Golpe do boleto falso: criminosos usam de e-mails a ligações

Se algo se multiplicou durante a pandemia, foi o número de golpes financeiros. Os criminosos se atualizaram, se reinventaram e descobriram inúmeras formas de tirar dinheiro das vítimas utilizando a internet. Pix, aplicativos de mensagens, cartão por aproximação e outras plataformas se transformaram em um risco para o brasileiro e uma fonte de renda para quadrilhas que atuam em todo o País. E, entre tantas modalidades, está o golpe do boleto falso, que se apresenta de diferentes maneiras.

Nas últimas semanas, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (PGE/SP) emitiu um alerta afirmando que criminosos estavam ligando para os contribuintes falando sobre um suposto desconto no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), mas, na verdade, a quadrilha levava a vítima a pagar um boleto falso. A PGE/SP destacou que não entra em contato com contribuintes e que os boletos são emitidos diretamente através de seu site oficial – portal.pge.sp.gov.br, no caso de São Paulo.

De acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, no primeiro semestre deste ano foram registrados 1,9 milhão de golpes financeiros, número que representa um aumento de 15% em comparação ao mesmo período do ano passado. Diante desse cenário, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor de São Paulo (Procon/SP) notificou bancos e instituições financeiras, cobrando informações sobre “os mecanismos de segurança disponibilizados para que o consumidor possa consultar a autenticidade dos boletos”.

Caí no golpe. e agora?
“A primeira coisa que a pessoa deve fazer ao pagar um boleto falso é registrar um boletim de ocorrência, porque ela foi vítima de um crime”, explica o especialista em direito bancário Rafael Rocha Filho. O advogado alerta para a importância de guardar todos os documentos que envolvem o caso, como comprovantes de pagamento, o boleto enviado e o e-mail ou a mensagem que encaminhou o boleto fraudulento. “É possível ainda fazer uma ata notarial em cartório, onde ela vai registrar esses documentos eletrônicos que vai dar ainda mais veracidade”, comenta.

Uma alternativa seria a vítima procurar a instituição bancária para a qual foi efetuado o pagamento, buscando uma solução amigável, como estorno do valor ou restituição. “Se não houver sucesso, com os documentos em mãos será possível entrar com a ação judicial. Por isso é importante que o consumidor guarde o máximo de documentos possível”, explica Filho.

Vale ressaltar que a Justiça analisa caso a caso e, dependendo da situação, pode ser favorável à vítima ou não. Vai depender das circunstâncias em que o crime foi cometido.

O especialista lembra ainda que o processo não é rápido e nem barato: “A pessoa terá custos com a Justiça, custos com o próprio advogado e leva tempo. Hoje, um processo no Brasil, dificilmente, termina em menos de um ano”. Assim, prevenir é o melhor remédio.

Confira, na ilustração, as dicas para estar sempre alerta a esse perigo.