Gordura trans deve sair da mesa do brasileiro

Anvisa prevê o banimento da substância em alimentos até 2023. Ela causa 500 mil mortes por ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde

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Uma das principais vilãs da alimentação já tem data para sumir da mesa dos brasileiros. A gordura trans industrial deverá ser banida no Brasil até 2023, segundo resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovada no fim de dezembro de 2019.

A gordura trans industrial ou gordura vegetal hidrogenada está associada a problemas de saúde, como o entupimento de artérias que irrigam o coração, aumentando o risco de morte por doenças cardiovasculares como derrame e infarto. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gordura trans causa cerca de 500 mil mortes por ano e pelo menos 5 bilhões de pessoas em todo o mundo convivem com os riscos de desenvolver doenças associadas ao uso do produto.
A norma da Anvisa será implantada em três fases. A primeira estabelece limites de gorduras trans na produção de óleos refinados, limitando a quantidade a 2%. A restrição passa a vigorar a partir de 1º de julho de 2021. Na mesma data, a segunda fase da norma entrará em vigor com o limite de 2% de gorduras trans industriais do total de gordura presente em alimentos em geral, industrializados e comercializados. A restrição vai vigorar de 1º de julho de 2021 a 1º de janeiro de 2023, quando, finalmente, essa gordura será banida dos alimentos no Brasil.

O que é?
A gordura trans industrial é produzida durante um processo que transforma o óleo vegetal líquido em gordura sólida a baixo custo. Ela é usada para conferir sabor e crocância aos alimentos e aumentar o prazo de validade dos produtos industrializados.

Onde?
Hoje, a gordura trans está presente na formulação de margarinas, biscoitos, pães, salgadinhos, bolos, massas instantâneas, sorvetes, chocolates, pratos congelados, pipocas de micro-ondas e vários alimentos industrializados. Essa gordura também é usada por restaurantes e vendedores ambulantes em alimentos fritos, como batata frita. Redes de fast-food vendem diversos tipos de alimentos com gordura trans.

Melhor evitar
De acordo com a Anvisa, evidências científicas apontam para o risco à saúde decorrentes do consumo de gordura trans, como aumento do colesterol ruim (LDL) no organismo e redução do colesterol bom (HDL). Por causa dos perigos à saúde humana, não há consenso sobre a quantidade segura para consumo.

Risco invisível
Segundo a legislação atual, alimentos com quantidade de gordura trans igual ou inferior a 0,2 grama por porção podem declarar zero gordura trans na tabela nutricional. Além disso, alimentos com até 0,1 grama por porção podem fazer alegações como “não contém gordura trans” ou “zero gordura trans”. Assim, muitas marcas usam essa brecha na lei para confundir os consumidores. O problema é que a gordura trans está presente e vale lembrar que muitas pessoas ingerem uma quantidade maior do que a porção recomendada.

Proteja-se
O que você pode fazer para evitar o consumo de gordura trans? Uma dica do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) é ler a lista de ingredientes na embalagem do produto e procurar outros nomes dados à gordura trans como “gordura vegetal hidrogenada”, “gordura parcialmente hidrogenada”, “óleo vegetal hidrogenado” e “hidrogenado”. Há outros ingredientes que podem conter gordura trans, como gordura vegetal, margarina e creme vegetal. Na dúvida, evite esses produtos e busque alimentos frescos e naturais. A sua saúde agradece.

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Colaborador

Rê Campbell / Foto: Getty Images