda e continuar o caminho, mas também tem um Conselheiro permanente para, na hora da dúvida entre ser duro e ser terno, encontrar a sabedoria para se manter reto e em pé – pois, quando um homem cai, leva consigo quem vive com ele. Sua responsabilidade não se restringe à sua vida.

Aquele que encontra o equilíbrio a tempo serve de exemplo vivo para ser genuína e positivamente admirado e seguido. Assim nasce a segurança que alguém tem em um homem que sabe a dose certa entre dar carinho e dar força.

Eis a resposta à pergunta do título desta matéria: para ser homem não é preciso ser ignorante, não querer ajudar e não sentir piedade, ternura, compaixão e empatia.

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Colaborador

Marcelo Rangel / Arte: Eder Santos